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Arturo Pérez-Reverte em sala esgotada no FIC

"Escrever não me salva", disse Pérez-Reverte, "mas ajuda a suportar. É como um analgésico. A literatura ajuda a lidar com coisas impossíveis de lidar de outro modo; mas é tanto uma cura, como uma doença."
Antes de uma longa sessão de autógrafos, o escritor abordou ainda alguns aspetos subjacentes ao mais recente livro "Homens Bons", editado em 2015: "o que mais aprendi na vida foi a admirar as mulheres. A minha filha tinha 6 anos quando se dirigiu a mim com um desprezo e superioridade moral surpreendentes, e disse-me "não podes". Ela ainda não tinha sofrido e já sabia que os homens eram desprezaveis. É genético", exclamou, para risos do público. "O homem acredita que é o rei de tudo, quando na verdade o poder está nas mãos de uma Lady Macbeth. Para um homem, não existe maior prémio que uma mulher lúcida nos veja com admiração."
O vencedor do Prémio Goya de Melhor Roteiro Adaptado e Grande Prémio de Literatura Policial continuou numa viagem de introspeção: "quando era adolescente, queria ser D'Artagnan, Ismael, Tintin - não um escritor. Tinha na mente um mundo de aventuras, mas também senti muita falta de caráter. Comecei a escrever para organizar o caos na minha cabeça."
Mas quem são os "homens bons" de que fala? "Na sociedade atual, são os professores. São bem pagos e reconhecidos. Ocupam a posição de transmitir o legado mais excecional da memória. A memória é chave." E admitiu ser "muito pessimista. Quem é que leu um ou dois livros e não se tornou pessimista?"