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Cascais aumenta valor das refeições escolares em 63,4%
A partir de 17 de setembro, os alunos dos 35 Jardins de Infância e Escolas de 1º Ciclo passam a usufruir de um serviço de refeições com melhor qualidade e com um preço de € 2,02 + IVA por refeição. Um aumento de 63,4% face ao preço até agora em vigor.
O aumento do valor por refeição de €1,28 para €2,02, será suportado integralmente pela Câmara Municipal de Cascais, não existindo qualquer alteração do preço que os encarregados de educação pagam por cada refeição dos seus educandos.
“Partimos do reconhecimento de que, por maiores que fossem os esforços das empresas, os índices de qualidade que pretendemos nas refeições das nossas crianças não eram atingidos com requisitos impostos centralmente e que conduziam a uma sobreposição do fator preço sobre a qualidade. É irrelevante saber de quem é a responsabilidade. Porque as pessoas, sobretudo as crianças, são sempre da nossa responsabilidade”, assinala o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras. “Em Cascais não precisamos de esperar por envelopes financeiros para atuar. As necessidades das crianças não podem estar reféns da tática política.”
Com mais de 1.100.000 refeições servidas ao longo do ano letivo (cerca de 6.200 por dia) as escolas do Ensino Pré-escolar e 1.º ciclo do concelho garantem almoços a 95% da população escolar. Em Cascais existe ainda o serviço de lanches escolares que são servidos a 55% da população escolar. “Com tal responsabilidade é fundamental garantir a qualidade”, explica Frederico Pinho de Almeida, vereador da Educação que ao longo do ano letivo 2017-2018, levou à Assembleia da República uma petição para denunciar as fragilidades da legislação na matéria. “Permitem-se situações em que quem ganha os concursos não tem condições para prestar o serviço. Isso é intolerável!”
Por isso mesmo, Cascais decidiu inovar e lançou um novo concurso em que impôs como critérios decisivos a melhoria dos recursos humanos da entidade prestadora do serviço e da qualidade da matéria-prima das refeições escolares. Em relação ao existente até aqui, a empresa vencedora – a ITAU – Instituto Técnico de Alimentação Humana S.A – vai ter de aumentar em 10% de colaboradores, incluindo cozinheiros-chefe (categoria máxima) nos polos de confeção e cozinhas com mais de 150 refeições. Ao todo, as equipas vão ter de trabalhar mais 30% do tempo anteriormente despendido para prestação deste serviço.
Para garantir maior qualidade dos pratos servidos, e além das imposições do Ministério da Educação, o município de Cascais, impede o uso de fécula de batata nas sopas e obriga à utilização de azeite virgem na confeção e virgem extra no tempero de alimentos crus. O prato principal que terá alternar entre carne (3 dias) e peixe (2), (sem repetições na mesma semana), terá de incluir carne de “categoria talho” como bifes de alcatra, pojadouro e vazia (duas vezes por semana) e “peixe nobre” como pescada n.º 5, lombo de cherne, salmão ou bacalhau crescido (uma vez por semana). Está também pensada a opçção vegetariana.
Obrigatório é ainda incluir diariamente duas variedades de hortícolas a acompanhar o prato principal. “Continuaremos a ser intransigentes no cumprimento do caderno de encargos. Na eventualidade de existir algum incumprimento aplicaremos as multas/sanções previstas, tal como fizemos no último ano letivo, antecipa o vereador da Educação do Município de Cascais.
A Itau ganhou com o preço mínimo exigido (2,02€), apresentando uma Ementa e um quadro de pessoal acima do mínimo exigido. Sendo que a ordem de classificação foi a seguinte:
1º lugar – ITAU – Instituto Técnico de Alimentação Humana S.A
2º lugar –GERTAL – Companhia Geral de Restaurantes e Alimentação S.A
3.º lugar –UNISELF – Sociedade de Restaurantes Públicos e Privados S.A
4.º lugar –EUREST Portugal – Sociedade Europeia de Restaurantes Lda
5.º lugar –ICA – Indústria e Comércio Alimentar S.A
"É preciso tirar as crianças do sofá"
O que é brincar?
É um comportamento ancestral de todos os animais. Na infância e durante todas as idades, o brincar é estruturante. Faz parte do comportamento espontâneo e do organizado. Beneficia imenso a espontaneidade, a criatividade, o plano sensorial, percetivo, social, cognitivo e, essencialmente, a relação emocional.
E como brincamos?
Há o brincar ao faz de conta, o jogo simbólico. O brincar físico, com dispêndio de energia. Também o jogo social. Somos seres sociais antes de tudo. Há uma correspondência entre a herança biológica e cultural. Quando a criança é exposta ao que a rodeia, brinca com o próprio corpo, com os objectos, com a natureza. Isso é essencial no crescimento mental, na estruturação da linguagem, nas aquisições motoras e perceptivas. Tudo isto é fundamental para o equilíbrio e capacidade adaptativa, do ponto de vista escolar, da relação social.
E porquê a urgência de brincar?
Vivemos num mundo digital avassalador. As crianças vivem o corpo na ponta dos dedos. As novas tecnologias forçaram o corpo a funções não expectáveis. Nas primeiras idades, precisamos de mexer o corpo, ganhar autonomia, de arriscar, explorar, descobrir.
O que muda na criança com a brincadeira?
Aprende a lidar com os próprios complexos; a resolver problemas; a comunicar. Ganha capacidade de autorregulação emocional. Sem a competência da relação com os outros dificilmente teremos crianças felizes, com capacidade de adaptação a uma sociedade completamente diferente no futuro.
E qual é o papel da escola?
O que é que a sociedade do futuro vai exigir a estes cidadãos e como estamos a preparar as crianças para ele?, são das perguntas mais importantes que podemos pôr. O que hoje ensinamos na escola provavelmente não servirá para quase nada. Temos de pensar em como isto vai mudar, com novas tecnologias, inteligência artificial, robótica, muitas funções sociais que vão desaparecer. Temos de preparar um cidadão novo. O brincar é talvez o comportamento que melhor ajuda a estruturar todas as competências são essenciais para o futuro.
Quais os perigos deste afastamento das crianças da rua?
A criança está muito desligada do mundo natural, o que tem diminuído as suas competências essencialmente motoras. Há problemas muito sérios de obesidade, inatividade física, sedentarismo infantil. Estão a criar-se doenças complexas. Há um decréscimo enorme nas últimas décadas do ponto de vista do comportamento lúdico, da brincadeira livre. Um aumento muito pronunciado de atividades sedentárias, que levam as crianças a terem problemas de ansiedade, depressão, excesso de peso, diabetes, doenças respiratórias, cardíacas. Há também uma preocupação muito evidente com a passagem para a adolescência e para a idade adulta e problemas do ponto de vista comportamental, inclusive a taxa de suicídio.
Mas há novos medos.
Há circunstâncias históricas que explicam que em Portugal os adultos vivam cheios de medo. Ao viverem assim não dão autonomia, independência e mobilidade às crianças. Isso é muito penalizante para o desenvolvimento do adolescente. Tem repercussões enormes não ir a pé para a escola, sair de bicicleta, andar na rua, fazer tarefas que permitam descobrir e viver o território. As crianças serem transportadas de automóvel para a escola, é manipulá-las na sua liberdade de ação. Há uma imaturidade emocional enorme. Ao contrário do que acontece noutros países temos um índice de mobilidade muito baixo. Os pais e os educadores têm medo que as crianças tenham autonomia. Sem autonomia não há desenvolvimento, nem liberdade, nem democracia. As crianças necessitam de autonomia desde que nascem. Temos de exercitar esta capacidade, libertarmo-nos do medo, das representações mentais que criámos. Temos de acreditar que as crianças são capazes de resolver problemas, de se confrontar com o risco, com o inesperado. Educar é dar autonomia, distanciamento, Dar a capacidade à criança de resolver por si os seus objectivos, de não ficarem aprisionadas e serem conduzidas, manipuladas, no seu quotidiano.
E como se combate o medo?
Não sou psicólogo, mas a melhor forma de combater o medo será conter-se emocionalmente e perceber que crianças e jovens têm, dentro de si, mecanismos de controlo que lhes permite terem liberdade de ação e autonomia. Há momentos em que precisam de proximidade, afeto e segurança. Mas, antes de tudo, precisam de confronto com o risco, de autonomia, e de distanciamento e isso as escolas e as famílias devem dar. As políticas públicas devem apostar numa sociedade onde haja o maior risco possível. Temos de correr riscos para haver um desenvolvimento harmonioso.
As crianças estão aprisionadas?
Olhem para os joelhos das crianças, estão todos limpos! Policia-se o seu comportamento. Nas prisões americanas, os presos têm cerca de três a quatro horas de atividade no recreio. Em Portugal, 70% das crianças têm menos de uma hora de brincadeira livre por dia. Menos tempo que os prisioneiros. A infância está aprisionada. Estamos a criar monstros.
Como pode a política pública inverter esta tendência?
Temos de pensar em cidades saudáveis para as crianças. Onde elas participem nos próprios processos e projetos. A Câmara Municipal de Cascais têm prestado boas políticas para a infância, no que toca à vivência da cidade, do criar condições para as famílias virem à rua. O brincar na rua está em vias de desaparecer, já não se veem crianças na rua. É preciso tirá-las do sofá, de casa, para serem mais ativos, terem mais saúde mental e física. Nós temos de correr riscos para que tudo isto se possa desenvolver de forma harmoniosa e não esta parcimónia em que tudo está controlado, tudo está aprisionado, tudo está previsto. Quando tudo está previsto, não há desenvolvimento.
E como está a Câmara de Cascais a fazê-lo?
Primeiro, com a criação de espaços verdes, para todas as idades. E, acima de tudo, escola com o novo modelo organizativo do ponto de vista educativo, mais equilíbrio entre os tempos formal e informal. A autarquia apostou bem na humanização dos recreios, uma das coisas mais importantes, com mais equipamentos e espaços. O tempo passado na sala de aula e no recreio tem de ser revisto. As crianças têm de participar mais nos projetos educativos. Tem de haver mais tempo livre. Estamos a trabalhar na reformulação das Atividades de Enriquecimento Curricular. Para que as crianças, depois de já terem tido muitas aulas escolarizadas, possam ter um tempo para um conjunto de atividades mais livres. Também a relação entre os tempos de trabalho dos pais, em família, na escola, onde passam muitas horas, e na comunidade, implica uma mudança de políticas. Nesse sentido acho que a Câmara Municipal de Cascais está neste momento a ter uma estratégia visionária e inovadora do que pode ser o futuro de uma comunidade que participa, partilha, resolve este tipo de problemas Isto implica uma grande mudança e é preciso haver aqui muita coragem de mudar o paradigma da trilogia, escola, comunidade e família.
Leia a entrevista aqui a entrevista alargada
Carlos Neto
O que é brincar?
É um comportamento ancestral de todos os animais. Na infância e durante todas as idades, o brincar é estruturante. Faz parte do nosso comportamento espontâneo e do organizado. Beneficia imenso a espontaneidade, a criatividade, o plano sensorial, percetivo, social, cognitivo e, essencialmente, a relação emocional.
E como brincamos?
Há muitas formas de brincar. Brincar ao faz de conta, o chamado jogo simbólico. O brincar numa dimensão de entidade física, portanto de dispêndio de energia, de poder acionar o corpo numa perspetiva ativa. Também no jogo social. Nós somos seres animais, mas somos seres sociais antes de tudo e há aqui uma correspondência interessante entre aquilo que é uma herança biológica e cultural e por outro lado a possibilidade de exercitar o corpo na relação com o que nos rodeia, de modo a que essas aquisições possam ser feitas sem terem que ser ensinadas, estruturadas ou organizadas. Quando a criança é exposta livremente perante o envolvimento que a rodeia, em primeiro brinca com o seu próprio corpo, depois com os objetos e depois com os elementos naturais que a rodeiam. Isso é essencial no seu crescimento mental, mas também na estruturação da linguagem e nas aquisições motoras e percetivas, fundamentais para o seu equilíbrio e a sua capacidade adaptativa, quer do ponto de vista escolar, quer também do ponto de vista da relação social, na relação com os amigos.
E porquê a urgência de brincar?
Porque a sociedade mudou imenso, porque vivemos hoje num mundo digital que é avassalador. As crianças vivem o seu corpo na ponta dos dedos. As novas tecnologias, desta era digital, forçaram o corpo a outras funções não expetáveis. Nas primeiras idades, precisamos de mexer o corpo, necessitamos de ser ativos, de ganhar autonomia, de arriscar. Interessa também exercer essa atividade que todos os animais fazem quando são pequenos, explorar, descobrir e arriscar. Temos de pensar muito bem como é que se gere o conceito de tempo, o tempo de vida, quer ao nível da família, quer da escola, onde as crianças passam muitas horas, quer ao nível da comunidade.
O que muda na criança com a brincadeira?
Aprende a lidar com os próprios complexos; a resolver problemas; a comunicar. Ganha capacidade de autorregulação emocional, fundamental para o seu equilíbrio, autoestima e desenvolvimento. Sem a competência de relação com os outros dificilmente teremos crianças felizes, com sucesso do ponto de vista do empreendedorismo, com capacidade de adaptação a uma sociedade completamente diferente no futuro.
E qual é o papel da escola?
O que é que a sociedade do futuro vai exigir a estes cidadãos e como estamos a preparar as crianças para ele? São das perguntas mais importantes que podemos pôr. O que hoje ensinamos na escola provavelmente não servirá para quase nada. Temos de pensar em como isto vai mudar, com novas tecnologias, inteligência artificial, robótica, muitas funções sociais que vão desaparecer. Temos de preparar um cidadão novo. O brincar é talvez o comportamento que melhor ajuda a estruturar todas as competências essenciais para o futuro.
Quais são os perigos deste afastamento das crianças da rua?
É evidente que a sociedade hoje debate-se com problemas diversos do ponto de vista de espaço construído e espaço natural. A criança está muito desligada do mundo natural o que tem diminuído as suas competências essencialmente motoras. Nós hoje assistimos a problemas muito sérios de obesidade, de inatividade física, sedentarismo infantil. Estão a criar-se doenças complexas quer físicas, quer mentais. Há um decréscimo enorme nas últimas décadas do ponto de vista do comportamento lúdico, da brincadeira livre e um aumento muito pronunciado de atividades sedentárias, que levam as crianças a terem problemas de ansiedade, depressão, excesso de peso, diabetes, doenças respiratórias, cardíacas. Há também uma preocupação muito evidente com a passagem para a adolescência e para a idade adulta e problemas do ponto de vista comportamental, inclusive a taxa de suicídio.
Mas há novos medos.
Há circunstâncias históricas que explicam que em Portugal, inadvertidamente, de uma forma paradoxal, os adultos vivam cheios de medo. E, ao viverem assim, não dão autonomia, independência, mobilidade às crianças. Isso é algo que é muito penalizante para o desenvolvimento do adolescente. Tem repercussões enormes não ir a pé para a escola, sair de bicicleta, andar na rua, fazer tarefas que permitam descobrir e viver o território de forma plena. As crianças serem transportadas de automóvel para a escola, serem conduzidas, é manipulá-las na sua liberdade de ação. E isso tem consequências. Há uma imaturidade emocional enorme. Ao contrário do que acontece noutros países nós temos um índice de mobilidade muito baixo. Os pais, os educadores, professores, supervisores na escola, têm medo que as crianças tenham autonomia. Mas sem autonomia não há desenvolvimento. Sem autonomia não há liberdade, não há democracia. As crianças necessitam de autonomia desde que nascem e por isso nós temos de exercitar esta capacidade, libertarmo-nos do medo das representações mentais que criámos. Temos de acreditar que as crianças são capazes de resolver problemas, de se confrontar com o risco, com o inesperado. Educar é dar autonomia, distanciamento, dar a capacidade da criança resolver por si própria os seus objetivos, de não ficarem aprisionadas e serem conduzidas, manipuladas, no seu quotidiano.
E como se combate o medo?
Não sou psicólogo, não sou psicoterapeuta, nem psiquiatra, mas admito que a melhor forma de combater o medo é conter-se emocionalmente e perceber que crianças e jovens têm, dentro de si, mecanismos de controlo que lhes permite terem liberdade de ação e autonomia. É óbvio que há momentos em que as crianças precisam de proximidade, de afeto e de segurança. Mas, antes de tudo, precisam de confronto com o risco, de autonomia, e de distanciamento e é isso que as escolas e as famílias devem fazer. As políticas públicas devem apostar numa sociedade onde haja o maior risco possível, porque é bom para todos, para os mais velhos, para os mais novos e também para os adultos. Avós e netos, pais e crianças, professores e alunos, cidadãos comuns, todos necessitam que a vida seja um risco permanente, porque a vida é um risco.
As crianças estão aprisionadas?
Olhem para os joelhos das crianças, estão todos limpos! Hoje policia-se o comportamento das crianças. Nas prisões americanas os presos têm três a quatro horas de atividade no recreio e admitem que se assim não fosse seria uma tragédia. No estudo que fizemos em Portugal 70% das crianças portuguesas têm menos de uma hora de brincadeira livre por dia. Têm, portanto, menos tempo que os prisioneiros nas celas das prisões. Quer dizer que a infância hoje está aprisionada. Estamos a criar monstros.
Como pode a política pública inverter esta tendência?
Devemos ter um modelo organizado de uma forma ecológica. Que passe por alterar as relações entre o tempo que se está na família, o tempo que se está na escola e o tempo que vive a comunidade. Temos de pensar em cidades saudáveis para as crianças. Onde elas participem nos processos e projetos. Solicitar-lhes competências do ponto de vista de participação para uma cidadania ativa e também para uma cidade sustentável para o futuro. E, nesta matéria, a Câmara Municipal de Cascais e o seu elenco governativo têm prestado boas políticas para a infância, no que toca à vivência da cidade, do criar condições para as famílias virem à rua. Porque, o brincar na rua está em vias de desaparecer, já não se veem crianças na rua. É preciso retomar uma nova era, retirá-las do sofá, de casa, de atividades sedentárias, para serem mais ativos, terem mais saúde mental e física. Nós temos de correr riscos para que tudo isto se possa desenvolver de forma harmoniosa e não esta parcimónia em que tudo está controlado, tudo está aprisionado, tudo está previsto. Quando tudo está previsto, não há desenvolvimento.
E como está a Câmara de Cascais a fazê-lo?
Primeiro, com a criação de espaços verdes, de mobilidade nas cidades adequada para todas as idades inclusive para as crianças. Espaços verdes temáticos e, acima de tudo, escola com o novo modelo organizativo do ponto de vista educativo, onde haja mais equilíbrio entre os tempos formal e informal. A autarquia apostou bem na humanização dos recreios, uma das coisas mais importantes, com mais equipamentos e espaços. O tempo passado na sala de aula e no recreio tem de ser revisto. As crianças têm de participar mais nos projetos educativos. Tem de haver mais tempo livre. Estamos a trabalhar na reformulação das Atividades de Enriquecimento Curricular. Para que as crianças, depois de já terem tido muitas aulas escolarizadas, possam ter um tempo para um conjunto de atividades mais livres. Também a relação entre os tempos de trabalho dos pais, em família, na escola, onde passam muitas horas, e na comunidade, implica uma mudança de políticas. Nesse sentido acho que a Câmara Municipal de Cascais está neste momento a ter uma estratégia visionária e inovadora do que pode ser o futuro de uma comunidade que participa, partilha, resolve este tipo de problemas Isto implica uma grande mudança e é preciso haver aqui muita coragem de mudar o paradigma da trilogia, escola, comunidade e família.
Cascais é pioneiro nesta reforma da escola?
Julgo que o projeto do elenco governativo da educação da Câmara Municipal de Cascais é verdadeiramente inovador em todo o país. Isto significa que também está de acordo com as indicações que têm sido dadas por parte do ministério da educação no que respeita a essa alteração da vivência do tempo escolar. Nesse sentido, acho que a Câmara está de parabéns porque, de facto, iniciou uma série de projetos que têm exatamente a ver com essa alteração. As crianças podem aprender e podem estar mais felizes, tendo mais participação e, por outro lado, uma escola que as convide a serem crianças de facto e a terem um conjunto de atividades novas, diferentes. Por isso há aqui um envolvimento que, do meu ponto de vista, tem sido muito bem estruturado pelo elenco governativo no que diz respeito à preparação dos professores, preparação dos supervisores, isto para falar dos auxiliares de educação, dos diretores, também dos agrupamentos das escolas. Estou convicto que isso está a correr muito bem.
Tem acompanhado essas alterações?
Temos realizado várias reuniões com grande participação dos responsáveis da autarquia, no sentido de alterar o modelo de funcionamento. Isto implica, também, a participação dos pais neste projeto. O governo está a preparar a delegação de competências para as Câmaras Municipais e passa a haver liberdade e autonomia para inovar o conceito de aprendizagem. Os pais trabalham praticamente de manhã à noite, têm muito pouco tempo para os filhos e, portanto, tem de haver uma concertação social na discussão do que é a escola do futuro. A relação entre o tempo de trabalho dos pais, o tempo que a criança passa na escola e o tempo que deveria ter em família e em vivência na própria cidade, implica uma mudança de políticas. É nesse sentido que a Câmara Municipal de Cascais está a ter uma estratégia visionária e inovadora. E é preciso muita coragem para mudar o paradigma do que é esta trilogia entre a escola, a comunidade e a família.
Que tipo de sociedade se pode prever numa cultura em que a criança é afastada da rua?
Devemos preparar as cidades não para regressar ao passado, mas para reinventar o futuro. Cidades onde se possam vivenciar o espaço, o território de uma forma mais prazerosa, em maior dinâmica de festa, de encontro, de solidariedade, de preparação de cidadania e, acima de tudo, desenvolver padrões de vida saudáveis. Isto é, de termos mais saúde mental, mais saúde física, porque de facto nós sabemos hoje, por estudos científicos realizados, que a imobilidade, a inatividade, o estar sentado, o não mexer o corpo, mata, cria problemas ao desenvolvimento, principalmente nas primeiras idades. Quer dizer que toda a gente tem memórias do que foi a sua infância e era preciso que existisse uma consciência de recordar essas memórias da sua infância para perceber o que é a vida hoje das crianças. As crianças hoje vivem em prisões. São prisioneiras do tempo, vivem vedadas, vivem fechadas. Necessitamos de fazer uma revolução tranquila, com mais liberdade, mais iniciativa das crianças, permitir-lhes que vivam uma escola sem muros, uma escola que se abre para a sociedade. A criança tem de participar nos projetos da própria sociedade. Isto implica provavelmente uma mudança do paradigma da vida familiar, mas também do paradigma da vida escolar e é aqui que se colocam muitos problemas.
Que tipo de problemas?
Como vamos alterar o processo de ensino, o conceito do que é viver a escola, o conceito do que é aprender, do que é partilhar projetos numa escola onde alunos e professores possam, de facto, ter um modelo de funcionamento muito mais aberto, muito mais interessante, muito mais desafiante. Onde o conhecimento não seja imposto mas antes assimilado, por participação do próprio. Temos que mudar o velho paradigma, conservador, de que o ensino é feito por imposição, em que a criança está em silêncio a ver um professor cansado, velho e chato, para um processo dinâmico, muito mais participativo e em função dos interesses que as crianças têm. As crianças são muito diferentes, umas das outras e necessitam que os projetos educativos lhes deem as oportunidades de se revelarem, de manifestarem as tendências e os talentos que têm. Provavelmente a escola não está a fazer isso bem. E estou convencido de que o brincar o fará, porque é uma linguagem universal, é, talvez, a melhor forma de comunicação que existe entre os seres humanos e outros animais, é independente da cultura e do espaço geográfico.
Há uma consciência generalizada da importância do Brincar?
A Organização Mundial de Saúde e outras organizações internacionais têm vindo a chamar a atenção para o facto de estarmos a criar novos problemas de saúde que necessitam de ser combatidos e, não há nada melhor do que esta relação entre o corpo ativo que brinca com o meio exterior. Temos que, novamente, estabelecer uma conexão mais próxima do que é o Homem e a natureza e isso é tão importante que implica um novo modelo de funcionamento da escola. A escola tem que abrir-se ao exterior, ir para a floresta, mexer na terra, subir às árvores, confrontar-se com o desconhecido, confrontar-se com o incerto, com o risco.
Uma escola aberta ao risco?
A escola não pode ser um local onde tudo está previsto. Na escola tem de existir incerteza, inovação porque existe risco. Numa escola a funcionar desta forma mais inteligente, as crianças vão ter o prazer de acordar todos os dias de manhã com vontade de ir à escola. E é isso que nós pretendemos em cascais, nos projetos que estão a ser desenvolvidos. Fazer deste concelho um modelo para o país, um novo paradigma de funcionamento da escola, na relação com a família e com a comunidade. Não é fácil mudar. Isto leva anos, não surge por milagre, nem por magia. Leva muitos anos a eliminar um conjunto de estereótipos, de preconceitos, mas vejo muita vontade no elenco governativo da Câmara de Cascais.
E o que fazemos à velha escola?
Uma sociedade nova, uma sociedade moderna tem de conviver entre o mundo digital e aquilo que é a nossa natureza mais ancestral, mais profunda, mais animalesca, mais biológica. É esta coerência que temos que saber fazer. O conhecimento científico dá-nos toda a razão em função destas teses, já não é mais possível suportar esta escola conservadora, esta escola reprodutiva, esta escola sem sentido para as crianças e para os jovens. Temos que colocá-los a participar na criação de uma escola muito mais ativa. Isso já nem tem discussão, porque toda a gente percebeu que essa escola a antiga morreu. Temos de criar uma escola nova em que todos os elementos que a integram, desde os seus responsáveis, até aos agrupamentos, até às estruturas autárquicas, até os próprios pais, as próprias crianças, têm todas de participar neste projeto de inovação. E é isso que no fundo estamos a fazer dando relevo ao elemento básico que é estruturador de tudo isso que é brincar: a palavra mais simples de todas.
Já se começa a Brincar em Cascais?
Sim, esse é, talvez, o aspeto mais interessante que está aqui nesta discussão. É que brincar é talvez aquilo mais estruturante para tudo, porque quando a criança brinca ela está envolvida de uma forma total naquilo que é uma vivência do tempo e do espaço. Foi por isso que nós iniciámos com esta ideia de "Cascais a brincar" ou "brincar em Cascais", que é exatamente a ideia de uma mudança que já foi feita em muitos países, principalmente países do Norte da Europa, há muitos anos. Nós estamos cerca de 30 ou 40 anos atrasados em relação a outros países no que respeita a este conceito de maior equilíbrio entre atividades estruturadas e atividades não estruturadas, na relação com a natureza, nas preocupações com a saúde mental e a saúde física.
Como será esse novo mundo?
Neste momento não sabemos prever, porque nunca o mundo mudou tão rápido. Por isso há aqui um paradoxo muito interessante: se é necessário mudar tudo isto, porque vivemos numa sociedade muito rápida, muito apressada, também é necessária, ao contrário, que através do brincar as pessoas percebam que necessitam de viver mais devagar, que precisam de aprender mais com os seus silêncios, aprender o que é o seu tempo interior, parar e meditar, interiorizar, aprender a olhar, a visualizar o seu corpo, o seu estado e o seu envolvimento. Hoje, a velocidade com que a informação nos chega, o tempo completamente estruturado e organizado retira-nos esta perceção do nosso próprio corpo no que diz respeito a essa necessidade que ele tem de poder viver mais devagar, para poder assimilar as coisas melhor. Temos de mexer o corpo, alimentarmo-nos de forma adequada e, por outro lado, dormirmos bem. Estas três coisas são essenciais, mas também o envolvimento da família, da escola, da comunidade, para que tudo isto se faça de uma forma mais serena, mais tranquila, e não neste suicídio com que estamos a viver o conceito de tempo. O espaço está cada vez mais diminuído, mais opressivo e um tempo extraordinariamente organizado. As agendas estão completamente cheias, não há tempo sequer para pensar, para refletir, para interrogar, para analisar, para perceber e isso cria doenças, algumas delas que ainda são desconhecidas.
Campanha de arqueologia subaquática de Cascais em curso
A campanha anual de arqueologia subaquática do município de Cascais começou este ano em meados de agosto e prolonga-se até novembro em várias zonas do litoral do concelho.
A campanha do Projeto de Carta Arqueológica Subaquática de Cascais, em parceria com o Centro de Investigação da Escola Naval e a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, articula-se com a equipa Mar, da Cascais Ambiente, no sentido de avaliar o estado de conservação do património cultural subaquático já referenciado e simultaneamente proceder ao levantamento da biodiversidade existente em várias zonas do litoral.
Nesta primeira fase os trabalhos decorrem entre a Bafureira e o Bugio, o que permitirá a monitorização da Área Marinha Protegida das Avencas (AMPA), Ponta de Rana, S. Julião da Barra e os naufrágios do Bugio.
A campanha tem como objetivos a caraterização arqueográfica e histórica dos despojos identificados e que eventualmente possam vir a ser descobertos, garantir a conservação preventiva de objetos salvaguardados do meio aquático e avaliar o estado de conservação de objetos que permanecem no local.
Finalmente, a campanha serve também para incentivar e acompanhar a continuação dos censos da biodiversidade e validar os protocolos usados. S.R.S.
Jornal C 100 assinala abertura do ano escolar
As novidades são muitas. Da alimentação, matéria em que a autarquia se bateu por uma elevação dos padrões de qualidade, à beneficiação e requalificação de 35 escolas do Pré-Escolar e Primeiro Ciclo, cujo investimento ronda os 2,2 milhões de euros, da requalificação dos espaços de recreio da escola do 1º ciclo, cumprindo aquilo a que se designou por Estratégia do Brincar, à reorganização das Atividades de Enriquecimento Curricular, do tempo dedicado à aprendizagem informal, passando pelo ensino técnico-profissional ao projeto-piloto do Agrupamento de Escolas de Carcavelos ou ao Programa Escolar de Sensibilização Ambiental, tudo são passos para esta nova Escola que Cascais procura fundar.
Esta edição 100 do C antecipa também informação sobre um dos grandes eventos que marcam o ano em Cascais, dedicando as páginas centrais ao Lumina.
Apresentação do programa cultural e artístico de Cascais
A Câmara Municipal de Cascais e a Fundação D. Luís I apresentam o programa cultural e artístico de Cascais para o último trimestre de 2018 e destaques para 2019, nos Jardins da Casa das Histórias Paula Rego, no dia 12 de setembro às 11h00.
Entre as dezenas de iniciativas a apresentar em áreas tão diversas como a música, as artes plásticas, os acervos e a educação, destaque-se desde já a apresentação de um novo Programa Internacional de Residências Literárias, da estreia mundial de uma retrospetiva do prestigiado fotógrafo Norman Parkinson, do lançamento da fotobiografia e do disco de obras inéditas do compositor Fernando Lopes-Graça e da próxima exposição de Paula Rego dedicada aos anos 80. AQ
Cascais Vela 18 entrega troféus em final de tarde animada





















A 18ª edição do Cascais Vela terminou hoje ao final do dia num ambiente de festa e animação. Esta prova contou com a participação de 75 barcos e mais de 300 velejadores. Maria do Céu Garcia, adjunta de Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais entregou os prémios aos vencedores.
Na Classe Moth em 1º lugar ficou Francisco Andrade, do CVVCastelo, em 2º Henriques Brites, seguido por Fernando Bello, ambos do CNCascais e o 4º classifcado foi Tiago Leal da ANMadeira.
Diogo Pereira do CVAtlântico obteve o 1º lugar na Classe SB20, José Paulo Ramada do CNCascais/CDPedro obteve o 2 lugar e em 3º John Tavares da ANMadeira.
Na Classe ORCA os três primeiros lugares couberam a António Henriques que concorreu a título individual, António Noronha do ANL e Jorge Quiroga do CVTejo, respetivamente.
Quanto ao ORCB os três primeiros classificados foram: Nuno Neves do CVTejo, Gonçalo Vaz Botelho do CNVFC e Frederico Rodrigues do CVPortugal.
Os três vencedores da Classe APIC foram Luís Filipe Gasparinho do ANS; Manuel Champalimaud do CNCascais e António Jorge do ANL. Na Classe NHC, Tiago Matos do ANL; João Pacheco de Castro do Clube de Vela de Portugal e Carlos Oliveira do CNCascais, obtiveram os 3º primeiros lugares, respetivamente.
O Clube Naval de Cascais volta a atingir um nível competitivo e um patamar de excelência ao receber esta 18ª edição do Cascais Vela, evento motivo de orgulho para o Clube, para o Município de Cascais e para o País, considerada a maior regata nacional do ano e uma das mais importantes provas clássicas por reunir os melhores velejadores e barcos de Portugal. AQ
Análise às águas da Praia da Rainha revela parâmetros de qualidade
Um resultado semelhante aos já registados anteriormente naquela e nas praias circundantes.
Nesse sentido, a autarquia informa que a praia em questão está em perfeitas condições para a prática balnear.
David Fonseca. Um espetáculo inesquecível nas Festas do Mar















David Fonseca deu um espetáculo de música, luz e cor inesquecível na Baía de Cascais. Com a sua vitalidade e criatividade e a interação com o público que enchia a Baía proporcionou momentos únicos.
“Estas festas têm umas características muito especiais que fazem delas uma espécie de acontecimento especifíco desta zona de Cascais.Tem a ver com a paisagem, com a Baía onde estamos”. Esta festa “tem alma de verão, uma sensação de feel good, uma festa muito positiva. E é por isso que continua a ter o sucesso que tem tido ao longo de todas as edições que faz, para além de ter umas das melhores organizações de sempre pelo país”, acrescentou David. “O público aparece e reconhece este trabalho que é feito neste local para ele”, salientou.
Neste concerto David Fonseca quis fazer “um espetáculo festivo e que percorresse várias zonas da minha carreira musical, com alguma incidência no meu último trabalho “Radio Gemini” e que tivéssemos uma festa. Eu diria que sim, Cascais foi uma aposta extremamente ganha”.
Salientar um momento alto da noite proporcionada por David Fonseca e a sua banda é difícil, mas o público a cantar “Oh My Heart” ou Kiss Me em uníssono com o artista, ou “O Corpo é que Paga” de António Variações e “You Thing I’m Sexy” de Rod Stewart. As bolas gigantes a serem “jogadas” pelo público, o canhão de corações de papel, e o “mergulho” do artista para a multidão, são alguns, entre tantos outros.
A abrir o palco da sétima noite das Festas do Mar esteve Ivo Lucas, ator que decidiu ser cantor há 9 anos, a primeira vez que subiu ao palco mais perto do Atlântico, a convite da sua irmã.
“Eu sabia que Cascais ia receber-me bem. Estive neste palco há nove anos a convite da minha irmã e a forma como me receberam foi aquilo que me fez decidir, é isto que quero fazer para o resto da minha vida”, disse Ivo emocionado no final do concerto. Hoje não “estava à espera que fosse tão bom, tão forte, não tenho palavras. Arrepiei-me muita vez no palco. As Festas do Mar é o melhor palco que pisei até hoje”. AQ
Gisela João cantou e encantou com garra e coração


















Mais uma vez Gisela João foi igual a si própria no concerto nas Festas do Mar com a autenticidade com que interpreta as suas canções com garra e coração.
“Foi espetacular. Foi ótimo e estou super-feliz. Ainda estou a descomprimir”, confidenciou a fadista após o seu envolvente concerto que tocou profundamente milhares de fãs atentos na Baía de Cascais.
“A reação do público foi super boa. As pessoas a rir, a dançar, muito compenetradas também, e eu gosto disso”, contou sorridente.
“Sempre que subo ao palco tenho essa esperança de tocar no coração nem que seja de uma pessoa, no meio de dez mil, a quem consiga mexer no coração e mudar-lhe a vida, fazer com que alguém questione as coisas, que acorde no dia seguinte a pensar que pode mudar o mundo e que é capaz de tudo. É isso em que acredito todos os dias, senão não conseguia cantar”, acrescentou.
Para a cantora, durante o seu concerto “momentos especiais foram todos”. Quando canto ’O Meu Amigo Está Longe’, e penso no meu avô, nos últimos tempos, é bastante forte”, concluiu a sempre sorridente fadista, autêntica “Beyoncé do fado” que domina o palco e traz este género musical a novos públicos.
A abrir a sexta noite das Festas do Mar esteve Elisa Rodrigues, que é já uma referência no Jazz português. Cascalense e estreante no palco mais próximo do atlântico.
“A emoção de cantar em casa foi diferente. Estava à espera de estar mais nervosa. Mas em palco senti-me muito emocionada, foi muito forte, foi mesmo diferente dos concertos que já fiz”, disse a cantora no final do espectáculo.
Com um álbum lançado em maio, “As Blue As Red” produzido por Luísa Sobral, Elisa já cantou com Rodrigo Leão e António Zambujo, entre outros. Um nome a fixar para os amantes de Jazz.
A noite começou nos Paços do Concelho para o já tradicional Fado à Janela. Gonçalo Castelbranco e Matilde Cid encantaram uma praça cheia. S.R.S/ AQ
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