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“O Oceanário não está só em Lisboa”. Projetos de conservação em exposição no Paredão de Cascais.
O Oceanário de Lisboa sai da capital e ruma a Cascais para apresentar uma exposição com o mote “O Oceanário não está só em Lisboa”. Até dia 15 de outubro, quem passear pelo paredão de Cascais pode conhecer 11 projetos de conservação apoiados pelo Oceanário de Lisboa e participar nas várias atividades educativas para escolas e para o público em geral.
Há mais de 20 anos que o Oceanário apoia vários projetos que contribuem para a proteção da biodiversidade e para um oceano saudável. Do Porto aos Açores, de São Tomé ao Brasil, passando pelas Canárias, a exposição tem como objetivo mostrar o papel do Oceanário na conservação da Natureza, não só em Lisboa, mas também fora de portas.
Através de um conjunto de atividades lúdico-pedagógicas, que incentivam a criatividade e o divertimento, e de visitas guiadas à exposição, a equipa de educadores marinhos vai sensibilizar para a necessidade de alteração de comportamentos, com vista à proteção do maior habitat do planeta. Os participantes vão compreender qual o seu papel na proteção destes ecossistemas e serão os responsáveis por definir as suas próprias estratégias para a conservação do oceano. Vão também aprender mais sobre as espécies que habitam a zona entre marés das praias rochosas de Cascais.
As atividades para as escolas arrancam a 3 de setembro e, a partir de 14 de setembro, aos fins de semana, o público em geral também pode participar. São gratuitas e têm lugar no espaço do Oceanário de Lisboa, que se encontra no paredão em Cascais, na Passagem inferior à Av. Marginal que liga ao Parque Palmela.
A conservação do oceano é uma responsabilidade de todos! AQ
Michael Cunningham
No caso do escritor norte-americano, a inspiração encontrou-a nos passeios matinais ao Parque Marechal Carmona ou nas tardes passadas na baía, junto à Praia dos Pescadores. “Cascais, literalmente, salvou o livro”, confessou o vencedor do Prémio Pulitzer para ficção, adiantando que conseguiu completar um terço do manuscrito durante a estadia em Cascais que descreve como maravilhosa. Antes de regressar a Nova-Iorque, o autor de “As Horas”, o seu romance mais conhecido e que foi adaptado, em 2002 para o cinema, falou-nos da sua experiência em Cascais, do papel de escritor no mundo de hoje, do processo de criação e da sua obra, para além de deixar alguns conselhos aos novos escritores.
Nos seus romances transforma vidas triviais em algo extraordinário. É esse o papel do escritor, complicar o mundo? Penso que uma das obrigações de quem escreve ficção é a de insistir de que não existem vidas triviais. Existem apenas formas inadequadas de ver a vida das pessoas. Uma das razões porque gosto de escritores como Virgínia Woolf é porque ela é uma das primeiras escritoras, juntamente com Flaubert e James Joyce, a insistir que a história de cada um é uma história épica. Mesmo se olharmos de fora para as pessoas comuns, com as suas vidas comuns, percebemos que não existem pessoas nem vidas vulgares.
Mas, o escritor também tem o dever de estar envolvido com o seu tempo, de se pronunciar sobre questões sociais e politicas? Não penso que os escritores tenham qualquer tipo de dever. Escrevem o que querem escrever. Já é bastante difícil escrever um livro sem alguém a dizer que deves fazer isto ou deves fazer aquilo. Penso que muitos dos livros que continuamos a gostar ao longo do tempo, são parte da história registada. Se quisermos estudar a Rússia do séc. XIX, leríamos histórias e biografias, mas também deveríamos ler Tchecov, Tolstoi e Dostoiévski porque eles registaram como era viver naquela época. De um historiador recebemos Napoleão a invadir Moscovo, mas de um romancista recebemos um soldado a morrer de frio durante a retirada e sem o romancista o soldado está perdido.
E nos Estados Unidos da América os escritores têm sido uma voz critica face ao sistema? Tenho sido surpreendido pelo quanto a ficção americana parece desenvolver-se numa espécie de “vazio político”, o que nunca seria o caso num romance sul-americano, num romance africano e provavelmente num romance português. Tem sido muito fácil para os escritores americanos imaginarem que quem está no poder não faz parte da sua vida diária e que de certa forma vivemos afastados não só de quem está no governo como de quem dirige as corporações. Vamos ver o que os novos romancistas estão a escrever agora, mas penso que é cada vez mais impossível que alguém que esteja na América imagine que quem está no poder não tem nada a ver com o que se passa na nossa vida e na nossa casa. Por isso são bem-vindos os romances mais envolvidos com a política.
Há quem defenda que estamos perante uma crise inspiracional e que a arte em geral está muito dependente de financiamento. Concorda? Penso que estamos no meio de uma crise enorme. Mas continuo a ler novos livros de novos autores que são fantásticos. Não sinto que os artistas estão a falhar, sinto que as instituições e os governos estão a falhar, mas os artistas estão a erguer-se. No que se refere ao financiamento, os escritores não têm dinheiro. Somos pobres mas puros (risos). Certamente, outras formas de arte, como a arte visual, estão muito mais suscetíveis a serem controladas pelo dinheiro agora. Essa é outra das forças que temos de combater. Sejam todos bem-vindos ao mundo, onde combatemos todos os dias (mais risos).
Um Cisne Selvagem [publicado em Portugal pela Gradiva] é o seu último livro, uma coletânea de contos publicado em 2015. Nele reescreve os contos de fadas que acompanharam a nossa infância, mas conferindo-lhe uma certa perversidade e crueza. Está a ficar com uma visão mais cínica do mundo? Se és um escritor estás em sarilhos se não fores cínico, mas também tens problemas se o fores demasiado. Vives entre dois polos, não queres ser totalmente otimista, mas se fores completamente cínico porque é que à partida escreverias um romance? No Cisne Selvagem sinto que apenas fui mais específico sobre a perversidade e o lado negro que já existia nas histórias originais. E colocando algumas questões que os autores dos contos de fadas não perguntaram. Quando era criança a minha mãe lia-me os contos de fada em que a princesa e o príncipe casavam e iam para o castelo e eu dizia: “Continua!”. E ela dizia: “É isto”. E eu: “Não pode ser só isto! O que acontece a seguir? E se ela não gostar do castelo? E se ele se apaixonar por outra pessoas?”. E ela respondia: “Este é o fim querido, vai para a cama”. Então reescrevi esses contos de forma a responder a algumas questões sobre o que acontece depois do “ E foram felizes para sempre”.
Mas as histórias são sempre as mesmas. Já em “ As Horas” também reescreveu a história de Mrs. Dalloway, de Virgina Woolf. O escritor está condenado a contar a mesma história mas de forma diferente? Penso que como escritores estamos sempre a tentar encontrar novas maneiras de contar velhas histórias. Mesmo um génio como Pessoa escreveu a história das nossas vidas, de como sobrevivemos aos dias, como vivemos no mundo. Li Mrs. Dalloway quando tinha, talvez, 15 anos e mexeu comigo. Não compreendi o livro, mas consegui ver a musicalidade e beleza daquelas frases. Comecei, então, a ler livros mais sérios e iniciei-me ali, como leitor. Um caminho que eventualmente me conduziu a que me tornasse escritor mais tarde.
Já conhecia Fernando Pessoa antes de vir para Portugal? Já tinha ouvido falar, mas nunca tinha lido. Comecei com o “Livro do Desassossego”, continuei com a “Poesia” e foi revelador. Tenho dito aos meus amigos de Nova Iorque que têm que ler Pessoa. Se alguém me pedisse para descrever o seu trabalho, não teria como dizer é como este ou como aquele, não teria a quem o comparar. Deve ser talvez a maior distinção que se pode oferecer a um artista: não ter ninguém a quem o comparar, é tão igual a si próprio.
E para além do conhecimento da obra de Fernando Pessoa, o que é que esta estadia em Cascais lhe tem trazido? É tão bom estar numa paisagem diferente por algum tempo. Acorda-te. Vês as coisas de forma diferente. O céu é diferente, as nuvens são um pouco diferentes, tudo é um pouco diferente e isso é fantástico para um escritor porque queres-te sentir assim onde vives.
Quais são os seus lugares favoritos? Há o fantástico Parque [Marechal Carmona] com os pavões e as galinhas, onde vou quase todos os dias. À tarde gosto de caminhar até à baía. Adoro aquela pequena praia junto à baía. É como se toda a vila lá estivesse. Há adolescentes a jogar voleibol, meninas a fazer a roda, pessoas em cadeiras de praia. Cascais é um sítio fantástico e há algo de mágico nele. Já deixei de me ver como um turista e comecei a sentir que vivo aqui, por agora.
Como é um dia na vida de Michael Cunningham? Oh, não tenho uma vida muito glamorosa (risos). Levanto-me e vou para o meu estúdio – também tenho um estúdio em Nova Iorque – e trabalho por 5 ou 6 horas. Preciso de ir diretamente para o trabalho quando acordo. É quase como se tivesse que passar do sono e do sonho diretamente para este mundo inventado. Então, aqui como em Nova Iorque, vou diretamente para o estúdio. A diferença de estar aqui é que quase não tenho distrações, não tenho compromissos, não tenho nada. Portanto tenho vivido em Cascais como se estivesse dentro do romance. Acordo à noite para escrever mais, é quase como se estivesse em dois países estrangeiros interligados: Portugal e o livro. Sinto realmente que este presente muito generoso da Fundação D. Luís de certa forma salvou este livro. Literalmente, ofereceram-me este tempo que me permitiu viver dentro do livro e isso fez uma grande diferença.
Considera que estas iniciativas como as residências para escritores são importantes? Penso que para algumas pessoas as residências de escritores são literalmente uma tábua de salvação. Há escritores que precisam de ser libertados das suas vidas por um tempo para se dedicarem à escrita. Faz a diferença se um governo ou uma fundação consideram que a arte é importante. Vindo eu de um país que gasta biliões em armamento e nada em arte, posso dizer que isto não é um grande sinal sobre onde residem as prioridades do país. E uma das muitas coisas satisfatórias de estar aqui é estar num sítio que leva mais a sério o que artistas estão a fazer. Espero que isto não soe demasiado pretensioso, mas estas iniciativas são um investimento não só no escritor, mas também na vida que o livro possa ter depois. Nunca se sabe se alguém pode ficar aqui durante dois meses e escrever um livro grandioso capaz de provocar mudanças no mundo. Portanto é um investimento muito maior do que apenas no escritor, também é nos leitores.
O que diria a alguém que queira ser escritor? O único conselho de que me lembro é: “não desistam”. Normalmente leva muito mais tempo do que se imagina a sentirmo-nos bem com aquilo que escrevemos e a ter algum tipo de reconhecimento. Demorei quase dez anos até começar a publicar. Houve tempos em que pensava “Meu Deus, já tenho 28 anos e nada acontece”. Já vi escritores a desistirem, a afastarem-se e a arranjarem um trabalho mais sensato. Mas eu acredito verdadeiramente que se tens algum dom para isso e continuares a fazê-lo, algo vai acontecer. Tenham fé. E façam o melhor que puderem para explicar aos pais porque é que se continua falido aos 30 anos. E sejam mais determinados a escrever do que as forças que vos fariam parar. Continuem a bater à porta até que finalmente alguém abra e vos deixe entrar. Demore o tempo que demorar.
Paula Lamares
Parque Marechal Carmona tem novo anfiteatro






O Parque Marechal Carmona, um dos mais emblemáticos espaços verdes de Cascais, conta a partir desta quarta-feira com um novo anfiteatro ao ar livre, junto ao “Caracol”, com cerca de 150 lugares.
O espaço desenhado e construído pela DGEV - Divisão de Gestão da Estrutura Verde da Câmara Municipal de Cascais - tem formato de meia-lua e um palco central no piso mais baixo que serve de praça de acolhimento.
Os materiais utilizados na obra procuram, por um lado, respeitar o ambiente e, por outro, ir ao encontro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) Cascais 2030.
“Esta é muito mais do que uma obra. Vem carregada de simbolismo, porque aqui está plasmada a circularidade. Por exemplo, a pedra utilizada vem do próprio parque, foi reaproveitada, a madeira, que não é madeira, é plástico reciclado e as plantas vêm dos viveiros da Câmara. Estamos a respirar, entre outras coisas, consciência ambiental”, frisa Joana Balsemão, vereadora da autarquia.
Este anfiteatro desenvolve-se em patamares de largura variável que servem de banco. Tira-se, assim, partido da orografia do terreno e da presença de algumas árvores de grande porte que integram os patamares.
O Parque Marechal Carmona, localizado bem perto do centro de Cascais, conta agora com um local que permite a realização de espetáculos intimistas de música, teatro e outros. SJ
Cascais faz primeira vindima em vinha comunitária





O Programa Terras de Cascais dá lugar não só a hortas, a pomares, mas também a vinhas. A Quinta da Bela Vista é apenas a primeira vinha a produzir vinho de Carcavelos, mas segue-se a do Murtal.
“Dado o entusiasmo enorme à volta das hortas comunitárias, alargámos a oferta para as vinhas. Temos 19 lotes atribuídos e 100 pessoas à espera de uma vinha. A responsabilidade da manutenção será dos viticultores e no final teremos vinho”, frisa André Miguel, chefe de divisão das Terras de Cascais.
Para além das vinhas comunitárias existe ainda uma vinha no Mosteiro de Santa Maria do Mar. Neste, localizado em Sassoeiros e adquirido pela autarquia em setembro do ano passado, a vinha com cerca de 2,7 hectares está a ser revalorizada. Esta intenção da Cascais Ambiente, liderada pela equipa das Terras de Cascais, surge da necessidade de proteger o potencial de produção do vinho de Carcavelos desta quinta.
“É uma forma de nós irmos reinventando e adaptando o espaço urbano. Sabemos o quanto é importante aproveitar a terra, por exemplo, esta terra não produzia nada e agora está a produzir uvas e todo um conjunto de horticultura”, termina Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais.
Concurso de Conceção do Projeto Escola de Cascais
O concurso público de conceção para a Elaboração do Projeto Escola de Cascais é promovido pela Câmara Municipal de Cascais e conta com a assessoria técnica da OASRS. O valor base de contratação é de € 674.000,00 (seiscentos e setenta e quatro mil euros).
A Escola Secundária de Cascais encontra-se em instalações provisórias há mais de 40 anos e face à contínua degradação do edificado, sem que houvesse perspetiva de investimento por parte do Ministério da Educação, o Município de Cascais, no âmbito da Carta Educativa do Concelho de Cascais aprovada em 2018, iniciou um processo negocial com aquele Ministério para celebrar um Acordo global de requalificação dos estabelecimentos de ensino básico (2º/3º ciclo) e secundário do concelho.
Este Acordo foi celebrado em 19 de julho de 2019, com um investimento municipal total estimado de 40 milhões de euros na requalificação de 11 estabelecimentos de ensino, mas define como primeira prioridade a construção da nova Escola de Cascais.
Em 2019, a resolução deste problema quadragenário é assim assumida pelo Município de Cascais, e alargada a ambição: para além de uma construção renovada, pretende-se um programa educativo contemporâneo com as respetivas valências, bem como uma alteração de programa funcional para abranger também o ensino básico.
A nova construção deve constituir-se como elemento estruturante do espaço público em que se insere, com uma imagem bem identificada sob o ponto de vista arquitetónico e que alcance um impacto público positivo.
O valor máximo estimado para o custo global da intervenção, incluindo edifício e espaços exteriores: € 11.400.000,00 (onze milhões e quatrocentos mil euros) + IVA.
Mais informação aqui : https://www.cascais.pt/concurso-de-concecao-do-projeto-escola-de-cascais
Cascais e o Mar









Esta relação com o Mar, quer por força da sua localização geográfica, quer pela cultura que lhe está subjacente, da vila piscatória à vila aristocrata, o mar sempre como centro da atividade económica, uma atividade assente no trabalho, mas também no lazer e no desporto.
Dos autores recorde-se que esta dupla, Manuel Eugénio e José Fialho têm uma vasta obra publicada, sempre em torno da história de Cascais e/ou das suas Associações. No que diz respeito ao mar destaca-se a obra Naufrágios e Acidentes Marítimos no Litoral Cascalense, editado em 2015, também pela União de Freguesias de Cascais e Estoril
Cascais homenageia os Delfins com canções “vestidas a rigor”














Primeiro estranha-se, depois entranha-se. Às 22 horas em ponto soavam os primeiros acordes do grande clássico dos Delfins “Baía de Cascais”. Só que desta vez não estava, por enquanto, nem o Miguel Ângelo nem nenhum dos restantes membros dos Delfins. No palco perfilavam-se 90 músicos da Sinfónica de Cascais. A noite estava ainda a começar. Um a um foram desfilando no palco, os muitos convidados de peso que aceitaram o desafio de Cascais de acompanharem a orquestra nesta homenagem aos Delfins.
A Sinfónica abriu com chave de ouro ao tocar a versão instrumental de uma canção Pop que haveria de levar o nome da “A Baía de Cascais” bem longe. Depois, foi a vez de Olavo Bilac, Ana Bacalhau; Miguel Gameiro, Joana Espadinha, Héber Marques, Miguel Gameiro e João Pedro Pais acompanharem a Sinfónica. “A Nossa Vez”, “Marcha dos Desalinhados”, “Só Céu”, “Não vou ficar” e “Ao Passar um Navio”, todos com arranjos para orquestra do maestro Nikolay Lalov que também dirigiu a orquestra.
“Eu pedia a toda a gente que iluminasse com os telemóveis e fossemos todos maiores. Vamos iluminar Cascais. Portugal em cima”, pediu Olavo Bilac às milhares de pessoas. A música, essa só podia “Ser Maior”, outra grande canção intemporal dos Delfins. Que com a orquestra, os arranjos especiais da Sinfónica e a voz ao mesmo tempo sublime e etérea de Bilac tornaram ainda mais especial. Mais única. Mais Delfins.
“Faz 23 anos que não canto esta canção” confessou emocionado João Pedro Pais já em palco e a quem coube interpretar “ Ao Passar um Navio”, sempre acompanhado pelo público, num dos momentos inesquecíveis deste concerto. A prova viva de que as músicas dos Delfins “Ao passarem uma vida” não são afinal “sempre iguais”, mas sempre genuinamente diferentes. E talvez, seja esse o segredo da sua longevidade porque se adaptam aos tempos e às aspirações de cada geração. Não foi por acaso que os convidados deste concerto fazem eles próprios parte de diferentes geraçoes de musicos, alguns ainda não nascidos quando há 35 anos os Delfins nasciam em Cascais.
“ Hoje venho aqui só para agradecer. Aos milhares que encheram a baía durante estes dez dias de Festas do Mar sempre com muita paixão, emoção e amor a Cascais e, por fazerem este enquadramento esta baía mais bonita do mundo”, referiu Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais que subiu ao palco para homenagear a banda que fez de Cascais o abrigo e o porto seguro da sua carreira.
“ Cascais presta hoje esta justa homenagem aos que imortalizaram esta Baía e que nos têm feito sonhar e viajar com as suas músicas ao longo destes anos”, acrescentou o Presidente ao oferecer a cada um dos músicos da banda uma placa evocativa desta noite.
Carlos Carreiras não quis de deixar de distinguir também o trabalho dos jovens de Cascais, em especial, aos mais de 2000 jovens voluntários que prestam o seu trabalho ao longo do ano, nos vários programas municipais.
E foi então que os Delfins subiram ao mesmo palco que há 10 anos ditou o seu último concerto da longa carreira ativa, desta vez para oferecerem aos milhares de fãs as suas “canções vestidas a rigor” com os arranjos da Sinfónica de Cascais.
“Bandeira” deu o mote para o início, trazendo “Muitas memórias de viagens, de partidas e chegadas a esta Baía”, como afirmou Miguel Ângelo que sempre demonstrou “Saber Amar” Cascais. Por isso também o TEC – Teatro Experimental de Cascais, não ficou de fora desta noite de emoção. Com “Solta os Prisioneiros” os Delfins prestaram uma homenagem a uma das instituições mais antigas do municipio e “onde esta canção nasceu”.
De 1988, e fazendo parte do segundo álbum dos Delfins, lançado também aqui, na Festa dos Pescadores (antepassada destas Festas do Mar), “Aquele Inverno”, com arranjos da orquestra, protagonizou outro dos momentos emblemáticos desse domingo. Seguiu-se “A Queda de um Anjo”, “Um Lugar ao Sol”, “ A Cor Azul” e “Som Como Um Rio” de uma carreira “recheada de coisas boas” como afirmou Miguel Ângelo: "Daquelas canções simples, mas que são muito difíceis de fazer". Outro dos momentos mais marcantes da noite seria com “Nasce Selvagem”, num diálogo musical único entre os Delfins, o Tim e a Sinfónica de Cascais.
“Toda a gente no público percebeu que no palco nos divertimos imenso. Todos os músicos cantaram e dançaram. Eu próprio dancei. Até me gravaram para mostrar ao neto”, afirmou o maestro Nikolay Lalov instantes após descer do palco e ainda com as emoções à flor da pele. Um maestro que tem vindo a provar que uma orquestra “não tem que ter só um repertório clássico” já que “ qualquer música pode ser tocada desde que tenha qualidade”.
“Esta noite foi uma noite mágica, especial e irrepetível”, disse Miguel Ângelo após o concerto, referindo-se aos “magníficos arranjos” que a Sinfónica fez não só para os Delfins como para os convidados.
A noite acabou da melhor forma com fogo de artíficio ao som da Sinfónica de Cascais. Para mais tarde recordar. (PL)
The Gift: cantar até a voz doer












The Gift: Este não é um simples “Verão”
The Gift começaram a aquecer o público com dois temas – “Sol” e “Cabin” do seu mais recente álbum “Verão”. Este álbum aparece seis anos após “Primavera”, mas não é, necessariamente, uma continuidade. Fruto da parceria com o conhecido produtor Brian Eno, que já tinha colaborado com a banda portuguesa no disco "Altar"(2017), este é um “Verão” diferente do mar e das cores vivas do sol, da pele salgada e as paixões fugidias. Um “Verão” mais melancólico, de brisas suaves, onde o preto e branco dá lugar ao azul-escuro. Ao sépia. Ao calor visto desde dentro. Uma vertente mais intimista, por parte de uma banda que nos habituou a uma vocação épica.
“Verão” é bem a prova da capacidade de reinvenção constante de uma banda que não acusa qualquer desgaste, duas décadas após o mítico concerto na Aula Magna, em Lisboa, onde revelaram o seu álbum de estreia, “Vinyl”.
Sara Tavares já tinha afirmado que “Verão” é um disco complexo, intenso e o mais introspetivo dos álbuns da banda. Depois do impactante “Altar”, este “Verão” traz mais lembranças dos The Gift da primeira década de vida. O piano é o elemento central, a bateria é exclusivamente eletrónica, há duas faixas em português, e muitas cordas. É o caso de “Cabin” o segundo tema deste espetáculo.
Mas, seria só com o tema seguinte “Primavera” do carismático álbum “Explode”, que estava encontrado o primeiro ponto alto do concerto, com Sónia Tavares a pedir “mil estrelas” ao público que respondeu com as luzes do telemóvel em punho e a cantar o refrão em uníssono.
“Verão” seguir-se-ia, mais melancólico, quase um anticlímax, uma promessa de “uma amanhã melhor”, com Sara Tavares a alertar o público para o novo videoclip do tema que dá nome ao último álbum.
Presentes estiveram também temas do incontornável “Altar” como “Love Without Violins” e “Big Fish”, fruto da primeira colaboração com o produtor Brian Eno.
O velhinho “OK” do primeiro álbum da banda “Vinyl” também teve lugar neste espetáculo de celebração da carreira de uma das bandas mais sólidas do panorama Pop português. Mas, também não seria esquecido o dançável “Driving”, do álbum “Fácil de Entender” (2oo6),com os néons do palco a condizer para uma atmosfera puramente Pop.
E, depois, a explosão acontece com “Vulcão”, ainda do último álbum homónimo, recebido com uma grande ovação do público que mostrou seguir a par e passo as últimas criações dos The Gift. Neste “Vulcão”, o entrelaçar de cordas com a bateria eletrónica, o coro quase gospel, o piano e a voz de Sónia Tavares numa interpretação impressionante, criaram outro dos momentos especiais do concerto.
“ Juntos sou eu, só eu/ juntos sou eu, só eu/ juntos sou eu”, o “Clássico” da banda não podia faltar e todos juntos, Sara e público, entoaram uma das melodias mais bonitas do Pop luso.
Foi, logo após, que Nuno Gonçalves revelou uma história que deixaria qualquer cascalense orgulhoso: “ Cascais foi super importante na história recente da banda. Andávamos cansados e um pouco desavisados uns com os outros quando nos convidaram para vir passar um fim de semana a Cascais. Só sei que no fim saímos daqui renovados e unidos como nunca”, confessou o músico. Uma excelente introdução para a música que se seguiria.
Não queremos ser tendenciosos mas “Impressiveness”, num registo oposto ao de “Vulcão”, musicalmente introspetivo, denso e cheio tensão, revelou uma sonoridade ainda mais Gift se assim se pode dizer e produziu um daqueles momentos que, certamente, ficará na memória dos milhares que assistiram ao concerto. Como não gostar dos The Gift?
Terminado o espetáculo foi a vez dos encore... e ninguém queria que acabasse, o que "É Fácil de Entender", com o público completamente rendido à voz e ao carisma de Sónia Tavares. A cantora ainda brindou a audiência com "Gaivota", trazendo a saudosa lembrança da voz de Amália Rodrigues.
Este foi, definitivamente, um concerto para quem gosta de música eletrónica, teclados, cordas, e sobretudo, canções Pop. O melhor do Pop que se declina em português e se conjuga com talento e inventividade.
"Cada vez que vimos a Cascais levamos com uma lufada de ar fresco e voltamos sempre muito bem dispostos", confessou Sónia Tavares, momentos depois de deixar o palco. Que volte sempre. O público e Cascais agradecem.
A Alma Portuguesa dos Mur Mur
Estamos habituados a ver Sandra Celas noutros palcos, os da representação. Este sábado, o público das Festas do Mar teve oportunidade de apreciar outros talentos da atriz, como vocalista dos Mur Mur. Um projeto musical ainda recente, já com um álbum editado este ano, "Rio Invisível". Os Mur Mur possuem já uma sonoridade muito própria que mistura o Pop urbano com a alma portuguesa. O resultado são temas originais que falam da nossa tradição como "Lisboa", "Nevoeiro" e "Janela", ou de outros, como "Sete Naves", dos GNR.
"As Canções da Maria" deram música aos mais novos
Os concertos infantis fazem já parte das Festas do Mar e são sempre bastante concorridos. Este sábado a animação coube às Canções da Maria, uma banda cascalense que nasce no seio da familia e com um propósito verdadeiramente pedagógico. " Ensinar a matéria escolar através da musica é muito mais fácil e agradável de aprender", afirma Maria e as filhas Mathilde e Manon concordam. " Já houve quem tivesse tido 98% no teste de História por causa das nossas canções", garantiu, ainda, Mathilde. (PL)
Uma noite electrizante com Amor














AMOR ELECTRO: A Cumplicidade Musical e Humana num concerto que foi também uma homenagem
“Tens de conseguir ver mais/Ser imortal está no limite” foi assim que os Amor Electro começaram o concerto. A voz carismática e metálica (quase não-mortal) de Marisa Liz e gente a perder de vista, sem “Alternativa” que não fosse deixar-se ir nessa magia pura e dura. A Baía de Cascais estava só a começar a sua viagem eletrizante.
Em seguida, o público deixou-se “embalar” como a canção, numa revisita eletrónica da criação de José Afonso. A figura, aparentemente, frágil de Marisa Liz encerra uma presença em palco também ela “maior que a vida”. De facto é a voz e carisma da vocalista dos Amor Electro que funciona como o fio condutor da corrente de boa energia, um dos pontos fortes do grupo e que eles não se cansam de transmitir aos fãs.
“Mar Salgado” e “A Nossa Casa” continuaram num registo mais íntimo, com bastante tensão emocional, mostrando bem porque é que os Amor Electro são das bandas mais sólidas no terreno Pop nacional. E quando veio a “Miúda do Café” já estava tudo mais do que desperto e, os braços no ar “bem cá em cima” como pediu Marisa, já não iriam baixar-se até ao final.
Com “Vai dar confusão”, um dos temas mais recentes da banda (2019), as vibes do synth-pop e funk convidaram à dança e o público respondeu de imediato a este “remake” às dúvidas existenciais que nos assolam na vida e para as quais nem sempre encontramos respostas.
Foi antes de “A Máquina” que se assistiu ao momento mais emocional do concerto e, talvez, desta edição das Festas do Mar. Quando Marisa Liz, numa voz embargada prestou homenagem ao recentemente falecido Rui Rechena, baixista da banda. A vocalista pediu, assim, uma salva de palmas ao público que também dedicou às filhas do músico presentes na assistência. A reação do público foi incrível, numa justa homenagem ao homem, ao músico e a 40 anos de inspiração.
Os Amor Electro sabem como ninguém, misturar a modernidade com a tradição, as raízes populares e o Pop eletrónico. E depois, há estas canções. Como “Procura por Mim”, que desarmam pela simplicidade, ainda que seja muito complicado ser assim tão simples.
Milhares de pessoas em uníssono que não deixaram Marisa a cantar sozinha: “Só é dor se for vontade/ De agarrar/ Só é fogo se queimar/Só é felicidade/ Enquanto durar”.
Convidando todos a darem as mãos, Marisa Liz desafiou o público: “Então, malta, estão fortes? Preparados para o futuro? Então temos que mudar muita coisa… para melhor”, para logo soarem os acordes de “Juntos Somos Mais Fortes”. O hino-canção que é um dos maiores sucessos dos Amor Electro que foi adotado para hino da RTP a propósito do Europeu 2016 em França e o hino oficial do Comité Olímpico de Portugal para os Jogos Olímpicos do Brasil.
Já na fase dos encore, “Rosa de Sangue” e o cunho vocal e interpretativo inconfundível de Marisa Liz, ofereceram ao público de Cascais um concerto magnífico, numa noite memorável.
“ Simplesmente”, SÔ GONZALO
Nada melhor do que um contador de histórias e uma viola para preparar o ambiente eletrizante dos Amor Electro. Esta sexta-feira o papel coube a Sô Gonzalo, cantor e compositor cuja grande inspiração sempre foi Cascais e o mar. Foi, assim, com o mar ao lado que o músico cascalense desafiou o público a ouvir e dançar temas do seu álbum “Simplesmente”.
Se para Sô Gonzalo “ a música é comunicação” e “a magia dos concertos está no público”, foi isso mesmo que aconteceu neste final de tarde, no palco principal das Festas do Mar.
Habituado a palcos mais pequenos e com um registo mais intimista, deste concerto Sô Gonzalo, que nasceu e cresceu em Cascais, disse que o que lhe vai ficar na memória é “ a quantidade de gente conhecida que deu uma energia ótima ao concerto”, acrescentando que “É mesmo como se tivesse em minha casa. Já toquei na minha cozinha com esta gente”.
O concerto começou com bastante ritmo, em que o músico foi acompanhado pela banda, o que não é habitual, visto que costuma cantar sozinho com a sua viola, mas, terminou no registo intimista e mais emotivo que é a sua marca.
Sô Gonzalo conseguiu comunicar sempre com o público e a magia aconteceu, num final de dia em jeito de cenário perfeito, “Simplesmente”. (PL)
100% Cool vai premiar condutores nas Festas dos Mar
O 100% Cool, em parceria com a Polícia de Segurança Pública (PSP) e a Câmara Municipal de Cascais, vai desenvolver uma ação de sensibilização de condução segura, alertando e promovendo a não ingestão de álcool, junto dos condutores, durante as Festas do Mar.
A iniciativa, promovida pelo 100% Cool, vai premiar os condutores que registarem uma taxa de 0% de álcool. Desde o início do ano, o 100% Cool desenvolveu já diversas ações, em diferentes concelhos do país, durante as Festas Académicas, a par dos festivais de verão ou do período de férias, com centenas de condutores designados como 100% Cool.
O objetivo destas ações de sensibilização é reforçar a mensagem de prevenção e segurança rodoviária, ao lado das forças de segurança e de diversos parceiros, premiando os condutores com uma conduta exemplar ao volante.
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