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A Tia Cátia escondeu a Garoupa

Sto António nos valha! Aonde a Tia escondeu a Garoupa?

O dia prometia na Escola Básica Integrada de Sto António da Parede. Sabia-se já que, em matéria de almoço, a Tia Cátia iria transformar a refeição num momento muito especial, isto sem desfazer nas competentes cozinheiras que, todos os dias, afagam o estômago da rapaziada. Desta vez às cozinheiras da casa, coube uma sopa deliciosa que levava grão, também ele escondido… bom, mas isso mais adiante explicaremos.

Para já, voltando ao espaço exterior, onde os miúdos procuram ganhar apetite, no fundo, o grande argumento para o assunto que se segue, corriam desalmadamente, espreitando aqui e ali, por baixo dos bancos, atrás dos arbustos, procurando colegas bem escondidos nas veredas do recreio. O tema da brincadeira era mesmo “O Apanha”, universal nesta linguagem de criançada que é, como diz Carlos Neto, “encontrar e ser-se encontrado”, um jogo, portanto.

Ora, este jogo, era jogado competentemente, quer por parte dos que se escondiam, quer pelos que acabavam por ser encontrados. Na verdade, aquele espaço exterior da Sto António da Parede é um convite permanente à procura e à descoberta, como aliás deve ser uma verdadeira escola: As árvores de tronco espesso, a vegetação frondosa, recantos tapados pela sombra, enfim um manancial de lugares que puxam pela imaginação, um enorme campo de inspiração da pequenada, também eles exímios na ostentação das suas propriedades camaleónicas. E, do outro lado, perfeitos descobridores, sempre alerta, acuidade visual, olhos de águia, ouvidos atentos, em suma todos os sentidos em alerta permanente, competências de um descobridor nato, sagazes, até capazes, às vezes, de descobrir com entusiasmo o que já fora descoberto, se para efeitos do jogo fosse necessário, claro! Enfim, profissionais do encontrar e ser-se encontrado, aliás, não há por ali memória de, terminado o jogo, alguém ter ficado por encontrar e essa é uma prova irrefutável.

Lá mais noutro canto, num campo sintético, duas equipas disputavam uma verdadeira final do campeonato da bola. Duas balizas e duas tabelas de basquetebol, estas por agora olimpicamente ignoradas, davam espaço a dois coletivos perfeitamente equilibrados. Dizemos equilibrados porque democraticamente, como convém, a equipa dos mais habilitados para o jogo do pontapé na bola, concediam aos adversários meterem em campo mais alguns jogadores, para a coisa se equilibrar. E a coisa equilibrava-se mesmo. Lá está, básico: se queremos jogar e mostrar os nossos dotes temos de ter pela frente um bom adversário, como quem diz, um bom desafio.

Pois bem, era mesmo um bom desafio que a nossa Chef de hoje, a Tia Cátia Goarmon tinha pela frente. Perguntamos à rapaziada cá fora se sabiam o que tinham para almoço e a resposta era elucidativa: Peeeixe! Um peixe que para além de pronunciado com o prolongamento da tónica, saía pelo canto da boca e isso quer dizer tudo. Bom, mas que se pode esperar de uma escola que tem como patrono um Santo António que é mais facilmente escutado pelos peixes? Deixemos para já os sermões do Santo e concentremo-nos na cozinha da escola.

Uma cozinha ampla, arejada, que apetece frequentar, mesmo pelos hereges das artes gastronómicas. E lá estava a Tia Cátia, como é dia de peixe, diríamos como peixe na água. Cortava cebolas em rodelas, enquanto a Ana Fernandes ralava ovos cozidos e a Manuela Faro preparava os brócolos. Ora, logo ali teríamos ingredientes suficientes para uma boa conversa: Ó Tia Cátia, lá os ovos ainda percebo, agora cebolas e bróoculos? Perguntamos nós prolongando a tónica. A tia Cátia percebeu e explicou: Eles só podem estranhar a textura da cebola, mas gostam do sabor adocicado. E, quanto aos brócolos, disse: É importante habituá-los a novos sabores, introduzindo-os aos poucos. Ora aqui está um bom recado para os pais: Habituem os filhos a novidades, quer na palete de sabores quer na paleta da vida.

Entretanto, as enormes garoupas punham a cabeça de fora do forno, como os peixes do sermão do Santo António, enquanto as batatinhas descascadas e cozidas eram distribuídas em tabuleiros que posteriormente seriam cobertas por um refogado de cebola, alho, cenoura e muitas aromáticas frescas.

- Os ingredientes são sempre os mesmos, diz-nos a nossa Chef. De facto, aí não havia novidades.

E lá deixamos a Tia Cátia naquela tertúlia gastronómica, porque é assim que parece ser a sua presença na cozinha, uma conversa assertiva entre ingredientes, modus operandi e a obra.

O perfume era um género de trailer, em bom português um resumo apelativo do que adiante iria acontecer.

As crianças foram entrando, um pouco inebriadas pelo perfume, curiosas pela artista e desconfiadas pelo peixe. Sentaram-se e de garfada em garfada limpavam os pratos, perdendo a cada garfada a desconfiança. A refeição foi seguida de um momento de afetos. A mesa sempre foi uma ferramenta da diplomacia e uma boa refeição pode ser um tratado de paz e o início de uma prolongada amizade, diz-nos a História. E a Chef distribuía autógrafos e abraços com a mesma facilidade com que cozinha.

Mas, valha-nos Santo António! Aonde a Tia Cátia terá escondido a garoupa? Pois bem, querem mesmo saber? A meia dúzia de garoupas grandes e assadas, foram desfiadas e escondidas no meio das batatas. E desta vez, a pequenada nada pode fazer. Mesmo o mais competente descobridor não deu por nada ou, se deu, fez vista grossa. Aqui está, os ingredientes, como disse a Tia Cátia, são sempre os mesmos, como diria um Picasso relativamente às cores. E esta obra passou-se a chamar “A Garoupa Escondida à moda da Tia Cátia”.CMC/HC/AL/MC/PM/LB

 

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