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Economia 'VIVA' na SBE: Carlos Carreiras diz que é preciso mudar de rumo

Para o autarca de Cascais, a situação atual é "insustentável a prazo".
O Presidente da Câmara Municipal de Cascais afirmou aos estudantes de Economia da Nova SBE que se considera um "pessimista militante e irritante" porque não se conforma com o atual estado da economia portuguesa.
 
Carlos Carreiras, que falava na abertura de um ciclo de conferências organizado pelos alunos de economia da Nova SBE, na segunda-feira, referia-se ao elevado peso da dívida do Estado, das famílias e empresas, pelo que alertou ser necessário mudar de rumo para se obterem outros resultados.
Para o autarca de Cascais, a situação atual é "insustentável a prazo". 
 
"Quando falamos em défices, quais são os défices que estamos a criar por não fazermos investimentos realmente relevantes?
Isso leva-nos a uma coisa que ninguém vai fazer que é a discussão da própria reforma do Estado. Cada um de nós, enquanto cidadão, tem de perceber o que é que está à espera de ter de retorno dos impostos que paga. Nós temos expectativas muito mais elevadas do que aquilo que o Estado tem capacidade de fazer. Se juntarmos a isso as questões ambientais, o consumo exagerado de recursos em relação ao que produzimos, já para não falar nas crises geoestratégicas, uma pessoa tem de ser um pessimista militante e irritante", explicou.
 
Para Carlos Carreiras, neste sistema, está demonstrado, que não conseguimos pagar a divida e promover um desenvolvimento sustentável.
"Mas não é só o Estado que aumenta cada vez mais a dívida. Se olharmos para o conjunto do Estado, famílias e empresas vemos que se deve três vezes e meia mais do que se produz", sublinhou.
 
"Se isto fosse uma família, por exemplo, nenhuma poderia viver permanentemente a gastar três vezes e meia mais do que o que consegue arrecadar com salários. Pode ter um pico num mês, pode gastar mais porque comprou a casa ou o carro, agora não pode estar permanentemente nisto".
 
Para o autarca, "o que temos de definir é quais são as verdadeiras prioridades: investir na educação? Investir na Saúde? Ou andar por aqui a pensar que estamos numa zona de conforto mas que a prazo só nos vai criar desconforto".
 
Numa alegoria a um certo estado de anestesiamento social, deu como exemplo o que "dizem acontecer se se colocar um sapo numa panela de água fria e a formos aquecendo muito lentamente. Ele deixa-se ficar confortavelmente e acaba por morrer cozido. Mas se a água estiver a ferver, obviamente que salta da água imediatamente".
 
"Nós estamos um bocadinho a ser cozidos lentamente...estamos todos bem. E eu não acredito, sinceramente, que seja a minha geração ou até a geração mais velha que vão inverter este paradigma. Ou são os mais novos a dar a volta ou estamos mal", declarou.
 
O presidente da Câmara de Cascais também considera que "as palas da ideologia" impedem muitos de encararem os problemas reais e resolvê-los. "Os problemas estão aí. Ou se resolvem ou não se resolvem", disse.
 
Carlos Carreiras elogiou a iniciativa dos estudantes de economia da SBE que inseriu no âmbito da democracia participativa e colaborativa que, na sua opinião, "em nada põe em causa a democracia representativa, mas antes pelo contrário a reforça".
 
"Quando os jovens debatem ideias diferentes, até por via das várias nacionalidades presentes na SBE, conseguem com essa diferenças valorizar novas ideias e, por isso, devem ser incentivados", afirmou.
 
A diferença deve ser valorizada, disse, sublinhando: "Nós, como portugueses, conhecemos aquela máxima dos nossos velhos marinheiros que dizia que se seguirmos sempre as mesmas rotas, os mesmos ventos, vamos chegar sempre aos mesmos sítios".
"Eu sou daqueles que não estão satisfeitos. Isto implica mudar de rotas, seguir outros ventos, para chegarmos a sítios diferentes", afirmou.
 
A "Economia Viva" é o maior ciclo de conferências sobre economia organizado por alunos em Portugal e decorre anualmente na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa.
Ao longo de uma semana são debatidos temas diversos por académicos, especialistas, políticos e alunos. S.R.S.
 

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