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CE 2019 | A corrupção é uma ameaça para a Democracia







“Se pensarmos que as atividades ilegais, onde se inclui a corrupção, movimentam quatro mil milhões de dólares por ano e consome cerca de ¼ dos recursos que temos à nossa disposição, compreendemos a urgência de combater este fenómeno”.
Foi com estes números impressionantes que Aminata Touré, Primeira-Ministra do Senegal (2013-2014) abriu o debate em torno da corrupção que considera envolver uma dimensão internacional pelo que exige ações e medidas transnacionais para o seu combate.
“ Precisamos de trabalhar em conjunto, trocar informações e consciencializar mais as pessoas e de alimentar a solidariedade entre todos porque nos deparamos com forças muito poderosas e bastante bem organizadas, com muitíssimos atores integrados em redes com imenso poder”, apelou Touré, acrescentando que a grande corrupção “é uma verdadeira ameaça ao desenvolvimento sustentável, não só em África, mas no mundo inteiro”.
Sérgio Moro é o nome incontornável e muito contestado por detrás da maior operação de corrupção levada a cabo no Brasil e que deixou a magistratura para se tornar no Ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil.
Por isso era esperada a questão colocada pelo moderador do debate, o jornalista Ricardo Costa: “Vê hoje a corrupção de uma forma diferente desde que é político?”
Sérgio Moro respondeu que a razão porque aceitou ser ministro tem a ver precisamente com a possibilidade de garantir que o Brasil continuava no caminho certo do combate à grande corrupção:“ Em muitos países verificou-se que quando caminhavam muito no combate a grandes casos de corrupção, depois, chegados a um certo ponto, havia sempre um retrocesso. Por isso aceitei este cargo, para consolidar os avanços realizados no Brasil e impedir que houvesse esses retrocessos”, explicou o Ministro.
Da sua experiência enquanto juiz e agora como ministro da Justiça, Moro defendeu que a grande corrupção envolve uma escolha racional, com riscos e oportunidades. Então, "para se combater essa corrupção, tem que se trabalhar para diminuir as oportunidades e aumentar o risco, através do controle democrático, usando mecanismos de transparência, prevenção, fiscalização e punição efetiva".
“ No caso do Brasil, não falamos de corrupção isolada mas de um ambiente de corrupção no qual o comportamento lícito é considerado a exceção. Temos que mudar isso, o facto de as pessoas acharem que esses comportamentos corruptos são o normal”, referiu Sérgio Moro que defendeu um sistema de reformas que permita reduzir a impunidade dos corruptos.
“ A redução da impunidade da corrupção disseminada é fundamental porque afeta a produtividade e corrói a fé das pessoas no regime democrático que é baseado no princípio de que quem infringe a lei tem que ser punido e de que os representantes da população estão obrigados a agir em prol do bem comum”, sublinhou Sérgio Moro, acrescentando que “ essa é a causa da perda de confiança da população nos governos”.
Já para Francisca Van Dunem, “ em Portugal legisla-se em excesso” pelo que o efetivo combate à corrupção no nosso país passa pela criação de mais meios, ou em torna-los mais eficazes, tanto para a prevenção como para a repressão, já que “o quadro legislativo que temos permite fazer muito mais do que aquilo que temos feito”.
A Ministra da Justiça aconselha a olhar para os países que desde há muito tempo têm os mais baixos índices de corrupção e aquilo que têm em comum.
Uma melhor distribuição da riqueza e bem- estar social, administrações públicas modernas, legislação robusta nas questões da transparência, mecanismos de controlo adequados, sistemas judiciais eficazes e sistemas de educação virados para a cidadania e o respeito pelos direitos humanos, são algumas das características dos países com melhor ranking no que se refere á corrupção.
Para além disso, é necessário “criar na população uma melhor perceção sobre o destino dos impostos e da necessidade de todos contribuírem para o bem comum e para uma sociedade mais justa”, afirmou Francisca Van Dunem.
À questão do que é que tem falhado nos grandes processos de corrupção, a Ministra da Justiça respondeu que o problema não está na fase do inquérito, mas na fase do julgamento. “ Hoje o Ministério Público está especializado e tem uma capacidade diferente no que se refere á investigação do grande crime, mas isso não acontece com os juízes e a produção de prova no julgamento”, acrescentou Van Dunem que defendeu a necessidade de “um debate alargado” para colmatar o que faz falta ao sistema judicial português para ser mais célere e mais eficaz.
Também para Joana Marques Vidal, a lei que existe é suficiente para termos melhores resultados do que aqueles que temos tido. “ Temos muitos instrumentos na nossa lei que podiam ser aplicados de uma forma mais estruturada e eficaz”, garantiu a antiga Procuradora- Geral.
A magistrada defendeu, ainda, que o combate à corrupção não pode ser considerado tarefa exclusiva dos tribunais: “ Há que desenvolver uma cultura cívica de integridade e criar mecanismos de prevenção e transparência”.
A grande ovação da tarde, por parte da audiência que encheu o auditório na Nova SBE, foi para a ex- Procuradora Geral que afirmou: "em termos democráticos não podemos deixar que o tema da corrupção seja o tema dos movimentos populistas porque há uma tendência para que esses movimentos autoritários se apropriem desse tema como uma bandeira. ESte é um tema central dos regimes democráticos e deve ser colocado como prioridade na sua agenda publica".
Igualmente para Janine Lélis, combater a corrupção passa pela renovação da forma de representação politica e pela urgência que os governos têm de responder as questões que preocupam as pessoas.
“Uma cultura institucional forte é fundamental neste combate ao crime organizado e cabe aos tribunais restabelecer a confiança das pessoas nas instituições públicas e no sistema político, cuja desconfiança abre caminho aos populismos”, defendeu a Ministra da Justiça e do Trabalho de Cabo Verde.
“Há uma imposição de renovação, ajustamento e de responsabilização dos partidos políticos e uma necessidade de incentivar a participação ativa dos cidadãos na realidade politica”, concluiu a Ministra.
A questão do instituto jurídico da “colaboração premiada” que existe, por exemplo, no sistema judicial brasileiro e americano, também foi abordada no debate, incluindo a possibilidade de aplicação desse mecanismo em Portugal nos crimes de corrupção.
Para Sérgio Moro não há dúvidas: “ a colaboração premiada é preferível à impunidade no caso da grande corrupção”. Para o atual Ministro da Justiça do Brasil “ Às vezes a colaboração premiada é a única forma de avançar na investigação e produzir prova. Através de um acordo com um criminoso menor, podemos chegar a um grande criminoso, ou estabelecer acordo com um criminoso poderoso para chegar a outros grandes criminosos”.
Mas a posição de Francisca Van Dunem é diferente: “As democracias devem respeitar as suas próprias regras mesmo quando combatem a grande corrupção e devemos ter muito cuidado com as restrições aos direitos fundamentais a todos os níveis”.
Para a Ministra da Justiça de Portugal, “ o combate à corrupção é uma equação complexa que envolve uma boa malha normativa e meios adequados de repressão e prevenção. Acho que ainda temos espaço para aperfeiçoar os meios de que dispomos e só se concluirmos que não são suficientes é que devemos estudar a possibilidade de aplicar outros mecanismos.”
“ É preciso perceber o que é que falha e o que temos de fazer para corrigir essas falhas e não avançar logo para mecanismos de exceção”, afirmou a Ministra sobre a colaboração premiada, concluindo que “ Não podemos combater o crime através de qualquer meio. As democracias têm que se elevar ao nível da sua exigência no respeito pela sua Constituição e de acordo com os princípios do estado de direito”
Já para Joana Marques Vidal, o “debate sobre a colaboração premiada em Portugal vai acontecer muito em breve” e defendeu que a utilização da colaboração premiada, em certos casos, permite chegar mais rápido à conclusão das investigações e à produção de prova.
Para a ex- Procuradora Geral, a “estrutura tradicional da investigação não consegue chegar a casos muito complexos e sofisticados que estão na base da grande corrupção e do crime organizado”, por isso é necessário uma “adaptação das estruturas judiciárias à complexidade das novas realidades que o crime organizado representa”.
Em conclusão, o que ficou claro neste debate, é que a corrupção é uma ameaça à democracia e aos direitos humanos fundamentais, impedindo o desenvolvimento sustentável nos países com mais indices de corrupção e, sobretudo, naqueles em que a corrupção é sistémica.
A corrupção gera desconfiança das pessoas nos sistemas politicos e nas instituiçoes públicas e abre caminho aos movimentos populistas que se apoderam do seu combate como bandeira. Daí a premência dos governos de todo o mundo cooperarem e estabelecerem um normativo comum para um combate mais eficaz. Esse combate deve, todavia, fazer-se sempre no quadro da democracia, com respeito pelos valores e direitos fundamentais, a todos os níveis.
A utilização de institutos jurídicos de exceção, como a colaboração premiada, não reúne consenso em Portugal que tem uma legislação considerada suficiente, mas que é preciso aperfeiçoar, assim como tornar os mecanismos mais efetivos e os meios mais eficazes. (PL)
CONFERÊNCIAS DO ESTORIL | Organizadas a cada dois anos, com o compromisso de promover debates racionais e escolhas informadas, as Conferências do Estoril vão na sua sexta edição procuram soluções locais para desafios locais. A organização da edição 2019 está a cargo do Estoril Institute for Global Dialogue, Câmara Municipal de Cascais e Nova School of Business and Economics com a parceria de diversas entidades e voluntários (mais info)
Padel Masters reúne os melhores do mundo em Cascais









“A vinda para Cascais de um dos mais importantes torneios do World Padel Tour é o resultado de uma estratégia da autarquia que aposta no desporto e que pretende colocar Cascais na primeira linha dos grandes eventos desportivos”, disse Nuno Piteira Lopes, vereador da Câmara Municipal de Cascais.
O torneio, que foi apresentado no Casino do Estoril e que contará com a presença de 5 jogadores do Top 100 Mundial, terá um prize Money de 100 mil euros e contará com as 50 melhores duplas do mundo, teve nesta conferência de imprensa a presença da vice-presidente do Instituto Português do desporto e da Juventude (IPDJ) Sónia Paixão, o presidente da Federação Portuguesa de Padel, Ricardo Oliveira, o diretor Internacional do World Padel, Hernen Augusto, o diretor do Torneio, João Martins e dois dos mais importantes jogadores, a portuguesa Sofia Araújo, 27ª no Ranking e 2º no Padel nacional e o espanhol Paquito Navarro, 3º no Ranking do World Padel Tour.
Sónia Paixão, vice-presidente do IPDJ destacou o facto de eventos desportivos desta natureza serem o resultado da “capacidade que Cascais tem vindo a demonstrar na organização de grandes acontecimentos desportivos nas diversas modalidades”.
Este evento que se estima terá mais 10 mil espectadores, 15% de visitantes, é também um espetáculo mediático que contará com a transmissão de todos os jogos do quadro principal, o que significará a transmissão de 31 jogos, e 62 em streaming, que se estima atinjam 1,5 milhões de espectadores em todo o Mundo.
GolfSixes joga-se pela primeira vez em Cascais
O GolfSixes, torneio de duelos em seis buracos, vai realizar-se pela primeira vez na Europa Continental, mais especificamente no Oitavos Dunes, na Quinta da Marinha em Cascais, dia 7 e 8 de junho, depois duas edições em Inglaterra.
Por ser a nação anfitriã, Portugal beneficiou de um wild card para participar no GolfSixes Cascais, fazendo com que os jovens golfistas Pedro Figueiredo e Ricardo Melo Gouveia unam forças para representar a Seleção Nacional no torneio.
Recorde-se que, o GolfSixes Cascais é uma competição com um formato inovador, uma vez que as 12 seleções que a integram mais as quatro beneficiárias do wild card - 16 no total - competem entre si em duelos (dois jogadores do European Tour) de apenas seis buracos no sistema de greensomes match play.
Mais informações:
https://www.facebook.com/GolfSixes
CE 2019 | O que tem o socialismo do séc. XXI na América do Sul de particular?





O que é que o socialismo do século XXI na América do Sul tem de particular? Para nos responder a esta pergunta Luís Alberto Lacalle começa por recorrer à História de algumas das nações que integram aquele continente.
Tudo começou com Fidel Castro que incendiou o entusiamo de muitos jovens que julgaram que o único caminho era a Revolução. “Daqui chegou-se aos regimes autoritários e às ditaduras militares que causaram muitas mortes, tortura, roubos e violação dos direitos fundamentais”, referiu Lacalle.
A queda do muro de Berlim foi apontada pelo Presidente do Uruguai como um marco na mudança de estratégia do socialismo na América Latina. A ideia foi a de utilizar os mecanismos democráticos, como as eleições, para chegar ao poder, em vez da luta armada e da guerrilha.
“ Os novos mentores do socialismo, utilizaram as eleições para se elegerem, mas uma vez chegados ao poder, trataram de destruir os mecanismos democráticos e mudar a Constituição, para legitimamente se perpetuarem no poder, esvaziando as leis constitucionais e acabando com a independência do poder judicial”, explicou o antigo Presidente.
A alteração de leis para perpetuação dos mandatos legítimos e o esvaziamento de poder das instituições democráticas, assim como a difusão das doutrinas socialistas através das instituições culturais e artísticas existentes como as universidades, os meios de comunicação social, o teatro e outras, para depois contagiarem toda a sociedade, foram os instrumentos utilizados pelo poder para disseminar a doutrina socialista no Uruguai, exemplificou Luís Alberto Lacalle.
Com é que é possível que este socialismo se torne dominante no conjunto das 20 nações que compõem esta região?
Carlos Mesa procurou responder a esta questão, afirmando que “o socialismo do século XXI legitima o poder de uma forma democrática, mas uma vez dentro da democracia, começa a destruir as instituições democráticas na sua essência, através da prorrogação ilimitada dos mandatos que mantêm os mesmos no poder durante décadas”.
Essa legitimação no poder não é contestada pela população porque, segundo o antigo Presidente da Bolívia, a abundância de recursos naturais energéticos trás prosperidade económica. Sem abundância económica não é possível alcançar esses resultados. “ Este não é um debate de como promover a inclusão ou combater a pobreza, mas um debate sobre a mentira destas ditaduras que dizem: só destruindo os valores democráticos é possível a prosperidade económica”, afirmou Carlos Mesa.
Por sua vez, Miguel Otero, cujo jornal foi impedido de circular na Venezuela, através do boicote de fornecimento de papel feito pelo governo, traz-nos um retrato negro da atual crise no seu país: “Na Venezuela não há um governo socialista, o que lá se passa nada tem a ver com o socialismo. Há é crime organizado e grandes associações criminosas a agirem com o aval do poder público”, garantiu o jornalista venezuelano.
“Toda a cocaína que chega à Europa provém da Venezuela. O regime protege o narcotráfico e tem parceria com a guerrilha colombiana. OS radares de deteção de droga estão desligados e os funcionários são coniventes com o tráfico e a corrupção”, salientou Miguel Otero.
O jornalista referiu, ainda, que a Venezuela se transformou no país mais inseguro do mundo, “com cerca de 35 mil assassinatos por ano” e afirmou: “ O regime utiliza os delinquentes para controlo social, forçando a que a classe média abandone o país para manter a população mais pobre sob controlo”.
Miguel Otero explicou como funciona o controlo repressivo do regime: Os chamados Coletivos são paramilitares pagos pelo governo sem qualquer tipo de organização legal. Estas forças armadas disseminam a cultura do medo, avançam sobre todo o país e exercem um com controlo rígido sobre a população para evitar os protestos e as manifestações. Este é um fenómeno único na América Latina”, referiu o jornalista.
“ A crise na Venezuela não é uma questão de derrubar uma ditadura, mas de crime organizado. Os indivíduos querem unicamente manter-se no poder e não tem nada a ver com socialismo. Estão dispostos a deixar o povo morrer de fome para se perpetuarem no poder”, concluiu Miguel Otero.
Também para Jorge Quiroga, ex-Presidente da República da Bolívia, a questão da Venezuela não passa por “acabar com uma ditadura, mas acabar com um regime criminoso” e faz um apelo: “ A comunidade internacional tem de criar uma frente unida e única de resgate á Venezuela.”
Para tal não basta que a comunidade internacional reconheça Juan Guaidó como legítimo Presidente da Venezuela, “é preciso fechar o cerco porque ser neutro significa que estamos a tomar o partido dos opressores”, garantiu Jorge Quiroga.
Em conclusão, do debate saiu a ideia de que não há socialismo sem democracia que é o instrumento basilar da construção de sociedade com respeito pela liberdade individual e coletiva. Pelo que "o socialismo do século XXI que existe na América Latina não é socialismo, mas a apropriação das instituições democráticas para legitimar as ditaduras, a repressão e a corrupção"
“ Falar do socialismo com ditadura faz parte de uma grande mentira histórica que foi revelado depois da queda do muro de Berlim”, afirmou Miguel Otero. (PL)
CONFERÊNCIAS DO ESTORIL | Organizadas a cada dois anos, com o compromisso de promover debates racionais e escolhas informadas, as Conferências do Estoril vão na sua sexta edição procuram soluções locais para desafios locais. A organização da edição 2019 está a cargo do Estoril Institute for Global Dialogue, Câmara Municipal de Cascais e Nova School of Business and Economics com a parceria de diversas entidades e voluntários (mais info)
CE2019 | " A UE tornou-se um líder mundial nas políticas fiscais", disse Pierre Moscovici
“Há um hiato cada vez maior entre os mais ricos e os mais pobres, as desigualdades estão a aumentar no seio da União Europeia, o que constitui uma ameaça para os direitos fundamentais e uma das causas do crescimento dos movimentos populistas, como se viu nas recentes eleições europeias”, referiu Pierre Moscovici.
O Comissário Europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, defendeu a necessidade de os governos adotarem uma política fiscal justa para que todos possam contribuir na medida das suas possibilidades para os gastos públicos e para que os governos possam apoiar os mais fracos.
Mas, para Moscovici, é também necessário controlar a qualidade do investimento público, porque os cidadãos estão muitas vezes descontentes com a qualidade dos serviços públicos e não consideram que os impostos que pagam com esforço individual esteja a ser bem aplicados, o que pode levar à evasão fiscal.
Os paraísos fiscais foram outra das ameaças à justiça fiscal, identificada pelo Comissário Europeu. Muitos cidadãos estão descontentes com o facto de os mais ricos e poderosos, como as multinacionais nos seus países, recorrerem à evasão fiscal através da sua sediação em paraísos fiscais. Como consequência quem paga impostos tem que pagar ainda mais e os governos perdem recursos necessários para reduzir as desigualdades e garantir os direitos fundamentais.
Pierre Moscovici afirmou, contudo, que muita coisa foi feita, no seio da União Europeia, para promover a transparência financeira e combater a evasão fiscal. “ A inação já não é uma opção para os membros da União Europeia”, afirmou o Comissário, referindo-se às 14 medidas para combater a evasão fiscal, propostas pela UE e adotadas pelos ministros das finanças dos estados membros.
Entre essas medidas, Moscovici apontou o fim do segredo bancário, incluindo em países que não são membros da UE, como a Suíça. Assim como a troca de informações entre os países europeus: “ Hoje não há paraísos fiscais na Europa. Todos os países têm IRC e eliminaram a taxa 0%. Temos que lutar por um enquadramento fiscal justo para proteger os nossos 500 milhões de cidadãos”.
A criação de uma “Black List” para os países que não cumprirem as regras de transparência e não cooperarem com os requisitos internacionais para combater a evasão fiscal, foi outra das medidas que está a funcionar, pois, “ ninguém quer fazer parte da black list e os países foram obrigados a adotar as regras comuns para não fazerem parte dela”.
Pierre Moscovici é perentório quanto à eficácia das medidas adotadas: “ A UE tornou-se um líder mundial das politicas fiscais na promoção da justiça global e na criação de regras para uma tributação comum”.
A tributação sobre a economia digital foi também apontada como uma prioridade para o Comissário Europeu: “É preciso garantir que todos participam no esforço coletivo de tributação”, referiu.
É necessário tributar “os gigantes digitais” onde criam lucros e valor, salientou Moscovici, lamentando o facto de quatro países terem votado contra a proposta, pelo que não foi aprovada, pois, exigia unanimidade.
“Não podemos aceitar isto para sempre se quisermos mais justiça fiscal, temos que lutar para que em casos destes baste a aprovação por maioria qualificada. Só assim é possível reduzir as desigualdades ou promover a justiça climatérica, entre outras coisas”, assumiu o político francês.
O Comissário Europeu defendeu, igualmente, mais poder de controlo democrático, por parte do Parlamento Europeu, das instituições executivas e a aproximação destas aos cidadãos: “Defendo um orçamento e um ministro da zona euro com controlo democrático por parte do Parlamento Europeu”, afirmou.
Todavia, Moscovini lembrou: “ Não devemos estar obcecados pelas regras mas sim pela pessoas, pela justiça e pela redução das desigualdades e isso é que é a Europa. Temos que aproximar a Europa das pessoas”. (PL)
CONFERÊNCIAS DO ESTORIL | Organizadas a cada dois anos, com o compromisso de promover debates racionais e escolhas informadas, as Conferências do Estoril vão na sua sexta edição procuram soluções locais para desafios locais. A organização da edição 2019 está a cargo do Estoril Institute for Global Dialogue, Câmara Municipal de Cascais e Nova School of Business and Economics com a parceria de diversas entidades e voluntários (mais info)
Conferências do Estoril: Ninguém ficará para trás




“As Conferências do Estoril nasceram e cresceram em Cascais. Têm o nosso ADN de tolerância, pluralismo e diálogo franco”, referiu Carlos Carreiras, Presidente da Câmara de Cascais, na cerimónia de abertura.
Mas, como também referiu Carlos Carreiras, “As Conferências já não são nossas há muito tempo. São dos jovens, dos ativistas, dos chefes de Estado, dos cientistas… São do mundo” , ou seja, esclareceu o autarca: “ As Conferências do Estoril projetam aquilo que, em Cascais, achamos que Portugal pode dar ao mundo”.
Nesse sentido, também Marcelo Rebelo de Sousa, referiu que “ Portugal tem como retrato a abertura ao mundo e que "esse é o êxito do Município de Cascais, um município aberto ao mundo e ao futuro”.
“Construir o futuro é fazer o que se faz aqui nestas conferências, implicando a capacidade de compreender o outro e reconhecer as diferenças, nos valores da democracia, da liberdade, do pluralismo, próprios da Europa”, reconheceu, ainda, o Presidente da República.
Por isso, o diálogo global é tão importante para combater “o medo que deu lugar à intolerância, ao ódio e ao fanatismo”, reconheceu Carlos Carreiras, ao referir-se às inspiradoras “histórias de libertação, de superação, de salvação e de apego ao outro” que nos chegam ao palco das Conferências do Estoril, vindas de todo o mundo.
Uma dessas histórias de vida chegou-nos justamente da Presidente da República da Croácia, presente nesta cerimónia de abertura. Kolinda Grabar-Kitarovic, brindou a audiência com um discurso pessoal e intimista sobre o seu próprio percurso até chegar ao mais alto cargo da nação croata, sublinhando a necessidade do empoderamento das mulheres e raparigas.
“ As mulheres são mais de metade da população mundial, no entanto só existem no mundo quatro chefes de Estado eleitas diretamente pelas pessoas. Imaginem como seria resolver um problema com metade da nossa mente e metade do nosso corpo a funcionar? Certamente, a resposta não seria a melhor. A nossa sociedade está a fazer o mesmo ao prescindir das mulheres para resolver os problemas do mundo.”, exemplificou a Presidente da Croácia.
No entanto, Kolinda Grabar-Kitarovic, ela própria testemunha dos crimes exercidos pelas mulheres nas zonas de conflito, salientou que “ Não devemos olhar para as mulheres como vítimas de violência, mas como agentes de mudança” e referiu a educação como principal arma contra a descriminação de género e na busca de um mundo mais justo em que ninguém é deixado para trás.
A Presidente da Croácia ganhou mesmo uma das mais fortes ovações do dia, quando referiu com algum sentido de humor que “pelo facto de ser mulher, os media não vão falar do meu discurso, mas falar do que tinha vestido e do meu penteado. Mas, para poder exercer o meu poder não tenho que agir como homem, nem prescindir da minha feminilidade. É por isso que “Temos que lutar contra os estereótipos que começam no seio da família e inundam os anúncios e a comunicação social”, concluiu a Presidente. (PL)
CONFERÊNCIAS DO ESTORIL | Organizadas a cada dois anos, com o compromisso de promover debates racionais e escolhas informadas, as Conferências do Estoril vão na sua sexta edição procuram soluções locais para desafios locais. A organização da edição 2019 está a cargo do Estoril Institute for Global Dialogue, Câmara Municipal de Cascais e Nova School of Business and Economics com a parceria de diversas entidades e voluntários (mais info)
CE2019 | Desafios da Lusofonia: "Somos uma superpotência mas não o sabemos", disse Carlos Carreiras




As questões trazidas a debate são antigas, o que se espera de novo são as respostas para os grandes problemas que afetam a comunidade lusófona: as desigualdades crescentes entre países e no seio de cada país, a necessidade de atingir o desenvolvimento sustentável, a defesa do ambiente, a luta contra a pobreza e a defesa dos direitos humanos, através da promoção da justiça.
Na sequência do que ficou dito durante a manhã, no âmbito da Cimeira da Juventude, e uma das grandes conclusões deste dia de arranque das Conferências do Estoril, é que a educação é o principal foco para responder aos desafios que se colocam à comunidade lusófona.
“ A educação é o que nos faz sair do cu do mundo”, exclamou com graça Adriana Calcanhotto, referindo-se à letra de uma das suas canções.
A cantora brasileira salientou, ainda, a necessidade de “pensar grande, termos ambição, mas agir pequeno porque são as pequenas ações (como separar o lixo ou fechar a torneira) que promovem as mudanças” e referiu, ainda, a necessidade de promover o diálogo entre os mais velhos e os jovens, com a noção de que todos têm a aprender uns com os outros.
Para José Eduardo Agualusa “ a língua portuguesa é só uma e essa é também a sua força. Só há uma língua mas com várias variantes”. O escritor e jornalista angolano referiu a grande capacidade da língua portuguesa de “se adaptar a várias geografias e de assimilar a cultura local”, pelo que “o português namora as outras línguas nacionais e tem que crescer em conjunto com as outras línguas. Não pode ser associada a uma língua de extermínio de outras línguas nacionais e de conhecimento”, acrescentou Agualusa.
Já Carlos Carreiras defendeu que o que tem faltado à comunidade lusófona é “ambição e a falta de noção de que somos uma grande potência económica e, sobretudo, cultural”.
“ O mundo atual está a precisar dos valores identitários que a lusofonia tem, essa capacidade de nos relacionarmos, destruindo muros”, afirmou Carlos Carreiras.
O facto de todo o território da lusofonia estar em paz, o que não acontece desde há muitos séculos, é uma boa oportunidade, segundo José Eduardo Agualusa, para se investir na resolução dos problemas globais que afetam também os países lusófonos.
“O fundamental é saber construir pontes de afeto que valorizem o que temos em comum que é muito mais do que a língua”, afirmou o escritor e jornalista angolano para quem também o investimento na educação é a chave para o combate das desigualdades e a promoção do desenvolvimento sustentável.
Já para Carlos Carreiras o modelo de governação assente na cidade e nas políticas de proximidade, pode ser uma das respostas para enfrentar os desafios da lusofonia. "Mas, só através da educação se conseguem diminuir as assimetrias nacionais e entre países, promovendo o desenvolvimento, garante da dignidade humana", salientou o presidente da Câmara de Cascais.
Contudo, “há questões prementes das quais não nos podemos distrair e que são transversais ao mundo e não só à comunidade lusófona que passam pelo esgotamento dos recursos naturais e as alterações climáticas”, refere, ainda, o autarca.
Há questão de como se pode transpor o afeto para um aprofundamento real da lusofonia, José Eduardo Agualusa concluíu: “ As artes estão na linha da frente de qualquer língua, essencialmente a música, mas também a literatura, entre outras”
Para exemplificar, José Eduardo Agualusa terminou a sua intervenção com um conto de sua autoria, lido pelo próprio à atenta audiência. E, claro, seguiu-se a música de Adriana Calcanhoto que deixou toda a gente a cantarolar na língua mãe. Ou não fosse a lusofonia um lugar onde todos nos entendemos, através das nossas diferenças. (PL)
Cascais simula catástrofe e testa meios de apoio europeus
De 28 de maio a 1 de junho, Cascais vai ser palco de operações do maior exercício de proteção civil alguma vez realizado em Portugal, designado CASCADE’19, que conta com a participação de cinco países europeus: Alemanha, Bélgica, Croácia, Espanha e França.
No simulacro, com mais de 60 cenários, vão ser mobilizados mais de 3000 participantes estrangeiros e portugueses, no qual vão participar a par de Lisboa, os distritos de Aveiro, Évora e Setúbal. O grande objetivo é testar e treinar a resposta a situações de emergência múltiplas que possam ocorrer em cascata (sismo, cheias, acidente químico, rutura de barragem e poluição marítima).
Neste sentido, os operacionais mobilizados chegam ao terreno após Portugal solicitar ajuda externa através do Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia, que pretende reforçar a cooperação entre os participantes no domínio da proteção civil, com vista a melhorar a preparação e a resposta às catástrofes.
O momento alto do CASCADE’19, o único que contará com o envolvimento da população, terá lugar dia 31 de maio, às 10h00, com um simulacro de tsumani, que obrigará à evacuação das praias da Conceição e Duquesa, em Cascais. O exercício começará com um alerta sonoro dado através do Sistema de Aviso e Alerta de Tsunamis, que integra o projeto-piloto de alerta do município.
Corpos de Bombeiros do concelho vão participar neste exercício em colaboração com o Serviço Municipal de Proteção Civil de Cascais, bem como todas as outras entidades responsáveis pelo socorro e apoio à população do município.
Organizado pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), com a colaboração da Direção-Geral da Autoridade Marítima e cofinanciado pela União Europeia, o exercício é de tipo LIVEX, ou seja, com movimentação real de meios de proteção e socorro.
CE2019: "Façam perguntas. Façam melhor. Façam barulho"











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Professora Odete passa a batuta da Sociedade Recreativa e Musical de Carcavelos








Jorge Dias, tesoureiro da anterior direção liderada pela professora Maria Odete Morgado, assume agora a presidência desta agremiação cultural que movimenta mais de 300 cascavelenses, dá apoio a vários grupos corais e que é uma referência na comunidade. “É uma grande responsabilidade”, diz Jorge Dias que assume como prioridade “criar ainda mais dinamismo na casa, rever os estatutos e cativar ainda mais associado” para que a sociedade seja cada vez mais uma referência em Carcavelos.
Na Sociedade Recreativa e Musical de Carcavelos não há momentos mortos, garante o novo presidente. “Há dias em que não temos salas vagas, porque são muitas as atividades musicais envolvendo crianças, jovens e adultos e aos sábados recebemos vários grupos corais do concelho que não têm local para ensaiar”. A Sociedade prepara já a sua banda para as Marchas Populares que não tardam.
Na tomada de posse que assinala também a celebração do 118º ano de existência desta sociedade, o presidente da Câmara Municipal de Cascais marcou presença: “Não vou a todas as tomadas de posse, mas esta tem um valor simbólico e sentimental muito importante”, referiria Carlos Carreiras. Trata-se, explicaria, “do momento em que a D. Odete sai de presidente da direção para presidente da Assembleia Geral e em que Vítor Damião sai também de presidente das Assembleia Geral. Um e outro são referências desta Sociedade, são duas pessoas de uma grandeza e de uma força enormes que muito deram a Carcavelos e que vão continuar a dar inspirando uma nova geração que assume agora responsabilidades”, disse Carlos Carreiras.









