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No Bairro da Torre os muros chamam-se telas e as pontes constroem-se

A tarde especial passada no Bairro da Torre, a propósito da inauguração de um estúdio de gravação, destapava uma obra mais perene: a vontade de construir pontes, desde logo com vizinhos do bairro ou mesmo do bairro vizinho, mas também a vontade de desconstruir muros simplesmente pintando-os de sonhos, como se fossem telas. E foi assim que o bairro decidiu o seu futuro, para que conste.

Um ano depois de, em plena Assembleia Municipal, reivindicar apoio para o seu projeto de construção de um estúdio de gravação em pleno Bairro da Torre, lá estava o Hélder a prestar contas: “Foi removido o telhado de amianto, o suficiente para instalarmos aqui o estúdio de gravação”, dizia o jovem apontando na direção de uma sala, o improvisado estúdio, paredes improvisadamente insonorizadas e decoradas com painéis de lã de rocha, “para melhorar a acústica”, justificava. “Mas ainda falta muita coisa…” dizia de um só folgo, para que não se pense que o projeto fosse ficar por ali.

É claro que o estúdio, onde Hélder promete levar grandes nomes do Hip Hop, é apenas o pretexto e um bom pretexto, diga-se. E desse pretexto pouco se falou durante a tarde. A simplicidade do edifício, duas salas térreas contíguas, contrastava com a grandeza do projeto: por um lado sacudir a desesperança dos jovens, o desemprego, a baixa escolaridade, por outro desconstruir os olhares preconceituosos com uma explosão de arte urbana nas paredes de um bairro “fragilizado”. Tudo parecia simples: transformar as paredes umbrosas do bairro em telas, enormes telas, depois arrebatar a atenção dos turistas pela arte urbana, ganhando algo com isso, porque, justificaria Hélder, sem dinheiro muito do queremos fazer fica prejudicado. Pois bem mas, regressemos ao sonho, ali, no Bairro da Torre, na Rua das Estrelas do Mar, esse primeiro grande passo tinha sido dado. “A maior parte das empenas sombrias dos prédios do bairro tinham sido transformadas em arte. E aconteceu de forma tão evidente que, depois de um grupo mais restrito ter contaminado os vizinhos, ameaçava adora saltar para outros bairros, mais distantes. Na verdade, a arte improvisava pontes que ali estavam prontas para serem inauguradas.

Um grupo de jovens do bairro da Galiza, ali presente, bebia na experiência dos artistas da Rua das Estrelas do Mar os alicerces do seu próprio projeto. E, nem de propósito, diria um dos jovens do Bairro da Galiza: “Sr. Presidente podia pedir ao Vhils, que vai ter um museu em Cascais dedicado à arte urbana, que use uma das nossas paredes”. Sorrisos. Afinal que mais se pode oferecer a um artista que não uma tela? O presidente da Câmara, Carlos Carreiras seria o intermediário, a ponte, neste caso, entre aqueles jovens que davam os primeiros passos na arte urbana e o mestre Vhils. O pedido não cairia em saco roto. E por que não, sugeriria o presidente, ver, um dia destes, uma das vossas obras no Museu de Arte Urbana ao lado das obras do Vhils? Mais sorrisos, muitos sorrisos. Mas era mais uma ponte que ali erguia pilares,  uma ponte para um sonho que ambos, os da Torre e os da Galiza, cozinhavam. E de pontes se falaria na verdade, embora o pretexto fosse a inauguração daquele espaço. 

No Estúdio dos Jovens das Estrelas do Mar, num Rap improvisado, Carlos Carreiras faria rimar “Cascais” com “queremos muito mais” e a rima não parecia nada estranha aos jovens da Torre e da Galiza.

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