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João Sousa: Como se prepara um campeão

Frederico Marques não está na sombra de João Sousa, pode-se dizer até que é a sua própria sombra. Isto é, acompanha-o na competição, em repouso e, quantas vezes, no lazer.
 “O João tem a sua namorada em Barcelona e a minha também lá está. Ainda assim tentamos não estar juntos além do tempo de treino. Faz bem descansarmos um do outro”. Nessas alturas, garante Frederico Marques, procuram o equilíbrio fora da profissão: “Com um bom equilíbrio o ténis irá certamente ser melhor”, assegura. 
 
Vejamos então como é o dia-a-dia de João Sousa em Barcelona. Começa cedo: “Às 8 da manhã já está a pé e três quartos de hora depois no clube”. Madrugador e duro o arranque do dia: “Das 9 e 30 às 11 treina a componente física; das 11 e e 15 às 13 e 30 dedica-se à parte técnica, almoça até as 15 e 45 e às 16 volta ao treino de ténis até às 17 e 30. Das 17 e 30 às 18 e 15 faz alongamentos e volta para casa”. Uff… “e não se fica por aí”. Sim, há dias em que “das 18 e 30 às 19 e 30 tem sessões com a psicóloga” e depois, sim! “Vai para casa”. 
 
A alternativa, diz o treinador é, treino, competição, treino. Ora, é aí que Frederico Marques é uma espécie de sonda constante que processa os sinais físicos e emocionais do atleta, com o rigor de quem tem, depois, de lhe aplicar a terapia. Tratamento e profilaxia, ainda que conte, melhor, João Sousa conta com mais dois elementos: O preparador físico Marc Marti e a psicóloga Ana Soares, “além dos fisioterapeutas”, explica.
 
 Mas há um plano “semanal”, adianta. Um planeamento meticulosamente combinado: “Estou com o preparador físico todos os dias”, ainda que para isso deite mão à tecnologia que encurta distância e tempo, “o telefone, o email ou a mensagem”. É que a componente física é crucial, explica, “ela condiciona a restante preparação”. Frederico transmite ao preparador físico “as sensações do atleta e, de acordo com as sensações” mantém ou faz alterações ao plano semanal. “Por exemplo, no caso de estar a treinar em casa, o preparador físico assiste a uma grande parte dos treinos” observando ele próprio a evolução da condição física do atleta e introduzindo alterações ao programa em função dessa observação.
E, se há semanas em que “a prioridade é o treino técnico-tático”, outras haverá em que “a prioridade é a parte física, prevenindo lesões” através de exercícios para fortalecimento dos tendões ou trabalhando a flexibilidade. “Obviamente que sou eu quem realiza o treino de ténis, mas tento sempre que encontrar exercícios de acordo com a parte física que é necessário trabalhar”. 
“O João quando está em competição trabalha duas horas de ténis e uma hora de preparação física”, afirma o treinador. Quando regressa casa, João não para, bem pelo contrário: “realiza duas horas de ténis e duas horas de preparação física e mais uma hora com a psicóloga”. 
 
E porquê essa prioridade do físico na preparação do atleta? Frederico é categórico: “Hoje em dia o ténis é, cada vez mais, físico. Os atletas têm que ter, cada vez mais, força e capacidade de sofrimento”. E depois o calendário, acrescenta o treinador, “é cada vez maior”, reduzindo drasticamente o tempo de descanso. No caso de João Sousa, explica Frederico, “sendo um jogador do top 50 mundial” - para ser preciso é 34º no ranking ATP -, “tem de competir mais de 30 semanas por ano”, prossegue Frederico, o que se traduz num “desgaste enorme no plano físico, mas também psicológico”.
 
E como se recupera um atleta com desgaste? 
Vamos por partes, ainda que a recuperação seja um trabalho pluridisciplinar. Uns são os métodos para a mens sana… outros serão os processos para o … corporo-sano, se bem que sejam ambos indissociáveis. “Realizámos os banhos de gelo, entre outras técnicas, o que significa estar com o corpo mergulhado numa banheira gelada durante alguns minutos”, servindo isso para “recuperar de maneira mais rápida os músculos e combater possíveis inflamações”. Mas, acrescenta Frederico, “com alguns cuidados na alimentação, também se tratam e previnem lesões, recuperando atletas” de um dia para o outro. Que segredo gastronómico é esse?  “Uma boa dose de carbo-hidratos na altura certa, um bom peixe, assim como frutos secos e fruta em alguns momentos do dia, são a chave para que no dia seguinte esteja muito melhor fisicamente e mais tolerante mentalmente”. 
 
O João não é um aluno difícil: “É uma pessoa muito inteligente e tem uma capacidade de sofrimento muito grande. Quanto mais complicada é a situação mais forte fica. Adora estar sobre pressão. É nesses momentos que tira o melhor dele”.
E, como se descobre a aura de campeão de um jovem praticante? “Ser campeão não é ganhar torneiros, é querer sempre mais, garante o técnico de João Sousa. “O ouro deste desporto descobre-se”, garante Frederico Marques “quando vemos uma criança a competir sem medo de perder”.
 

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