Dia do Brincar | Pelo direito a crescer saudavelmente
Pare! Por um momento, experimente fechar os olhos e relaxar. Deixe-se transportar gradualmente para a sua infância, revivendo e recordando os sentimentos que isso lhe traz. Lembre-se das brincadeiras, dos companheiros de jogo, dos espaços por onde brincava. Permita-se sentir, lembrar e recriar essas emoções para dar vida a esse sentimento de ser criança. Hoje é Dia do Brincar!
Abra os olhos…o que sentiu? Que momentos de brincadeira recordou? Onde estava? Com quem brincava e quem foi acompanhando as suas aventuras? Quais eram os seus brinquedos favoritos? Tinha um cantinho secreto para brincar? Muitos joelhos esfolados?
Talvez não o tenha presente, mas todos esses momentos de jogos e brincadeiras foram momentos preciosos de inúmeras aprendizagens que conserva até hoje, adulto. Hoje que é mãe, pai, avó ou avô, irmão ou simplesmente família de uma ou mais crianças, ainda hoje leva consigo tudo o que conquistou a explorar o mundo a brincar desde que era bebé.
E agora que tem as suas crianças a fazerem as suas próprias descobertas pelo mundo, e ainda para mais num mundo que de um dia para o outro pode parecer tão incerto e inseguro, vale a pena cuidar e investir nesta ferramenta valiosa para a vida que é o BRINCAR e ajudá-las a crescer com harmonia e bem-estar.
Sabia que?... A atividade lúdica está desde sempre presente nas sociedades humanas?
O jogo e o brincar permitem às crianças e adultos a oportunidade de se experimentarem e ao seu ambiente, improvisando e descobrindo, construindo e inovando. A observação e a investigação têm fornecido dados que levam a constatar que o brincar parece presente em todas as culturas e em diferentes épocas, quer no passado, quer no presente, sendo como que um elemento cultural universal.
Sabia que?.... Brincar é um Direito da Criança, reconhecido pela Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, no Art.º 31, que Portugal ratificou em 1990?
O artigo 31º consagra que “os Estados Partes reconhecem à criança o direito ao repouso e aos tempos livres, o direito de participar em jogos e atividades recreativas próprias da sua idade e de participar livremente na vida cultural e artística" e a realização deste direito é fundamental para a qualidade da infância e para o direito das crianças a um desenvolvimento saudável.
E porque é que o direito ao Brincar é tão importante?
O brincar livre, em particular, é a forma de a criança explorar e aprender, desenvolver novas habilidades e competências, para se ligar aos outros, para descobrir e seguir os seus interesses, explorar o desconhecido, ligar resultados a escolhas, ultrapassar medos, fazer amigos. O Brincar é assim central ao bem-estar emocional e saúde mental das crianças. Brincar é a atividade primordial da criança em desenvolvimento, é a sua linguagem natural e a forma de se relacionar com o mundo. Cabe aos Estados que assinaram a Convenção e aos adultos responsáveis criar condições para que este direito se possa realizarem pleno.
E o direito ao Brincar no meio de uma pandemia?
Brincar ajuda as crianças a ficarem bem fisicamente e mentalmente. Faz parte do dia a dia de uma infância saudável e feliz. A brincadeira pode ser ainda mais importante durante uma crise como a atual pandemia de coronavírus, uma vez que ajuda os seus filhos a melhor gerirem as suas emoções e manterem a sensação de que tudo está e pode ficar bem.
Durante uma crise, brincar é a maneira da sua criança se manter emocionalmente saudável; se manter fisicamente ativa, fazendo algum exercício; relaxar e esquecer as preocupações; entender todas as novas experiências e mudanças no mundo que a rodeia; lidar com sentimentos difíceis ou assustadores; viver alegria e diversão; e até haver espeço para amuos e birras.
Uma das maravilhas do brincar é que ele é praticamente ilimitado. Há um universo enorme de possibilidades a explorar que têm impacto nas quatro dimensões do desenvolvimento das crianças: físico, cognitivo, social e emocional.
O que posso fazer para realizar o direito ao brincar dos meus filhos durante esta pandemia?
Sabemos o quão importante é para as crianças ir ao parque, jogar com outras crianças ou correr livremente, por isso a situação atual de pandemia é ainda mais exigente para os pequenos e para toda a família, que se vê agora privada dos seus contextos habituais de lazer no exterior.
Lembre-se que não há fórmulas mágicas e que o mais importante é a criança sentir a sua presença e disponibilidade numa atitude ativa, empática e respeitosa, que fortalecerá os vossos laços afetivos.
Aproveite para criar ambientes ricos e estimulantes. Brinque, dê asas à imaginação, aproveite para descobrir novos talentos, seja na cozinha ou no desenho. E dê colo…em qualquer idade não há porto mais seguro que o colo dos pais.
Brincar é uma atividade universal, é um Direito da Criança e é dá muito prazer em qualquer idade, em qualquer lugar. Os adultos são os principais agentes para afirmar este importante direito durante a infância e ao longo da vida. Acima de tudo, estejam presentes, divirtam-se, envolvam-se e disfrutem de, pelo menos, 30 minutos juntos por dia a brincar!
“Todas as pessoas grandes foram um dia crianças – mas poucas se lembram disso.”
(Antoine de Saint-Exupéry, in “O Principezinho”)
BRINCAR NA INCERTEZA E PARA O DESAFIO é o tema da Conferencia Europeia que se realizará em Cascais em Maio de 2021. Uma organização conjunta com parceiros estratégicos do Município de Cascais, nomeadamente, a Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa e a International Play Association (IPA) - Delegação de Portugal.
Durante dois dias e meio, a uma escala europeia, a comunidade educativa de Cascais, conjuntamente com peritos nacionais e internacionais terá a oportunidade de apresentar e debater experiências, sobretudo considerando o período de incerteza e confinamento vivido em 2020.
Em que medida brincar ajudou a promover tempos construtivos em família?
Brincar ajuda-nos a reduzir a ansiedade e a lidar com o imprevisto?
A atividade lúdica influencia o nosso humor e disposição para as tarefas do dia a dia? Com esta iniciativa pretende disseminar-se uma cultura aprendente sobre o jogo e o brincar, numa combinação de estudos científicos e experiências práticas locais, nacionais e internacionais.