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Covid-19 | Associações de Moradores e autarquia reunidos
No âmbito das medidas adotadas para fazer face à pandemia Covid-19, a Câmara Municipal de Cascais tem promovido diversas reuniões com as Associações de Moradores, uma aproximação "fundamental para ajustar estratégias”, confirma Nuno Piteira Lopes, vereador da autarquia.
Fazendo a ponte entre a autarquia e os residentes, as Associações de Moradores aproveitaram estes encontros para partilhar o trabalho desenvolvido e identificar apoios necessários. “É muito benéfico para a população o apoio e a disponibilidade que têm demonstrado,” salienta Marco Príncipe, da Associação de Moradores da Adroana que acrescenta: “Temos muita vontade em ajudar a população carenciada e acho que com o trabalho de todos vamos conseguir.”
No Livramento, a Associação de Moradores tem estado a desenvolver projetos de solidariedade para ajudar famílias e instituições, além da intervenção realizada na comunidade.“Contactámos alguns moradores, que estão mais sozinhos e fragilizados, no sentido de saber que tipo de necessidades têm para, no que podermos, ajudarmos", explica Tiago Vicente, representante da Associação. Além disso, no bairro há já voluntários para outras ações: "Fizémos uma divulgação ampla aqui na comunidade de toda a informação oficial e inscrevemo-nos na formação de limpeza e higienização das ruas da Câmara". Fruto desta dinamização, a equipa de voluntários ganhou mais dois elementos que aguardam pelos materiais para reforçar a deseinfeção de ruas.
Também os Bairros da Torre, Cruz Vermelha, Alcoitão, Junqueiro, Matarraque e Penedo tiveram a oportunidade apresentar os seus projetos esta semana e articular com a autarquia as necessidades locais.
“Quero agradecer a todas e a todos os que fazem parte das associações de moradores que tive o privilégio de visitar esta semana, de todas as freguesias, e testemunhar o trabalho meritório que eles estão a fazer junto da sua população. Muito obrigado”, destaca o vereador.
Covid-19 | Linha Atendimento Empregabilidade
No âmbito das medidas adotadas em Cascais em contexto de pandemia #Covid9, a Câmara Municipal de Cascais criou a Linha de Atendimento Empregabilidade.
Através do 800 203 186, esta linha especializada é coordenada pela Divisão de Empregabilidade e Promoção de Talento da Câmara Municipal de Cascais e está disponível para prestar informações e esclarecimentos sobre questões relacionadas com emprego, formação, estágios, procura de ofertas de emprego e medidas apoios especialmente criadas para dar resposta neste contexto de pandemia. Está igualmente disponível para prestar apoio no recrutamento às entidades empregadoras locais.
Se tem questões sobre empregabilidade ligue 800 203 186, de segunda a sexta, das 9h00 às 18h00. A chamada é gratuita. Fique a par de todas as medidas adotadas e em vigor em Cascais no âmbito da pandemia Covid-19
Além desta nova Linha de Atendimento Empregabilidade, a Câmara Municipal de Cascais disponibiliza online as habituais respostas presenciais da Cidade das Profissões de Cascais.
Assim, pode contar com:
. Serviço de Consultoria de Percurso Profissional – aconselhamento individual disponível AQUI
. Serviço de Consultoria de CV - marcações AQUI
. Ateliês do Bem-Estar (em vídeo disponível apenas para os inscritos) Inscrições AQUI
. Café das Línguas (por videoconferência mediante inscrição) Inscrições AQUI
. Tutoria informática (Facebook Cidade das Profissões de Cascais)
. E diversos workshops, oficinas e eventos, mediante inscrição AQUI
Tem perguntas? Veja primeiro as FAQ's que criámos para si
Contactos mais relevantes a ter em conta:
- Linha Segurança Social: 300 502 502 das 9h00 às 18h00 (dias úteis)
- Contact Center do IEFP: 300 010 001 das 8h00 às 20h00 (dias úteis)
- Centro de Emprego de Cascais – IEFP: ce.cascais@iefp.pt, Tel. 215 802 520 das 9h00 às 17h00 (dias úteis)
- Centro de Formação e Reabilitação Profissional de Alcoitão – IEFP: cfrp.alcoitao@iefp.pt, Tel. 215 802 870 das 9h00 às 17h00 (dias úteis)
- Segurança Social >Medidas de apoio excecionais: www.seg-social.pt/covid-19
- IEFP - Instituto de Emprego e Formação Profissional: www.iefponline.iefp.pt
Beneficiação da drenagem pluvial na Atrozela
25 Abril 2020 | "Este é o 25 de Abril mais difícil das nossas vidas"
Cascalenses,
Este é o 25 de Abril mais difícil das nossas vidas.
Outros, antes de nós, tiveram Abris mais sombrios, sem os raios de luz da liberdade.
Este é o nosso fardo e a nossa missão. Ergamos os nossos cravos perante o desafio, como fizeram os nossos pais e avós há 46 anos.
Vivemos o tempo paradoxo.
Celebramos a liberdade em confinamento. Privados do oxigénio da sociabilidade.
Mas celebramos a liberdade.
Porque a liberdade não é só sobre o lugar em que estamos.
É sobre aquilo que somos.
Esta doença maldita trouxe medo e morte. E impôs-nos o isolamento. Mas não ganhará.
Porque apesar de nos fechar nas quatro paredes das nossas casas, revelou-nos na nossa radical igualdade, nas nossas fragilidades comuns.
E, por isso, uniu-nos como nunca num só corpo, numa só comunidade.
Como presidente de Câmara, vejo…
estranhos que se cumprimentam como sempre se tivessem conhecido…
condóminos que redescobriram a bondade no espirito da vizinhança…
bairros que, noite após noite, cantam a mesma música a uma só voz..
empresas que não hesitam em retribuir o que a sociedade lhes deu…
cidades a socorrerem-se umas às outras….
As crises mostram o pior e o melhor que há nas pessoas. Esta crise mostrou a beleza da bondade. E revelou a humanidade comum em nós.
Esses valores – de solidariedade, de igualdade, de fraternidade – são absolutamente consistentes com a mensagem de Abril.
Diria mais: esses valores não são apenas consistentes com a Revolução, são necessários mais do que nunca para ultrapassarmos os obstáculos que se erguem como montanhas à nossa frente.
O combate à pandemia limitou temporariamente a nossa liberdade.
A história mostra como, não raras vezes, medidas de urgência ganham caracter de permanência.
Até haver uma vacina, o nosso país e os outros funcionarão como interruptor: ligam e desligam, abrem e fecham.
A todos os democratas exige-se, por isso, que estejam vigilantes.
Para que, no pós-pandemia, ou no “entre crises”, as nossas liberdades não saiam diminuídas ou beliscadas por qualquer projeto de controlo.
Lembremo-nos desta constante da vida: dar a liberdade como garantida é o atalho mais rápido para a servidão.
Este é o combate que as gerações mais jovens, que já nasceram em democracia mas não fizeram Abril, têm de travar.
Mas há outros desafios de grande monta que esta crise de saúde pública nos coloca no caminho.
Historicamente, as pandemias tendem a ser eventos mais transformadores do que guerras ou revoluções.
Agora que, depois do grande fecho se anuncia o regresso a uma nova normalidade, identifico linhas de fratura social que urge atacar.
Começo pela noção de desigualdade. Pela primeira vez na nossa história recente, quem liderou o combate contra o coronavírus não foram os generais nem os juízes, nem os filósofos ou os artistas; foram os médicos e os motoristas, os bombeiros e os caixas de supermercado, os cantoneiros e os polícias, os carteiros e o pessoal de saúde.
Quem esteve na linha da frente do combate à pandemia está, tipicamente, na linha de trás dos rendimentos. Enquanto um país ficava em casa, porque era esse o seu dever, outro país arriscava a própria vida para garantir que o país funcionava.
Temos de repensar a forma como retribuímos coletivamente o esforço deste exército de heróis anónimos.
Outra linha de fratura que se anuncia é entre novos e velhos. A abertura que se anuncia é, aparentemente, só para alguns. Para os mais novos e mais imunes ao vírus.
Os mais idosos tenderão a ficar confinados. Temos o direito de o fazer? Podemos privar os mais velhos de viver a sua vida? De abraçar os seus filhos e netos? A que autoridade cabe o direito de condenar estas pessoas à privação do oxigénio social?
No campo económico, suspeito que a maior linha de confronto eclodirá no campo laboral. Entre aqueles que já têm melhores salários e podem ficar em teletrabalho nos seus lares; e, por outro lado, aqueles que têm trabalhos com menores remunerações, menos qualificações e que continuarão a ser obrigados a estar na rua que a maioria quer evitar.
Estas linhas de convulsão social exigem de nós solidariedade e bom senso. Exigem de todos nós, cidadãos e decisores políticos, uma sólida ancoragem aos valores da Democracia, da Liberdade, da Responsabilidade.
Meus caros concidadãos,
O combate à pandemia obriga-nos ao confinamento.
A memória dos que partiram pede sensibilidade e contenção nos festejos, sem que isso diminua o poder mobilizador da liberdade e a esperança que mora no horizonte de realizações democráticas.
Queria apenas que recordassem o seguinte: qualquer que seja a nossa circunstância, em caso algum o medo vencerá a Liberdade.
O 25 de abril de 1974 é a primeira etapa num longo caminho para a Democracia que teve um episódio decisivo para a sua consolidação noutro dia 25, o de Novembro de 1976.
Este é o longo caminho que todos nós somos chamados a percorrer.
Com divergência e confronto e debate quanto aos meios. Mas em consonância absoluta quanto aos fins.
Quarenta e seis anos depois da revolução, ainda há quem não compreenda que a democracia é uma obra comum de partidos rivais.
A Liberdade não tem tutores.
A democracia não é mais de uns do que de outros.
Por uma razão simples: Abril não tem donos.
Porque no dia em que Abril tiver donos, deixará se ser Abril. E no lugar da democracia nascerá outra coisa que só remotamente pode comparar-se ao regime da liberdade.
Gostava de vos deixar estas palavras cara a cara, olhos nos olhos. Como noutros anos, numa das ruas do nosso contentamento. Mas é hoje e aqui que celebramos a liberdade.
Com TODOS, não apenas com ALGUNS.
Como exige o tempo e em respeito e solidariedade pelos nossos concidadãos e compatriotas que sofrem.
Para o ano, com a guerra vencida e energia redobrada, celebraremos Abril com mais vigor e força.
Viva a Liberdade.
Força Cascais!
Saiba mais sobre como assinalámos o 25 de Abril 2020 em casa
Um capitão de Abril em Cascais
O Coronel António Rosado da Luz foi um “Capitão de Abril” desde a primeira hora e colaborador próximo de Otelo Saraiva de Carvalho.
Com pouco mais de 25 anos cumpria, o Capitão Rosado da Luz cumpria à época o serviço militar no Centro de Instrução de Artilharia Antiaérea de Costa de Cascais (CIAACC). Participou em todas as reuniões dos militares revoltosos que conduziram à deposição do anterior regime, nomeadamente nos dois encontros de oficiais no Estoril e em Cascais.
Rosado da Luz considera que a reunião efetuada no atelier do Arquiteto Braula Reis, no centro de Cascais, foi determinante para o desenrolar do 25 de abril de 1974. “Essa reunião acelerou tudo”, relembra, sublinhando que estava tanta gente na reunião (197 oficiais) que temeu que o soalho de madeira do 1º andar do atelier abatesse.
No dia 25 de Abril, Rosado da Luz fazia, no Largo do Carmo, a ligação entre o Posto de Comando e as forças sitiantes de Salgueiro Maia. Nessa ocasião, como o impasse da rendição do Presidente do Conselho, Marcelo Caetano, já durava há horas, e “o tempo corria contra nós” – como recorda – “fui efetivamente eu quem levou, por escrito, a ordem de Otelo Saraiva de Carvalho para abrir fogo e destruir o Quartel General da GNR, se eles não se rendessem e não entregassem Marcelo Caetano que ali tinham abrigado”. S.R.S.
25 Abril 2020 | 46 anos da Revolução dos Cravos
Mas com a certeza de que tal como o Dia 25 de Abril de 1974, Abril não tem donos. A sua mensagem é para todos. E é de otimismo e esperança.
25 Abril 2020 | Um capitão de Abril em Cascais
Com pouco mais de 25 anos cumpria, à época, serviço militar no Centro de Instrução de Artilharia Antiaérea de Costa de Cascais (CIAACC). Participou em todas as reuniões dos militares que conduziram à deposição do anterior regime, nomeadamente nos encontros de oficiais no Estoril e em Cascais.
Rosado da Luz considera que a reunião efetuada no atelier do Arquiteto Braula Reis, no centro de Cascais, foi determinante para o desenrolar do 25 de abril de 1974. “Essa reunião acelerou tudo”, recorda, sublinhando que estava tanta gente na reunião (197 oficiais) que temeu que o soalho de madeira do 1º andar do atelier abatesse. S.R.S.
25 Abril 2020 | A Liberdade amanheceu em Cascais!
25 Abril 2020 | O estilo mudou com a Revolução de Abril?
Saiba mais sobre como assinalámos o 25 de Abril 2020 em casa
Antes do 25 de abril, Portugal estava isolado, imune ao que se passava no resto do mundo. Um país cinzento, no estado de espírito e na roupa. Os hippies, o movimento “flower power”, os padrões psicadélicos e os punks que marcavam o estilo lá fora, não chegavam a um Portugal ultra conservador.
Mas, o ambiente e o estilo de vida em Cascais e no Estoril era diferenciado, desafiando a homogeneidade de hábitos no restante país. Não era alheio o facto de este ser um concelho há muito aberto aos estrangeiros, quer aos que vinham desfrutar do verão na Costa do Sol, quer dos que aqui viviam, exilados ou por escolha.
Cascais a remar contra a maré do nacional- cinzentismo
Nos anos 70, em plena ditadura, Cascais reafirma a sua fama enquanto destino de noite boémia. Como estância balnear de excelência, Cascais era visitado por muitos estrangeiros que traziam as tendências atuais e um lifestyle a que os portugueses não estavam habituados, mas que depressa contagiou quem por cá vivia.
Lembramos a imagem da geração dos “meninos de Cascais”, jovens com dinheiro para viajar, comprar discos e dançar até ser dia. Um estilo de vida vibrante que contrastava com o país a preto e branco de Salazar. Não se estranhava ao ver jovens com calças boca-de-sino, minissaias, vestidos justos e sapatos plataforma ou botas altas de camurça, a passear nas ruas de Cascais e do Estoril. Tendências revisitadas de cidades europeias como Londres e Paris.
As roupas e acessórios eram compradas nas únicas lojas que importavam roupa do estrangeiro. “A Maçã” de Ana Salazar, em Lisboa, vendia "peças tendência" de designers que a estilista ia buscar a Londres. A grande novidade eram as calças de ganga, que introduziu no país com tal sucesso que tinha lista de espera. Para os que não podiam comprar roupa de designer, havia os “Porfírios” na Baixa Lisboeta, com preços mais acessíveis. Grandes filas à entrada, roupa colorida e música alta, sinais dos tempos que aos poucos ia abrindo o mundo à juventude portuguesa.
A Catedral “2001” – um ícone da noite dos anos 70
Van Gogo, Palm Beach, Coconuts e o Jet 7 na Malveira, eram os locais da noite boémia da Costa do Sol. Mas nenhum se comparava à “catedral” do rock – A discoteca 2001. Considerada uma das primeiras discotecas do país, abriu portas em Outubro de 1973, junto ao Autódromo do Estoril e converteu-se num verdadeiro ícone na noite dos anos 70, sendo referenciada pela revista Paris Match como o "maior fenómeno social da Europa". Frequentada por uma audiência extremamente eclética, refletia o poder transversal da música rock na sociedade, atraindo clientes de camadas menos favorecidas e bairros periféricos, como "meninos ricos", das melhores famílias de Lisboa e da linha do Estoril, unidos na paixão pelo som e o ambiente elétrico e único da Catedral do Rock.
Concertos no Pavilhão Dramático de Cascais: A Juventude e os músicos que desafiavam o Estado Novo
Sempre com um ambiente muito cosmopolita, o que diferenciava a Costa do Sol do restante país, o concelho abriu as portas aos amantes de estilos de música diferentes. O Estoril acolheu o pequeno bar KGB (de Paulo Nery) e Cascais recebeu o primeiro clube de Jazz – Luisiana – “oferecido” pelo pai do jazz em Portugal, Luiz Villas-Boas, que em 1971 fazia história ao criar o 1º Festival de Jazz de Cascais. Eram raros este tipo de eventos. Portugal debatia-se com um regime autoritário, onde todas as tendências musicais, artísticas ou outras, eram vistas como um atentado aos bons costumes e à ordem instituída. Por isso rumaram ao Pavilhão Dramático de Cascais autênticas multidões, públicos distintos, pessoas sedentas de ver e sentir o que se fazia lá fora.
Miles Davis foi um desses grandes nomes que subiu ao palco. A ebulição criativa do músico levou ao rubro o Dramático. Os artistas provocavam, assim, a ira da PIDE (policia politica do Estado Novo), ao darem voz aos movimentos contra a guerra colonial que defendiam a libertação de Angola e Moçambique. Estes episódios levaram mesmo Luís Villas-Boas, promotor do Festival, a ser interrogado pela própria PIDE.
Manobras de Maio - a viragem na moda portuguesa
Seria preciso esperar quase 15 anos, após a Revolução de Abril de 74, para que se sentisse uma verdadeira mudança no estilo dos portugueses. Nos anos 80, ultrapassado o conturbado período da pós-revolução, a massa critica de artistas e criadores encontraram terreno para se expressarem, então, livremente. As Manobras de Maio foram o primeiro movimento de moda, com etiqueta portuguesa, que marcou a diferença. O início daquilo que muitos chamaram a "movida" lisboeta (por referência à movida espanhola). Multiplicaram-se as manifestações artisticas e os grandes festivais de música. Também aí Cascais ficaria sempre como o pioneiro de uma juventude inquieta. (PL)
25 Abril 2020 | Canções que contam abril
Saiba mais sobre como assinalámos o 25 de Abril 2020 em casa
Ouça a nossa playlist enquanto lê o texto.
A saída da Guerra
Ouçamos então o Bella Ciao a música cantada em todas as praças de uma Europa que festeja o fim da guerra. Em Portugal também há manifestações de júbilo ainda que a bandeira, nos edifícios públicos, seja colocada a meia haste por 3 dias. Um luto que poderia encontrar justificação nos cerca de 80 milhões de mortes provocadas pela II Guerra Mundial, mas não. Assinala antes a morte de Adolf Hitler. Ainda assim Portugal apanha boleia no comboio da bonança embora por pouco tempo.
O Mundo renascia ao sol de Truman, Stalin e Churchill e em Portugal uma nesga de esperança. A 14 de novembro de 1945, em entrevista ao Diário de Notícias e ao O Século, Salazar prometia eleições livres: “Considero as próximas eleições tão livres como na livre Inglaterra”.
Entre o fim de uma guerra e o início de outra, chamada fria, nascia uma maior atenção aos direitos sociais na reconstrução de uma Europa.
Amália Rodrigues cantava até a “Boa Nova”, que refletia algumas expectativas da paz e das suas consequência na vida das pessoas. À semelhança do que se havia passado em França e em Espanha formava-se em Portugal o Movimento de Unidade Anti-Fascista (MUNAF) presidido pelo General Norton de Matos, que juntava todas as forças oposicionistas.
O nascimento de uma nova música
Esta frente, MUNAF, daria lugar, a 8 de Outubro de 1945, ao Movimento de Unidade Democrática. E o hino, “Jornada”, era de Fernando Lopes Graça, esse mesmo compositor cujo espólio se encontra no Museu da Música em Cascais.
Quer Lopes Graça quer José Gomes Ferreira tinham já um historial de contestação ao regime, mas aqui se pode dizer que às preocupações sociais do neo-realismo juntar-se-á o vanguardismo musical na oposição ao Estado Novo.
O hino do MUD, “Jornada” é uma das composições de Fernando Lopes Graça que integra as “Heróicas”. Talvez seja esta a ponta de uma nova música que alerta para a realidade social portuguesa e que mais adiante se designaria Canção de Intervenção.
Um ano depois, as Heróicas são proibidas pela Inspeção Geral dos Espectáculos.
Entretanto, as tão esperadas eleições livres ficam marcadas para 13 de dezembro de 1949. O candidato da oposição é exatamente o General Norton de Matos, mas, ao contrário da liberdade prometida, a campanha é marcada por uma forte repressão. Norton de Matos desiste à boca das urnas. Muitos dos envolvidos são presos.
Os anos 50
A 9 de maio de 1950, num mundo dividido, nasce a ideia de uma Europa Comunitária, defendida por Shuman e pensada por Jean Monet.
Em Portugal morre-se nas prisões do regime. Militão Ribeiro é apenas um exemplo.
No horizonte abre-se nova expectativa: as eleições de 1958. A campanha de Humberto Delgado é mobilizadora. Apesar da repressão em todo os cantos do país por onde o candidato da oposição passa é recebido com banhos de multidão. Os resultados eleitorais (25% dos votos segundo dados oficiais) provam que quando a repressão não basta a manipulação de resultados resolve. Humberto Delgado é exonerado, sai do país e pede asilo político no Brasil.
Apesar da censura Lopes-Graça continua a compor e publica, em 1960 celebrando o aniversário da implantação da República, com a designação, Canções Heróicas, dramáticas, bucólicas e outras.
Em Paris formara-se em 1957 o MAC, Movimento Anti-Colonial, em causa a guerra da Argélia, em todo o mundo eclodiam movimentos independentistas e caiam os impérios coloniais. Em Portugal prepara-se o início de uma guerra nas colónias. Em 1958 nos campos portugueses luta-se pelas 8 horas de trabalho e a repressão é brutal. Na vida Académica o poder tenta mobilizar para a guerra e dominar as Associações Académicas.
Os anos 60 de turbulência social
Depois do paquete Santa Maria ter sido desviado por Henrique Galvão, O prototesto mobiliza a juventude estudantil. A proibição do Dia do Estudante desencadeia uma onde de protesto nas universidades de Lisboa e Coimbra. A carga policial só aumenta a contestação. É decretado o luto académico e a contestação ao regime ganha os estudantes. Nas ruas de Lisboa a polícia reprime manifestações de operários e no Alentejo os trabalhadores rurais reivindicam a jornada de 8 horas de trabalho.
Neste clima de ebulição social destaca-se, nas vozes de Coimbra, a de José Manuel Cerqueira Afonso Santos. O estudante de Histórico-Filosóficas grava o seu primeiro EP com o tema de sua autoria, letra e música, “Balada de Outono”. Há quem a considere um marco na música de protesto, ou de intervenção.
Mas José Afonso não está sozinho nesta caminhada. Adriano Correia de Oliveira, Francisco Fanhais, Luís Cília, Manuel Freire e a voz da guitarra de Carlos Paredes. Mais tarde, em França, Sérgio Godinho e José Mário Branco juntam-se fazendo da Cantiga uma Arma.
O “Acordai” de Fernando Lopes Grala e José Gomes Ferreira começa a despertar o país.
Os anos 60 vão ser anos de grande repressão, de censura, do início da guerra colonial, do exílio. Mas são também anos de resistência e a Música não mais ignora esta realidade.
Os crimes da polícia política do regime, o exílio dos que contestam, a guerra injusta e os que a ela se opõem ou que nela combatem, a tenaz luta por direitos já não é mais segredo, apesar da censura. Tudo isto é cantado.
O Festival da canção mobiliza o país agarrado à grande revolução comunicacional, a televisão. Não tardará que, também o Festival da Canção, seja influenciado por esta onda e lá surgirá Ary dos Santos, um dos poetas que cantará Abril.
A própria televisão já não ignora essa realidade, pelo contrário, abrirá em 1969 mais uma janela através de um talk-show designado Zip-Zip, liderado por Carlos Cruz, Fialho Gouveia e Raúl Solnado. À música junta-se o humor.
Abril prepara-se e adivinha-se. E a chave dessa esperada madrugada seria um tema vencedor do Festival da Canção, “E Depois do Adeus” de José Niza e José Calvário, interpretada por Paulo de Carvalho. O hino dessa madrugada seria interpretado escrito e tocado por José Afonso, Grandola Vila Morena.
Os filhos da madrugada
Não tardam os filhos da Madrugada e do exílio, das prisões surgem mais vozes para cantar abril porque, se os anos 60 e 70, até à madrugada de 25 de abril de 1974, são de muita constestação, repressão e censura, o que resta dos anos 70 e os anos 80 são de muita imaginação e conquista. E a música conta-nos tudo.
Veja o video que preparamos para si.
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