Está aqui
Vamos farejar o ambiente


















O pinheirinho, junto à Associação São Francisco de Assis (ASFA), veio mesmo a calhar, terá pensado o Scot e, assim que com ele se cruzou, alçou a pata traseira e aliviou a bexiga, como primeiro momento de uma manhã inesquecível. Seria uma manhã diferente como são todas as manhãs do último Sábado do mês, desde 2013, altura em que a Associação S. Francisco de Assis criou o que designou por Trilho Canino, um momento em que os cães, ali hospedados à espera de dono, são passeados por voluntários numa caminhada que este sábado tinha como destino o Pisão.
Pois, mas este era um sábado especial, já que o Trilho Canino fazia exatamente 11 anos. Voltando aos personagens principais, o Bolonhas, ainda em fase de adaptação ao novo dono ocasional, que se voluntariou para o passear, olhava de soslaio para o Scot, num género de vergonha alheia: Ai, ai… este Scot, ainda mal acabou de conhecer o seu voluntário já alçou a pata sem pedir licença. Pois, mas o Scot não é cão de fazer cerimónias, já o Bolonhas é, na verdade, um rafeiro muito mais reservado.
Ora o Boeiro, o Fany e a Georgina ainda não tinham sido entregues ao seu voluntário, mas já davam ao rabo, o que é perfeitamente normal, as suas memórias pavlovianas bem lhe diziam que este era o tal dia do passeio em que a paleta de cheiros vai refrescar.
Um grupo de jovens escoteiros, acantonado num banco à entrada do canil, era rapidamente rodeado de canídeos, como fãs à volta da “estrela” à espera de um sinal. Eu fico com este, dizia um pequeno voluntário para o funcionário da ASFA e apontando para a Georgina. E ela, a Georgina, ladrava acenando o rabo, o que parecendo contraditório não é. Trata-se apenas de um agradecimento pela atenção.
Agora, já todos os rafeiros tinham dono, que é como quem diz, tinham voluntário.
Entretanto a euforia virava tertúlia, de cães, bem entendido. E o assunto era os 11 anos que a ASFA, em boa hora, inventara o trilho canino e o bolo que estava no Pisão à espera de quem soprasse as velas.
Ora os mais de 30 canídeos, acompanhados por mais de 60 voluntários, lá arrancaram a caminho do Pisão, para comer o bolo e cantar os parabéns. Bom para os canídeos o bolo está fora de questão, não que lhe torcessem o nariz, mas, na verdade, o açúcar não é um bom alimento para os seus cães. E cantar também não é o forte deles.
Agora, se o Scot falasse, ele, o rafeiro mais desinibido diria: “Adotem-nos! Adotem-nos porque estamos todos vacinados, micro-chipados e castrados. Enfim… prontinhos para conhecer uma nova casa”.CMC/HC/PM/NH