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Lideres das três religiões monoteístas contra o radicalismo
Reunindo D. Manuel Clemente, Cardeal-Patriarca de Lisboa, Sheikh David Munir, Imã da Mesquita de Lisboa, e Abraham Skorka, reitor do Seminário Rabínico Latino Americano, que se abraçaram no final, o debate serviu para colocar em evidência a necessidade de investir na educação dos jovens e de promover o diálogo inter-religiões como “armas espirituais” para combater o radicalismo.
O que se pode fazer para evitar a violência em nome de Deus foi a pergunta colocada pelo jornalista Henrique Cymerman que todos queriam saber. Apesar das suas diferenças, os três líderes religiosos presentes foram unânimes em condenar os grupos radicais e aqueles que, sob o manto da religião, fazem os opostos do que a mesma ensina. “ Quando as religiões se tornam a expressão de uma política concreta tornam-se um pretexto sob o qual se cometem as maiores atrocidades”, referiu o Patriarca de Lisboa.
Já para o Sheikh David Munir é preciso “perguntar porque é que os muçulmanos se estão a tornar radicais”. Na sua ótica, isso deve-se, em parte, ao facto de as populações islâmicas estarem “frustradas pelas dificuldades económicas, sociais e políticas sentidas nos seus países. Esta frustração leva à agressividade que, em pessoas pouco esclarecidas e vulneráveis, conduz a que sejam facilmente convencidas pelos movimentos extremistas”. Por isso, o Imã da Mesquita de Lisboa defendeu que “o radicalismo não é um problema que tenha origem religiosa”. Contudo, o líder religioso defende que “para se combater esses movimentos não basta o diálogo inter-religioso: É preciso atacar a fonte do problema: que é política, económica e social, melhorando as condições de vida e a educação dessas pessoas.”
A necessidade de investir na educação como arma para combater o extremismo é um ponto comum aos três líderes unânimes ao dizer que “só esclarecendo as pessoas e dotando-as do conhecimento do outro e de si próprias, assim como da herança cultural da humanidade, as ajudamos a não embarcar em discursos radicais”.
D. Manuel Clemente alertou ainda para o facto de estes grupos radicais “utilizarem os meios tecnológicos do séc. XXI para propagar uma mensagem rudimentar e pré-histórica.”