Afirmar Cascais, e Portugal, como polo de reflexão de nível internacional sobre os desafios da globalização, com particular atenção à relação entre os domínios global e local é o grande objetivo das Conferências do Estoril que regressam este ano, de 19 a 22 de maio ao Centro de Congressos do Estoril.
Depois de Tony Blair (2009), Lech Walesa (2013) ou Mohamed ElBaradei (2011), as Conferências do Estoril contam nesta quarta edição com a participação de figuras como o ex-campeão do mundo de xadrez e ativista russo, Gary Kasparov, o antigo secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, ou José Manuel Durão Barroso.
Para Kasparov e Rasmussen será, seguramente, incontornável a abordagem da “nova guerra fria” que volta a separar os EUA e a Rússia em torno da questão da Crimeia. Recorde-se que, em fevereiro deste ano, a NATO decidiu proceder ao “mais importante reforço” da sua defesa coletiva “desde o fim da Guerra fria”. Uma tomada de posição que surge na sequência da decisão (em setembro de 2014) dos chefes de Estado e de governo da Aliança de aumentar os seus meios de defesa após a anexação da Crimeia pela Rússia, e do envolvimento de Moscovo no leste da Ucrânia, designadamente através do apoio logístico e militar aos separatistas pró-russos.
No “olho do furação” da crise vivida na Europa, a Grécia é também chamada ao debate com a presença do antigo líder dos socialistas do PASOK e ex-primeiro-ministro grego, Georgios Papandreou que, no segundo dia do evento, apresenta a conferência “Lições da crise grega”. Neste mesmo dia terá lugar a intervenção de Moisés Naim, pensador venezuelano e autor do ‘best-seller’ “The End of Power".
“Religião e o Diálogo entre Civilizações” é um dos temas globais que está a gerar mais expetativa e que irá ser debatido pelo cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, o imã da Mesquita de Lisboa, David Munir, e pelo reitor do seminário rabínico latino-americano, Abraham Skorka, conhecido como “o Rabi do Papa” pela amizade e diálogo de décadas com o Papa Francisco.
Também o Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, participará nas CE 2015, tomando lugar no debate liderado pelo anfitrião Carlos Carreiras subordinado ao tema “Resolvendo os problemas globais num mundo em rede”.
Outras presenças confirmadas
• José Ramos Horta, Prémio Nobel da Paz e ex-Presidente de Timor-Leste
• Francis Fukuyama, autor norte-americano, orador nas conferências de 2011, vencedor do prémio Estoril Global Issues Distinguished Book Prize 2015 com a sua obra “Ordem Política e Decadência Política - Da Revolução Industrial à Globalização da Democracia”
• Eduardo Cunha, presidente da Câmara de Deputados do Brasil,
• Jack Healey, antigo diretor da Amnistia Internacional,
• Vandana Shiva, investigadora e ativista antiglobalização indiana
• Gunter Pauli, fundador do Clube de Roma e apelidado pela imprensa internacional como “Steve Jobs da sustentabilidade”.
• Elizabeth Wahl, jornalista, correspondente em Washington da televisão russa RT que se demitiu em direto em março de 2014 por recusar a linha editorial da televisão a qual considerou estar a “branquear” a intervenção da Rússia na Crimeia
Numa perspetiva ainda mais holística, as Conferências do Estoril reúnem, pela primeira vez, pensadores e líderes dos cinco continentes, naquela que será a quarta edição deste encontro bienal, onde se pretende “fazer a ponte entre o fórum económico de Davos e o fórum social de Porto Alegre”, como defende Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais que organiza o evento em parceria com algumas das mais conceituadas individualidades, organizações internacionais, universidades, centros de investigação e desenvolvimento, think tanks e organizações não-governamentais.