CONTACTOS
Fale connosco
800 203 186
Em rede

Está aqui

Cascais tem novo museu dedicado aos bombeiros

Uma das melhores coleções do país e do mundo dedicada aos soldados da paz

A 6 de setembro de 2018, um incêndio atingiu mais de 430 hectares desde a Ermida de S. Saturnino, na Peninha, até às dunas da Cresmina. Esta quinta-feira, quatro anos volvidos, inaugurou-se o Museu dos Bombeiros de Alcabideche. Uma justa homenagem a todos os soldados da paz que estão sempre na linha da frente em prol da segurança de todos e na preservação do nosso património natural e edificado.

O museu instalado no quartel projetado em 1930 pelo arquiteto Norte Júnior para a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Alcabideche, ocupa os dois pisos deste edifício. Para além de elementos que contam a história desta Associação, desde a sua constituição em 1911, o novo espaço museológico  acolhe a melhor coleção de miniaturas e de material para combate a incêndios existente no nosso país. A coleção de José Manuel Geraldes está depositada na Câmara Municipal de Cascais no âmbito do PRADIM – Programa de Recuperação de Arquivos e Documentos de Interesse Municipal. Uma parte desta coleção, cujo espólio completo tem mais de 300.000 peças, pode agora ser apreciada na área de exposições temporárias no piso térreo do museu. 

O vasto espólio de José Neto vai, assim, permitir que sejam feitas exposições temáticas, que "podem até integrar outros equipamentos culturais do concelho, assim como ir renovando as peças no próprio museu", referiu João Miguel Henriques, diretor de Departamento da Câmara Municipal de Cascais e Responsável pelo Arquivo Histórico e Municipal de Cascais. 

"Estamos aqui hoje num dia que é simbólico porque assinalamos quatro anos do último grande incêndio no Parque Natural Sintra-Cascais e que apesar da grande entreajuda de todas as corporações do concelho, aqui a Corporação de Alcabideche sempre teve uma intervenção muito forte na defesa da serra", afirmou o presidente da CM de Cascais , Carlos Carreiras, momentos depois de descerrar a placa do novo museu, em conjunto com a família de José Neto, viúva, filhos e neto.

"Esta é, assim, uma homenagem não só a José Neto que serviu na corporação de Alcabideche, como a todos os homens e mulheres que servem nos bombeiros, não só de Cascais, mas de todos o país", acrescentou o autarca. 

Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Alcabideche
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Alcabideche, fundada a 17 de abril de 1927, resultou da fusão entre o Grupo União Alcabidechense, já existente em 1910 e a Estação de Socorros Contra Incêndios N.º 2, que a Associação Humanitária e Recreativa Cascaense estabelecera na localidade em 1911. Instalar-se-ia na sede do Grupo União Alcabidechense, inaugurada em 1926, a expensas de João Pires Correia, que custeou também os instrumentos e fardas para o agrupamento musical, assim como a primeira viatura de combate a incêndios.

O quartel gizado pelo arquiteto Norte Júnior no ano de 1928 seria ampliado em 1992, de modo a reforçar-se o auxílio que a Associação já prestava à comunidade, nomeadamente através de um centro clínico e da promoção de atividades culturais e desportivas, como o teatro, a dança ou o karaté, que lhe tem valido importantes troféus.

A coleção de José Manuel Geraldes Neto

José Manuel Geraldes Neto nasceu em Lisboa, a 23 de julho de 1942. O futuro chefe de pessoal do Hotel Estoril Sol e do Hotel do Guincho, que viria a integrar a direção da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Alcabideche, dedicou grande parte da sua vida ao colecionismo, paixão que nutriu desde tenra idade. O modelismo e a história dos bombeiros transformar-se-iam nas suas distrações prediletas, razão pela qual, em 1988, entre as 5 000 miniaturas da sua coleção já contava com 600 viaturas dos soldados da paz.

Para a constituição daquela que é considerada a melhor coleção de miniaturas de material para combate a incêndios existente no nosso país estabeleceria uma rede de permutas em Portugal e no estrangeiro, abraçando o estudo da história de cada um dos modelos que adquiriu, montou ou construiu de raiz. Para aprofundar os seus conhecimentos recorreu a uma infinidade de livros, jornais e revistas especializados, que lhe permitiu constituir uma grande biblioteca e um extraordinário repositório de todo o tipo de fontes.

Começou depois a colaborar ativamente na produção de textos para a imprensa e alguns dos mais importantes estudos sobre a temática, dando início a uma obra sobre a história dos bombeiros portugueses, que devido à sua meticulosidade estava longe de concluir quando faleceu, a 25 de julho de 2019.

A sua casa em Alcabideche transformar-se-ia, com o apoio da família, num verdadeiro museu. Em 1997, a coleção de miniaturas de carros de bombeiros já ultrapassava as 2 000 peças, às quais se juntavam milhares de exemplares de outros tipos de automóveis, brinquedos tradicionais portugueses e todo o género de peças relativas aos soldados da paz. As peças da sua coleção foram sendo exibidas desde 1981, nomeadamente na Feira Internacional de Lisboa, no Casino Estoril, na Junta de Turismo da Costa do Estoril, no CascaiShopping e em diversas coletividades do concelho. Em 2021 seriam depositadas no Arquivo Histórico Municipal de Cascais, no âmbito do Programa de Recuperação de Arquivos e Documentos de Interesse Municipal, em prol da sua preservação, organização e fruição pública.

Com o apoio da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Alcabideche foi possível encontrar o local ideal para acolher e promover a coleção de José Manuel Geraldes Neto, cuja obra se homenageia neste espaço em que se conta a história dos bombeiros da freguesia onde viveu. 

 

Cascais Digital

my_146x65loja_146x65_0geo_146x65_0fix_146x65360_146x65_0my_146x65loja_146x65_0geo_146x65_0fix_146x65360_146x65_0