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A Brincadeira Liberta | Conclusões do Mês do Brincar

O “Mês do Brincar”, que mobilizou em Cascais crianças e adultos, num programa extenso de 5 a 28 de maio, teve a sua sessão de encerramento na Casa Histórias Paula Rego. Mas a Brincadeira não, ela promete e deve continuar, de acordo com a conclusão dos diversos oradores desta sessão de encerramento.

Para firmar as suas convicções, as crianças escolheram este último dia do mês do brincar para promover uma reunião. Em formato de assembleia – leia-se sentadas em círculo em pleno palco – deram corpo ao Sindicato das Crianças.

Moderado por pela escritora Isabel Stillwell, o Sindicato das Crianças procurou fazer aquilo que os sindicatos fazem na vida real: lutar pela promoção dos diretos, neste caso, das crianças. Para tal, lançou-se o debate com as seguintes questões: “Brincar deve ser uma prioridade? Os Trabalhos para casa servem para quê? E cumprem essa finalidade? Há tempo para brincar? Saber fazer nada é importante?”

A ajudar à discussão estiveram Adelino Calado, diretor do Agrupamento de Escolas de Carcavelos, Eulália Alexandre , subdiretora da Direção Geral de Educação e Magda Morbey, Encarregada de Educação.

Dadas por vários “sindicalistas de palmo e meio” entre os 4 e os 10 anos e de diferentes anos de escolaridade, as respostas, inequívocas, foram anotadas pela Beatriz e pelo Tiago, da Associação de Estudantes da Escola Básica Fernando José dos Santos, em jeito de síntese:

– Pode haver castigos, mas tem de se conversar um bocadinho

– Brincar é um direito.

– Não deixem organizar os recreios.

– O recreio não é um espaço de castigo

– Os castigos são chatos porque ficamos sem brincar.

– Em vez de ficarmos sem intervalos, devíamos, por exemplo, ter mais uma aula de que gostemos menos

– O professor deve mandar no tempo

– Os adultos dão o brinquedo já brincado

– É bom fazer asneiras para sermos corrigidos e irmos aprendendo

– As crianças não gostam que os adultos lhes troquem os nomes

Em suma:

– Os adultos já não deixam os filhos serem livres Os pais/professores são protetores demais

– As crianças querem brincar mais

Conclusões de quem sente na pele a necessidade de brincar.

Mas, afinal, para que serve brincar?

Eduardo Sá, psicólogo responde justamente a essa questão numa comunicação que fez chegar à sessão de encerramento do Mês de Brincar.

Ao longo de um texto que pode ler na íntegra aqui, Eduardo Sá alerta para a pouca importância que os pais dão ao Brincar, “sempre colocado em segundo lugar” quando comparado com o trabalho. “Como se o trabalho fosse útil e o brincar servisse, unicamente, para ‘arejar’ a cabeça (…) ou, como se trabalhar nunca fosse divertido”. O psicólogo explica as razões que podem estar na origem da pouca atenção dada à função do Brincar, como por exemplo, o facto de os pais terem sido “muito menos crianças do que desejariam ter sido”. Mas, para que serve Brincar? Numa extensa resposta à pertinente questão Eduardo Sá provoca esse mundo cinzento: “brincar é mais importante para o aprender do que talvez o aprender para o brincar”, ou “as crianças já trabalham demais. Comparativamente, trabalham muito mais que os pais!! Em termos relativos e em termos absolutos”.

Para a mesma questão Carlos Neto, professor da Faculdade de Motricidade Humana, presente no painel encontra no Brincar o antídoto ideal no combate ao cinzentismo das nossas vidas: “Os portugueses andam infelizes e cansados e a forma de combater isso é Brincar”, disse. Também o investigador, consultor e formador nas áreas do jogo e da participação infantil, Frederico Lopes falou da qualidade do Brincar e das seis qualidades que devem ser consideradas: “Os adultos devem dar Espaço, Permissão, Liberdade e Tempo, para que as crianças possam ter brincadeiras Flexíveis e Divertidas”, e lançou um apelo: “Precisamos de viver mais devagar e de libertar as crianças porque ao libertarmos as crianças vamos libertar os adultos”, concluiu Frederico Lopes.

Ora foi desta desaceleração necessária na sociedade que o presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras falou na sessão de encerramento. “Precisamos de desacelerar” disse o autarca, alertando para as cidades construídas “sem espaços para brincar”, assumindo as responsabilidades do poder delegado democraticamente, neste caso o poder local, para “ajudar a construir projetos de felicidade”, designadamente facultando condições que proporcionem às pessoas a possibilidade de experimentarem momentos de felicidade, mas também se referiu à importância das pessoas encontrarem a felicidade nas coisas simples. Isto é uma desaceleração que permita viver essa felicidade: “Ninguém consegue estimar qual o valor de um pôr-do-sol no nosso litoral”, conclui Carlos Carreiras.

FH/HC

 

Cascais Digital

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