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Procuram-se coentros na EB1 de Trajouce

A dona ervilha, o senhor brócolo, a dona alface, enfim, estavam lá todos… legumes e frutas. Ou quase todos… afixados na parede do refeitório. Foi um trabalho escrupuloso da família escolar: alunos, professores e funcionários. Tudo para receber o chef Sebastião Castilho. Na verdade, nem todos os expostos caberiam na ementa do dia. E ainda bem porque, como diria o chef, “misturar os legumes todos, baralha os miúdos”.

Bom, mas comecemos pelo trabalho de casa, cumprido por toda a família escolar do EB1 de Trajouce. Os miúdos fizeram a limonada, decoraram o refeitório com imagens dos legumes e frutas.  E o chef mal chegou, não perdeu tempo. Foi visitar a horta da escola.

A ementa ditava então: sopa de legumes e salmão. Para sobremesa, tangerina. Isto, dito assim, parece tarefa fácil. Mas não é! É muita cor e muitos sabores à mesma mesa e, sobretudo, a textura. Mas, vamos por partes. O chef pegou nos ingredientes da sopa, engrossou-a um bocado: “em vez de caldo, fez um creme” e, depois, adicionou-lhe duas ou três ervilhas inteiras e uma pequeníssima folha de couve. A ideia, explicou depois, é habituar os miúdos aos sabores e também às texturas dos alimentos.

E houve quem não achasse piada. A Sofia, por exemplo, remexia a sopa e, à décima volta a colher lá seguia para a boca, sem a ervilha, claro. A Lara dizia em surdina: “Ela não gosta muito de sopa”. De facto, pelo que Lara dizia, a Sofia não tinha nada de pessoal contra estes pedaços de ervilha banhados em creme de legumes. Apenas não gostava de sopa e esta era só mais uma. Não sabia a Sofia o que estava a perder. Numa pequena ervilha cabem a vitamina A, a B6, a B12, a D, a C, ferro, cálcio, magnésio… enfim, uma fartura de coisas boas e importantes que estavam a escapar à Sofia.

Sofia nem sequer tinha provado a textura ou o sabor da ervilha. Mas como dizia o chef Sebastião, “é preciso vender também pela cor e pelo cheiro. E esquecemo-nos, muitas vezes, que os miúdos têm tudo isso muito apurado. Cheiram antes de comer”.

Numa outra mesa, o Daniel engolia a sopa, com ervilhas e couve, mas ao seu lado o Diogo torcia o nariz. “Às vezes dizem que não gostam, mas na verdade nem sequer chegaram a provar. As crianças não têm a nossa paleta de sabores e de cheiros. Vão crescendo e não precisamos de os traumatizar. Digam-lhe que provem um bocadinho e deem-lhes o direito de não gostar”, sustenta o chef Sebastião Castilho.

Depressa ou pausadamente a sopa lá foi toda e chegou a vez do peixe. Como que aprendendo com a sopa, Sebastião Castilho escondeu-lhes uma novidade nos pedaços de salmão. Ao arroz juntou-lhes a cenoura e os brócolos, mas o salmão tinha um sabor especial. O que era afinal? Ninguém descobrira e, por mais que olhassem para os protagonistas afixados na parede, não teriam como descobri-lo. O chef lá explicaria. Bem escondido num molho de azeite aromatizado, uma pontinha de sal e alho lá vinham os coentros, moídos - de tal forma que não restavam sinais. A não ser, claro está, o sabor, que para a maioria dos pequenotes era mais uma nova experiência. Ora, ao contrário dos Brócolos, da ervilha e da couve os coentros estavam muito bem disfarçados. Até parece que quem se esqueceu de os representar em desenho na parede o fez de propósito. Isso, nós não sabemos. O que sabemos é que o Daniel, o Diogo, a Sofia e a Lara e mais cerca de 100 miúdos da EB1 de Trajouce não deixaram nada no prato. H.C.

 

Cascais Digital

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