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CE 2019 | As lições do passado

No último debate da sexta edição das Conferências do Estoril, José Luís Zapatero, ex-Primeiro Ministro da Espanha e José Manuel Barroso, antigo Presidente da Comissão Europeia e ex- Primeiro Ministro de Portugal, trouxeram para debate “As lições do passado”. Como é que olhando para a História podemos descobrir padrões que ajudam a entender o presente e a não repetir os erros no futuro.

“Sou muito europeísta, muito ibérico e muito otimista” começou por dizer José Luís Zapatero, ao congratular-se com o resultado das últimas eleições europeias em que 2/3 se pronunciaram com claridade pela Europa.  

 Zapatero explicou porque é que é um europeísta:  

“ Se a Europa não construir um projeto de mais união e integração, vai tornar-se num velho continente que murcha e que em 20 ou 30 anos ficará para trás, em relação a países como a China ou a India”.  

Mas, para isso, disse Zapatero, é necessário avançar mais nas políticas de integração, em áreas como a coesão social, o desenvolvimento, a segurança, as migrações e que respondam às mudanças tecnológicas.   

“ A Europa tem que ter a capacidade de se expressar no mundo como uma voz uníssona”, sublinhou o antigo Primeiro- Ministro da Espanha.

Também o ex-Presidente da Comissão Europeia não comunga do pessimismo que grassa naqueles que profetizaram a implosão do Euro e a saída da União Europeia por parte da Grécia, quando da crise das dívidas soberanas.

“ Também quero entrar para o clube dos otimistas anónimos”, exclamou Barroso, acrescentando, contudo, que “apesar da grande resistência da Europa, não quer dizer que esteja tudo bem. A União Europeia não é perfeita, nem o são as instituições europeias”.  

José Manuel Barroso, traçou um retrato realista do mundo global: “ Vivemos um mundo complexo, com uma China cada vez mais afirmativa, uma Rússia mais agressiva e uns EUA imprevisíveis.”

Por isso, afirmou “ Precisamos de uma Europa mais unida que proteja os seus valores”.   

Mas, para que a Europa consiga cumprir o seu papel e tornar-se relevante no panorama mundial, há que falar a uma só voz. Já que face a mercados globais como o chinês, só nos podemos impor à escala europeia. E sublinhou: “A União Europeia tem que avançar porque a globalização exige mais Europa”

Contudo, José Manuel Barroso admitiu limites no que se refere ao projeto Europeu: “ Há limites na questão de politização da União Europeia. Nós não somos os Estados Unidos da Europa. Não podemos transpor diretamente para a União Europeia, os mecanismos e as instituições democráticas próprias dos estados membros.”

“ Somos um projeto de paz e isso é o bem mais sagrado mas se queremos manter a prosperidade temos que harmonizar os Estados e as instituições europeias”

E quais são as áreas em que a Europa tem de exigir mais integração, sob pena de sermos ultrapassados por outros países emergentes da Ásia? O ex-Presidente da Comissão Europeia respondeu:

“ Temos que concluir a arquitetura do euro porque um dia virá uma nova crise financeira e temos que estar preparados, mas também é exigida uma política mais integrada no que se refere às fronteiras, à migração e à segurança comum, assim como um maior investimento nas tecnologias do futuro e da inteligência artificial”.

A necessidade de um mercado único digital foi também apontado como uma urgência porque não é possível enfrentar a globalização se tivermos 28 regulamentações diferentes nessa matéria.

Sobre as dificuldades de pedir aos Estados membros mais integração e menos soberania, José Manuel Barroso sublinhou: “ Temos de ter a inteligência coletiva de conciliar as diferentes culturas nacionais num projeto comum, preservando as diferenças. E para que isso aconteça é preciso uma liderança forte”, acrescentando que “ Somos uma união de democracias e as decisões dependem de consensos e em certas matérias de unanimidade. Isso é por vezes, frustrantemente lento”.  

Miguel Pinto Luz, vereador da Câmara Municipal de Cascais e moderador deste debate lançou a questão quente:

Estariam disponíveis para aumentar a contribuição dos Orçamentos nacionais para um orçamento europeu mais robusto e dar um passo mais adiante na defesa comum?

Para Zapatero, não podemos nunca duvidar dos nossos principais valores europeus da democracia do pluralismo, da independência do poder judicial, da integração dos migrantes, uma sociedade aberta em relação ao mundo nas vertentes económica, cultural e social.

“Ninguém nos vai levar a sério se não formos capazes de defender a Europa e os valores da Europa”, conclui o ex-Primeiro Ministro espanhol.  

Para o Ex-Primeiro Ministro de Portugal, os partidos tradicionais nem sempre foram capazes de colocar na agenda as grandes questões que preocupam os europeus, sobretudo os jovens, como sejam as alterações climáticas e os desafios colocados pela tecnologia.

Isso pode explicar o crescimento dos nacionalismos e dos populismos, mas também o crescimento de partidos pró-Europa, como os Verdes.

Mas, para Barroso “ a democracia europeia provou ser capaz de integrar uma variedade maior de aspirações, ao assimilar dentro do sistema, partidos que eram anti-sistema  e que vêm dos extremos do espectro político bipolar de esquerda e de direita.

Como conclusão do último painel desta edição das Conferências do Estoril, o que aqui foi pedido é comum à maioria dos debates que aconteceram no palco da Nova SBE:

“Mais Europa”, “mais urgência na ação”, “ mais sensibilidade para com o outro”, “ninguém pode ficar para trás” ou “Façam barulho”. Hoje, mais do que nunca o debate mostra a força da palavra para MUDAR O MUNDO. (PL)  

 

CONFERÊNCIAS DO ESTORIL | Organizadas a cada dois anos, com o compromisso de promover debates racionais e escolhas informadas, as Conferências do Estoril vão na sua sexta edição procuram soluções locais para desafios locais. A organização da edição 2019 está a cargo do Estoril Institute for Global Dialogue, Câmara Municipal de Cascais e Nova School of Business and Economics com a parceria de diversas entidades e voluntários (mais info)

CE 2019 | A tecnologia está a mudar a política para melhor ou para pior?

A tecnologia está a mudar a política para melhor ou para pior? A tecnologia ajuda as pessoas a envolver-se na política através das petições? Isto era certo até certo ponto, mas com as eleições brasileiras e americanas a atitude otimista que começou com a Primavera Árabe, mudou. A tecnologia é hoje uma ameaça à democracia? Até que ponto devemos prescindir do direito à liberdade de expressão que são o fundamento das redes sociais, em nome da defesa de outros direitos humanos?

Hoje em dia a tecnologia infiltra-se nos media, nos sindicatos e partidos e em todas as dimensões da sociedade. A tecnologia tem o poder de mudar a forma como se influencia a opinião pública, faz ganhar ou perder eleições. Como podemos nós controlar e regular a tecnologia? Como regular a internet? E como se protegem os dados pessoais? Daqui a 10 anos onde estaremos, no que se refere à inteligência artificial e às novas questões éticas que se colocam?

Esta é a discussão que esteve em cima da mesa numa das tardes mais quentes desta sexta edição das Conferências do Estoril. Para dar contributos ao debate, estiveram Sofia Colares Alves, Chefe de Representação da Comissão Europeia em Portugal e Jamie Bartlett, escritor e jornalista britânico com vários livros publicados sobre estas questões.

Sobre a experiência nas últimas eleições europeias, no que se refere à possível interferência das redes sociais nos resultados, não se verificou o mesmo que aconteceu nas eleições americanas e brasileiras, garantiu Sofia Alves.

“Muitas coisas foram feitas diferentes do ponto de vista da União Europeia. Trabalhámos muito para manter a integridade das eleições mas ainda estamos a analisar os dados para perceber o que aconteceu em relação as redes sociais”, afirmou a representante em Portugal da Comissão Europeia.

Como medidas preventivas, Sofia Alves apontou o lançamento do pacote contra a desinformação com o objetivo de serem monotorizadas as publicações nas redes sociais e a deteção de padrões em discursos anti-minorias ou anti-imigração que são impulsionados pelas redes sociais e muito populares.    

Sofia Alves indicou ainda como medida preventiva, a celebração de acordos de conduta com quatro plataformas de redes sociais, com vista à autorregulação em diversas vertentes, como saber quem está por detrás dos anúncios, ou com vista ao fecho de todas as contas falsas que representam cerca de 50% do total das contas que existem nas redes sociais. 

Para Jamie Bartlett, a questão é bem mais complexa, uma vez que são conhecidas as dificuldades para regular a tecnologia e a internet.  

“ Daqui a 10 anos toda esta audiência vai receber anúncios personalizados e micro focados nos seus eletrodomésticos inteligentes, gerados por uma máquina e os reguladores não vão ter ideia do que fazer”, garantiu o jornalista.

 “ O problema é que qualquer pessoa e qualquer governo podem interferir numa eleição e isso mina a confiança das pessoas nos resultados. O lado perdedor vai sempre dizer que os vencedores fizeram batota e não há como provar o contrário”, acrescentou Bartlett.

Por outro lado, a tecnologia criou uma nova geração de direitos humanos que exigem que se encontrem novas formas de proteção mais complexas.

Jamie Bartlett deu o exemplo: “As pessoas têm que ser soberanas em relação aos seus dados pessoais”.

E Sofia Alves concordou: “ Estão em causa novos direitos como o direito a sermos esquecidos, o direito a nos desligarmos, o direito à proteção dos nossos dados pessoais.”

Certo é que “cada vez mais as decisões que afetam a nossa vida são tomadas por máquinas”, sublinhou o jornalista britânico, acrescentando que “ vai ser preciso que nos expliquem por palavras que todos entendam como é que essas máquinas funcionam”.

Outro dos temas presentes foi o desenvolvimento da inteligência artificial e a necessidade da criação de uma base ética e diretrizes antropológicas que coloquem as pessoas sempre em primeiro lugar na equação.

Jamie Bartlett é perentório: “A Ética e a compreensão de como podemos construir máquinas moralmente válidas estão a ser cada vez mais relevantes”. Mas, também alerta que esta é uma questão muito complexas porque “num sistema de inteligência artificial não é possível existir uma ética global. A Ética é diferente consoante os países e as questões culturais mudam a perceção das coisas”.

A questão coloca-se: “ Quem é que vamos punir quando os limites éticos, considerados para uma determinada sociedade, forem ultrapassados? Culpamos a máquina? Quem a programou? O fabricante?

Em conclusão, a tecnologia trás questões muito complexas de difícil solução e necessidades que variam à velocidade estonteante dos avanços tecnológicos. Não é possível prevenir aquilo que não conhecemos.

O futuro é mais incerto hoje do que há 10 anos atrás e, certamente, daqui a dez anos será muito diferente do que hoje imaginamos. Certo é que a sociedade de hoje necessita de se adaptar constantemente a essas mudanças e mais não podemos fazer que ir tentando regular a tecnologia que vai estar sempre muitos passos á frente dos reguladores que a tentam controlar.    (PL)

 

  

 

Já decorre em Cascais o Exercício Europeu de Proteção Civil

CASCADE’19 | até 1 de junho

Já decorre, em Cascais, o maior exercício de proteção civil alguma vez realizado em Portugal, designado CASCADE’19, que conta com a participação de cinco países europeus: Alemanha, Bélgica, Croácia, Espanha e França.

Até dia 31 de maio, vão ser mobilizados mais de 3000 participantes estrangeiros e portugueses, no qual vão participar a par de Lisboa, os distritos de Aveiro, Évora e Setúbal. O grande objetivo é testar e treinar a resposta a situações de emergência múltiplas que possam ocorrer em cascata (sismo, cheias, acidente químico, rutura de barragem e poluição marítima).

O momento alto do CASCADE’19, o único que contará com o envolvimento da população, terá lugar dia 31 de maio, às 10h00, com um simulacro de tsumani, que obrigará à evacuação das praias da Conceição e Duquesa, em Cascais. O exercício começará com um alerta sonoro dado através do Sistema de Aviso e Alerta de Tsunamis, que integra o projeto-piloto de alerta do município.

Organizado pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), com a colaboração da Direção-Geral da Autoridade Marítima e cofinanciado pela União Europeia, o exercício é de tipo LIVEX, ou seja, com movimentação real de meios de proteção e socorro.

 

CE 2019 | “Estamos a pagar o preço pela abstenção na Europa”

Anne Applebaum, colunista do The Washington Post e Prémio Pulitzer de Não Ficção 2014, defendeu uma visão otimista sobre o futuro da democracia, num painel em que o desafio foi lançado por Teresa Violante, diretora das Conferências do Estoril,

“A democracia passou a ser a regra e todos os outros regimes são agora a exceção, isto é a ideia mais global de sempre. Isto é uma conquista fantástica que devemos celebrar,” começou por referir a diretora das Conferências do Estoril, Teresa Violante, na abertura do painel dedicado à crise da democracia desta sexta edição das Conferências do Estoril. Para a diretora, “a democracia tornou-se tão bem-sucedida que votar já não é visto como um privilégio ou um direito, mas sim uma chatice” acrescentando ainda que, mesmo assim, “as maiores ameaças à democracia costumam vir de dentro do sistema”.

Teresa Violante considera que alguns países europeus, como a Polónia e a Hungria, se têm vindo a tornar uma ameaça forte aos valores do sonho europeu dado que “não respeitam os direitos humanos e das minorias” recordando que “os valores pelos quais a União Europeia se rege já há muito que estão sobre ataque”. Para a diretora das CE, “uma democracia constitutiva mantém mecanismos que mostram os direitos do poder público” dado que “a arma mais forte contra a erosão da democracia é ter cidadãos informados, precisamos de manter a vontade da população,” terminou por dizer convidando a colunista do The Washington Post a prosseguir com o painel.

“As dúvidas sobre a democracia não são novidade”, defendeu Anne Applebaum no palco das Conferências do Estoril. Lembrando que “antigamente já os filósofos duvidavam do sucesso da Democracia”, Applebaum sublinhou que neste momento há uma mudança especial, porque os desafios da Democracia estão a vir dos países mais ricos do centro da Europa e do transatlântico, como os Estados Unidos. “Pela primeira vez, desde a segunda Guerra Mundial, os EUA têm na Casa Branca um presidente isolacionista que intitula nacionalista”. Recordando o público das várias políticas e atitudes de Donald Trump a colunista do The Washington Post salientou que também na Europa Central há países que têm vindo a perder as suas instituições democráticas.

“Durante décadas acreditámos que a democracia liberal tinha apenas um caminho e que as democracias saudáveis nunca iam rejeitar os sistemas, porque entendiam que estes seriam os melhores sistemas,” no entanto, algumas pessoas dos países ocidentais começam a ter uma visão mais ambivalente e o número de pessoas que acredita ser a democracia essencial tem vindo a decrescer”, destacou Applebaum reforçando que esta opinião é mais comum entre os mais jovens.

Para a colunista do The Washington Post o mais extraordinário “é a forma como estas dúvidas sobre a democracia têm crescido em países muitos diferentes, que têm uma história muito diferente, economias e políticas diferentes”, referindo ainda a diferente forma como cada país encara o racismo. A oradora aproveitou ainda para identificar o que é que muitas democracias ocidentais têm em comum, começando por referir que “estamos finalmente a pagar o preço por uma série de falhas americanas e da abstenção da Europa”.

Contrariando a compreensível visão negativa, a colunista e escritora acredita, todavia, numa revolução política positiva, recordando que nos últimos dias foi possível ver isso com o crescimento dos partidos verdes nas eleições europeias, o que demonstra que “os problemas ecológicos só podem ter soluções internacionais”. Anne acredita também que já está na altura de regular a internet e fez questão de esclarecer que é importante criar regras e não censura. Em relação às redes, a oradora defendeu mesmo que vai ser importante educar as crianças a distinguir o que é verdade do que não é.

Em jeito de conclusão, Anne Aplebaum esclareceu quais as grandes tarefas que ficam para o futuro: “Refazer as nossas instituições para que não estejam fora de tempo neste mundo conectado, encontrar formas para que as pessoas se sintam seguras neste momento de mudanças rápidas e violentas, dar às pessoas em Portugal, Europa e à volta do mundo razões para terem fé na liderança ocidental outra vez. Acima de tudo, se a democracia vai derrotar o autoritarismo nas próximas décadas vão ter de descobrir como inspirar as pessoas, como fazê-las superar os medos, como fazê-las sentir seguras em casa num mundo de rápidas e profundas mudanças. Já o fizemos isto uma vez e acredito que o conseguimos fazer novamente.”

 

CONFERÊNCIAS DO ESTORIL | Organizadas a cada dois anos, com o compromisso de promover debates racionais e escolhas informadas, as Conferências do Estoril vão na sua sexta edição procuram soluções locais para desafios locais. A organização da edição 2019 está a cargo do Estoril Institute for Global Dialogue, Câmara Municipal de Cascais e Nova School of Business and Economics com a parceria de diversas entidades e voluntários (mais info)

 

CE 2019 | Este é o momento mais decisivo para a Europa

Guy Verhofstad: Estará o novo Parlamento Europeu, recentemente eleito, preparado para consensos a esse nível? Como é que as novas forças com assento no Parlamento Europeu se irão relacionar para encontrar novas soluções para os problemas que afetam os cidadãos europeus? Em resumo: tem a Europa futuro?

Primeiro-Ministro da Bélgica entre 1999-2008 Guy Verhofstadt é hoje Presidente da Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa no Parlamento Europeu. É também o representante deste órgão da União Europeia para a negociação do Brexit. Veio às Conferências do Estoril para alertar que a Europa está no seu momento mais decisivo e que são necessárias reformas urgentes para colocar a Europa no mapa das economias globais. Para Verhofstadt o caminho é o sistema federal, com politicas comuns a todos os níveis e uma fronteira única. 

Guy Verhofstadt tem uma posição pós-Europa e defende que é necessário uma maior integração dos países membros, rumo a um sistema de estados federados. A única forma de combater as desigualdades entre os países membros e de tornar a Europa uma potência económica a par dos EUA e das economias emergentes da Ásia.  

Apesar das dificuldades que a Europa atravessa desde a crise financeira de 2009, Verhofstadt recusa a ideia de que o projeto europeu está ameaçado.

“ Os resultados das recentes eleições europeias colocam-nos novos desafios e deu-nos esperança”, afirmou o liberal democrata belga, acrescentando que “felizmente não se deu o bloqueio do Parlamento Europeu pelas forças eurocéticas dos nacionalistas e populistas”.

O ex-Primeiro Ministro belga vê mesmo estas eleições como uma oportunidade para se dar passos efetivos para uma Europa mais federada e mais preparada para o futuro.

“OS eurocéticos tiveram pouco mais de 20 lugares no Parlamento Europeu. Houve, sim, pela primeira vez na história do Parlamento, uma perda de maioria dos dois blocos centrais tradicionais, a ascensão dos Verdes e dos que são pós-europa”, analisou Verhofstadt que se congratulou pela subida dos votantes na maioria dos países europeus.

  “ Há um novo equilíbrio de poderes no Parlamento Europeu e este é o momento certo para reformar e inovar a União Europeia”, afirmou o europeísta que alertou: “ Se não fizermos nada com estes resultados, se não moldarmos a União Europeia da forma que as pessoas mostraram que querem, então nos próximos cinco anos, haverá um crescimento muito maior dos nacionalismos e populismos e perdemos a oportunidade de preparar a Europa para o mundo globalizado”.   

Para Guy Verhofstadt existe um verdadeiro problema institucional e político na União Europeia pós-crise financeira.

“ OS americanos tomaram medidas e em 9 meses estavam a recuperar da crise. Aqui na Europa estamos há 9 anos a discutir quem tem razão”, criticou o político belga.

Para Guy Verhofstadt o sistema de estados-nação confederados numa união a funcionar com o sistema de votação por unanimidade nos assuntos mais prementes que se colocam aos europeus, não funciona e resulta num bloqueio da ação das instituições europeias.

Para Verhofstadt, temos um sistema de funcionamento institucional e político que não funciona porque não está adaptado ao mundo contemporâneo: “ Fazemos demasiado pouco e demasiado tarde”, sublinhou e acrescenta “ É urgente colocar o transnacionalismo na mesa do debate”.

Sobre as negociações para o Brexit, o deputado europeu reagiu com algum humor, apesar da situação ser dramática: “ Trato desta questão há 3 anos. O que estamos a implorar de joelhos é que a Câmara dos Comuns britânica decida qualquer coisa porque eles só votam contra tudo”.

Ainda sobre a Europa e os problemas que a União Europeia enfrenta com a globalização, Guy Verhofstadt é bastante crítico: “ do ponto de vista militar somos completamente irrelevantes, só somos relevantes nas matéria em que temos políticas comuns e defendemos interesses comuns como é o caso do mercado único tradicional”.

O deputado europeu não compreende que no conjunto dos Estados Membros se gaste mais 44% em questões militares dos que os Estados Unidos da América e que tenhamos no conjunto dos 28, um orçamento maior que o da China nessa matéria.

“ Só podemos fazer 10% das operações militares que os americanos podem fazer e com quase o dobro do orçamento. Isto porque duplicamos tudo por 28 vezes, é absurdo”, referiu Guy Verhofstadt.

Também na Economia Digital a Europa perdeu relevância: “ No que se refere aos mercados do futuro, a Europa é irrelevante ou nem existe. Há urgência que a Europa mude este estado de coisas e se reinvente ou perdemos o comboio das modernas economias globais".

Será a Europa capaz de estar à altura destes novos desafios? Será possível, face ao novo equilíbrio no Parlamento Europeu, encontrar convergências entre as novas forças presentes? Estaremos em condições de avançar para o passo seguinte, para um sistema federativo, em que os estados membros abdiquem da sua soberania em prol de uma Europa comum de uma só fronteira e a uma só voz? Finalmente quem vencerá nestes próximos cinco anos, decisivos para o futuro da Europa, os eurocéticos ou os europeístas? Uma coisa é certa, os cidadãos europeus exigem que as respostas sejam diferentes das dadas até agora pelos partidos tradicionais que perderam a maioria, pela primeira vez, no Parlamento Europeu. (PL)

 

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CE 2019 | Emergência Ambiental: É preciso agir já

A emergência climática tem que estar no centro da agenda global e cada um de nós deve agir hoje em todos os aspetos do quotidiano. Cada um de nós deve exigir hoje que todos os governos do mundo adotem novas leis para a agricultura, para os combustíveis fósseis, para os plásticos.

Esta foi a mensagem de urgência deixada a todos os presentes nas Conferências do Estoril, pelo ativista ambiental e surfista Garret McNamara. “Tudo o que eu alcancei começou no oceano e sem um oceano saudável deixamos de existir”, afirmou o surfista que colocou as ondas da Nazaré no mapa do surf mundial.

Para o ativista ambiental, um dos convidados do painel “Justiça ambiental: Alerta para uma ação urgente”, não podemos esperar que os outros façam alguma coisa pelo nosso planeta e pelo oceano. Não podemos só exigir aos governos que ajam e façam as leis. Cada um de nós deve agir já em todos os contextos em que se encontre. “ Podemos por começar em casa, eliminado os plásticos descartáveis, exigindo postos de abastecimento de água no emprego, plantando vegetais no terraço, deixando de comer carne”, exemplificou Mcnamara. Mas, acrescentou: “ Primeiro temos que nos instruir, procurar conhecimento e só depois tomar as nossas opções conscientes em prol do ambiente”.

Outra das convidadas para este debate, Joana Balsemão, vereadora da Câmara Municipal de Cascais, apela para que não entremos em pânico com aquilo que se está a passar com as alterações climáticas. “ Não podemos entrar em pânico porque podemos ficar paralisados e não agir de todo. Temos que encontrar soluções urgentes”, apelou a vereadora. “ Os países com o maior PIB estão a prejudicar os países mais pobres que estão a ser aniquilados apesar de emitirem menores percentagens de carbono. O fosso entre pobres e ricos diminuiu desde os anos 60, mas teria diminuído mais se não fossem as alterações climáticas”, salientou Joana Balsemão. Para a vereadora da Câmara Municipal de Cascais, responsável pelas áreas de qualificação ambiental, alterações climáticas e desenvolvimento sustentável, a geração atual tem que tomar decisões agora que vão determinar como irão viver as gerações mais novas. “Uma pessoa de 16 anos terá que lidar com o que decidimos no dia de hoje. São o futuro sem voz da humanidade é por isso que eles estão a ir para a rua e protestar”, afirmou Joana Balsemão.

Apesar do muito que se tem feito em Portugal para proteger o oceano e lutar contra as alterações climáticas, ainda há muito a fazer e só se conseguirá avançar mais se houver uma cooperação entre todos os países, no sentido de adotarem políticas e procedimentos comuns. Foi o que defendeu Ana Paula Vitorino, Ministra do Mar. “Somos um dos poucos países que tem um ministério dedicado especificamente ao mar e somos líderes na proteção do oceano e no uso sustentável dos recursos do mar”, referiu a Ministra.

Mas, Ana Paula Vitorino alertou: ”A solução para as mudanças globais exigem soluções globais. Temos que estabelecer parcerias para aplicar as soluções em toda a parte do mundo e temos que começar agora. Em Portugal estamos a fazer o nosso papel. Fomos o primeiro paIs da Europa a implementar uma estratégia para os oceanos, em 2006.”

Joana Balsemão concluiu com um apelo: “Cada decisão que tomamos tem impacto e toda a gente tem um papel a desempenhar em cada contexto. Não se sintam inúteis porque a resposta está em cada um de nós” (PL)

 

 

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Cascais celebra Dia Nacional da Energia

“Energy Game” transmitem e sedimentam conhecimentos sobre eficiência energética.

No Dia Nacional da Energia, a Câmara Municipal de Cascais, em parceria com a Cascais Ambiente, organizou, mais uma vez, a final dos “Energy Game”, que juntou 200 alunos de oito turmas de 4.º ano do concelho, no CriArte, em Carcavelos.

As oito turmas que participaram esta quarta-feira na final dos “Energy Game” foram selecionadas por terem obtido melhor pontuação no jogo de um total de 26 turmas.

O "Energy Game" é um jogo eletrónico de cariz lúdico-pedagógico, que tem como objetivo transmitir e sedimentar conhecimentos sobre eficiência energética. O desafio simula a história de uma família com oito personagens que vai a um concurso televisivo. Os jogadores podem escolher a personagem com que mais se identificam e são depois confrontados com várias perguntas sobre energia e eficiência energética.

Desenvolvido de raiz pela autarquia de Cascais, o “Energy Game” está inserido no PESA – programa de educação e sensibilização Ambiental de Cascais – e pretende sensibilizar os mais jovens para a temática da eficiência

“Esta iniciativa só enriquece os alunos, sobretudo em termos de cidadania, e o Planeta agradece. Estamos a criar os homens de amanhã e a despertar neles a sensibilidade para terem cuidado com o Planeta, com a sua pegada ecológica. As suas ações têm consequências, talvez, já no imediato, quanto mais a longo prazo”, conclui Florbela Fernandes, Professora de 4.º ano da Escola Fernando Teixeira Lopes.

CE 2019 | Segurança e Direitos Humanos são incompatíveis?

A manhã do último dia das Conferências do Estoril começou com o debate sobre a dicotomia entre a segurança e os direitos humanos. Conseguimos conciliar segurança com direitos fundamentais? Esta foi a pergunta lançada aos oradores: Ana Isabel Xavier, Professora universitária e investigadora; Ronen Hoffman, Membro do Instituto Internacional de Contra_terrorismo e Ex-Deputado do Knesset (Israel) e Spyridon Flogaitis, Diretor da Organização Europeia de Direito Público.

“A imigração e o terrorismo são os problemas que mais preocupam os europeus” começou por dizer a moderadora do debate, Raquel Patrício Gomes, Chefe de Equipa de Imprensa e Media na Representação da Comissão Europeia.

Ana Isabel Xavier afirmou que vivemos tempos imprevisíveis com “a grande mudança ocorrida nas relações internacionais e no ambiente estratégico transnacional de difícil gestão”.

É sabido que o grande foco do problema dos refugiados e migrantes que tanto preocupam os Europeus é a “turbulência” e a “incerteza” sentida no Médio Oriente, onde existem “comportamentos tribais”, onde não há liberdade, nem estrutura para suportar os pilares de um regime democrático, salientou Ronen Hoffman.   

Também para Spyridon Flogaitis, resolver o problema das migrações é um imperativo das sociedades atuais porque muitas vezes este problema anda muitas vezes de mãos dadas com o tráfico de seres humanos, o terrorismo, lavagem de dinheiro. “ É um problema difícil de gerir e a Europa falhou ao lidar com esse problema”, referiu.  

Para Ana Isabel Xavier, “houve um malogro na solidariedade entre os 28 países da UE no que se refere à integração dos refugiados” e defendeu que “a União Europeia falhou em termos de solidariedade e continua a falhar ao não integrar os migrantes e refugiados como cidadãos europeus”. Por isso, “precisamos de uma política europeia comum em termos de migração e de segurança”, concluiu a investigadora.

Também Spyridon Flogatis defende que só em conjunto a União Europeia pode encontrar soluções e atribui o crescimento do populismo o facto de a Europa não ter reconhecido que existe um problema com a migração: “ O problema da democracia europeia é que as forças tradicionais não apresentaram soluções para os problemas que preocupam as pessoas. As soluções não são as que os populistas propõem mas são eles que ganharam os votos porque reconheceram os problemas”.

“Criamos uma Europa do que orgulhamos mas só temos soluções para problemas do passado. Quando temos crises cada estado só pensa em si e apenas em proteger a sua sociedade e o seu estado. Não sabemos estar juntos e vimos isso na crise dos últimos 10 anos”, sublinhou Flogatis.

 E conclui: “Precisamos de criar uma Europa em que nos respeitemos uns aos outros e precisamos de em conjunto ver como é que podemos evoluir, resolver problemas de hoje e do futuro e desenvolver uma sociedade europeia unida”.    (PL)

CONFERÊNCIAS DO ESTORIL | Organizadas a cada dois anos, com o compromisso de promover debates racionais e escolhas informadas, as Conferências do Estoril vão na sua sexta edição procuram soluções locais para desafios locais. A organização da edição 2019 está a cargo do Estoril Institute for Global Dialogue, Câmara Municipal de Cascais e Nova School of Business and Economics com a parceria de diversas entidades e voluntários (mais info)

CE2019 | Clipping | Recortes de Imprensa

O que os Media estão a publicar sobre as Conferências do estoril?

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CE 2019 | "A Europa tem de alavancar o seu poder no mundo", disse Fareed Zakaria

Fareed Zakaria é considerado um dos conselheiros de política externa mais influentes da sua geração e o seu programa na CNN com assinatura própria, é uma referência mundial sobre o panorama político atual. Quem melhor do que ele para dar à audiência das Conferências do Estoril um “retrato” global do nosso mundo?

Fareed Zakaria começa com uma provocação: “ Estamos num mundo louco dos populismos, de Trump e do Brexit. Há quase um elemento circense que descreve aquilo que se está a passar. Parece que ser comediante é um requisito para se entra hoje na política”.

Mas, o jornalista americano, nascido em Bombaim, na India, não segue a linha do pessimismo dominante. “ As coisas não estão tão más como as pessoas julgam. Até o Trump não conseguiu fazer grande coisa. Para seu desgosto não conseguiu por de pé o muro. Limitou-se a baixar os impostos”, afirmou.

Quanto à ascensão do populismo no ocidente, Fareed analisa as causas:    

“ Hoje temos uma sociedade tribal bipartida. De um lado temos aqueles que vivem nas cidades, nos grandes centros de desenvolvimento onde há crescimento e empregos e que têm um grau académico. Estão sempre ligados e entendem a linguagem da economia digital, onde é o cérebro, e não os músculos que conta mais. Por outro lado, existem os mais velhos, menos instruídos, com profissões que estão a ser substituídas por tecnologia e que não entendem essa classe média mais jovem e que falam a linguagem tecnológica. “

E Fareed dá o exemplo: “ Na América existem 3 milhões de pessoas que ganham a vida a conduzir autocarros e camiões. São homens sem formação universitária. Qual vai ser a reação dessas pessoas face à tecnologia que os vai substituir com os carros autónomos? Estes são os excluídos da era tecnológica que vêm com desconfiança todas as mudanças operadas na sociedade e na economia. O drama está nas profundas diferenças entre essa classe média urbana e instruída e a classe trabalhadora branca que foram excluídos nesta nova ordem económica. “   

“Esses excluídos são a base do eleitorado de Trump”, afirmou Fareed que acrescentou” Trump tem um discurso de identificação com esse eleitorado, ao afirmar que “as suas vidas estão difíceis porque os mexicanos lhe roubam os empregos, os chineses lhes ocupam as fábricas e os muçulmanos estão a matar-vos”.  

Este discurso anti-imigrantes que defende uma sociedade fechada também está a crescer na Europa. E porquê? Fareed responde:

“ Não é possível fazer pontes ou criar compromissos quando vivemos numa perspetiva tribal em que não queremos ouvir o outro, nem nos  queremos colocar na sua pele. Apenas queremos ouvir o que nos interessa, com quem concordamos e quem apoia as nossas ideias.”  

Mas, Fareed está otimista: “ a ascensão desta visão pessimista do mundo que permitiu a ascensão dos populismos só acontece porque são os mais velhos a votar e que vivem na ansiedade e no medo. Os mais jovens querem uma sociedade aberta e votam com esperança e aspirações.”

Assim concluí: “ Vamos ficar bem quando os jovens chegarem ao poder, temos é que garantir que não explodimos o mundo antes”.   

Apesar dos ataques do Trump as instituições liberais são fortes, mas se ele continuar por mais cinco anos, não sei o que vai acontecer.

No que se refere à Europa, Fareed forneceu igualmente uma visão muito interessante do panorama global:

“ Não há solução para os problemas da Europa que não envolvam mais Europa, ou seja mais cooperação na resolução das questões globais como o problema da imigração”.

O jornalista, conhecido pelas suas posições polémicas, defendeu ainda que os movimentos nacionalistas e os defensores do Brexit só têm retórica, mas não têm soluções: “ É como estar à beira do precipício, olhar lá para baixo e saltar para o abismo”.

Como virar a mesa? Perguntou o jornalista José Rodrigues dos Santos.

Fareed respondeu com a provocação que lhe é conhecida: “ Os que são pro Europa deixaram de ter capacidade de explicar o que é a Europa e de chegar ao coração das pessoas. Insistem numa narrativa monótona sem utopia. Já os populistas souberam como chegar ao coração das pessoas e darem-lhe algo romântico que as anime.  

Mas, para o perito em política internacional, “é fundamental que a Europa resolva a questão do euro. A Europa impôs a moeda única mas não se preparou para isso, designadamente os países do sul a quem impuseram a austeridade e a estabilidade germânica, em vez de maiores transferências monetárias para compensar o facto de não poderem desvalorizar a sua moeda em situações de recessão”. Por isso deixou o recado: “ Sem uma grande união fiscal e maiores transferências de recursos a moeda única é um desastre”.  

No que se refere ao papel dos Estados Unidos da América no novo panorama global, Fareed Zakaria concluiu:

“ Após 1945 e durante 75 anos, todos os países europeus conheceram a paz e a estabilidade porque os americanos providenciam a segurança e a paz na Europa. Mas, agora a Europa tem que pensar a questão da defesa de uma forma mais séria.”

E voltou a salientar: “ É preciso mais Europa, mais coordenação entre os países europeus e uma melhor política de defesa. A Europa gasta muito em defesa mas de forma ineficiente. A Europa precisa de se projetar mais no mundo,  investir na sua “cibercapacidade”, olhar para o espaço como os chineses”.

Em resumo, “ A Europa tem que deixar de se centrar no seu umbigo. E alavancar o seu poder no mundo como força liberal”   (PL)

 

CONFERÊNCIAS DO ESTORIL | Organizadas a cada dois anos, com o compromisso de promover debates racionais e escolhas informadas, as Conferências do Estoril vão na sua sexta edição procuram soluções locais para desafios locais. A organização da edição 2019 está a cargo do Estoril Institute for Global Dialogue, Câmara Municipal de Cascais e Nova School of Business and Economics com a parceria de diversas entidades e voluntários (mais info)

 

  

 

 

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