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Domingos Piedade

Está à frente do Circuito do Estoril, SA, depois de ter sido, ao longo de mais de três décadas, um emigrante de sucesso. Hoje, Domingos Piedade retribui ao seu país de origem, sempre que Portugal ou o seu concelho, Cascais, precisam da sua ajuda, pois mantém uma invejável rede de contatos internacionais. Foi manager e diretor desportivo, trabalhou com marcas de topo e pilotos como Emerson Fittipaldi, Ayrton Senna ou Michelle Alboreto, e conhece todos os grandes nomes da industria e do desporto automóvel, sem contar com os artistas ou gestores de quem é amigo pessoal. Isso faz dele, naturalmente, um “embaixador da nossa terra”. Há cerca de oito anos foi convidado pelo então ministro do Desporto para integrar a administração do Circuito Estoril; em 2007 regressou, de vez ao país, e assumiu a presidência.

Um dia disse que tinha na ideia vir para Portugal e fazer alguma coisa pelo seu país. Com o seu currículo, tinha algo a retribuir?
Todos temos. Nunca fiquei afastado do meu país. Mesmo quando era estudante vinha regularmente a Portugal. E depois, quando tive as minhas funções na indústria alemã e, mais tarde, no desporto automóvel internacional nunca deixei de estar ligado a Portugal. Depois, regressei e, desde que estou aqui, tento sempre ajudar, contribuir, aconselhar, este que foi sempre o meu país, ainda que tenha as duas nacionalidades (alemã e portuguesa) e uma família muito diversificada: uma nora italiana, outra alemã, um neto americano, outro inglês, outro português, a minha mulher nasceu no Brasil… Com todas as multiculturas que temos na família, Lisboa e esta região de Cascais é onde me sinto bem. Este é o meu país [e esta é a minha casa]. Aos amigos estrangeiros, o que é que diz desta região? Para já, Cascais - o concelho - é único! Para além de eu estar bastante identificado com o que se passa em Cascais, Cascais tem tudo: tem mar, serra, um pouco de indústria, comércio, turismo e tem sobretudo um presidente de Câmara muito ativo, um bocadinho diferente de muitos outros. Como sabe, os nossos políticos, e muitos autarcas, nasceram políticos, são políticos e  morrerão políticos. Fazer política é, por vezes, algo de difícil: tem de se tomar uma decisão que não sendo a certa, ou aquela que a pessoa quer defender, é talvez a politicamente mais correta. Quando existe um politico, como é o caso de Carlos Carreiras, que vem do setor privado para a politica, é um autarca de relevo, politicamente um homem muito importante do Partido Social Democrata, vindo da sociedade civil, isso dá-lhe automaticamente uma tarimba especial. No caso do nosso presidente, as atitudes são mais puras, mais verticais, mais terra a terra.
 


Na situação atual, Portugal e a Alemanha, parecem viver uma espécie de diferendo… Como analisa a situação, uma vez que tem dupla nacionalidade?
(risos) Está-me a por numa posição difícil. Façamos como nos jogos de futebol: quando há encontro de seleções, sou pelo árbitro (risos). Eu não penso que tenhamos um diferendo com a Alemanha, só que estamos numa situação diferente da que estávamos. A Alemanha teve um papel importantíssimo na vida politica portuguesa: o PSD e o PS foram lá fundados... Algo de germânico ficou na forma de pensar política em Portugal. Se na Europa houve um país que foi, no pós-guerra, um exemplo de democracia foi a RFA primeiro e a Alemanha hoje. Naturalmente a Alemanha tem uma A forma como se está a reagir à conjuntura, com esta austeridade, é a mais adequada? Nós somos confrontados com a necessidade de termos de gastar menos do que aquilo que estávamos habituados. Os créditos estão cortados e teremos de comer só aquilo que temos à nossa disposição e de não deixar nada no prato… Não sou filiado em nenhum partido e votei mais na Alemanha, mas diria que a necessidade de cortes como os que tivemos recentemente é um a condição sine qua non de existência. Não temos outra alternativa e não podemos continuar a gastar para além do que temos. A divisão de esforços e de sacrifícios é eventualmente injusta mas, tal
como em qualquer momento de maior tensão, muitas vezes sofre o inocente. Nem sempre pagamposição delicada: é hoje económica e financeiramente mais forte do que politicamente. Angela Merkel aprendeu muito com seu mentor Helmut Kohl mas, quando se vem do Leste (antiga DDR), há como que uma marca que fica para sempre: a pessoa nunca gasta mais do que o que tem. Tudo isso condiciona, quase obriga, a entrar num sistema bastante rígido. A Chanceler tem essa escola. Não diria que temos algum problema com a Alemanha atual, mas ninguém gosta de ser pobre. A Alemanha é menos pobre do que nós, são eles que nos estão a ajudar e há aqui um certo orgulho que fica ligeiramente ferido…


A forma como se está a reagir à conjuntura, com esta austeridade, é a mais adequada?
Nós somos confrontados com a necessidade de termos de gastar menos do que aquilo que estávamos habituados. Os créditos estão cortados e teremos de comer só aquilo que temos à nossa disposição e de não deixar nada no prato… Não sou filiado em nenhum partido e votei mais na Alemanha, mas diria que a necessidade de cortes como os que tivemos recentemente é um a condição sine qua non de existência. Não temos outra alternativa e não podemos continuar a gastar para além do que temos. A divisão de esforços e de sacrifícios é eventualmente injusta mas, tal como em qualquer momento de maior tensão, muitas vezes sofre o inocente. Nem sempre pagam  aqueles que são culpados. É
talvez o que se esta a assistir em Portugal.


Voltemos ao autódromo. Que utilização lhe é dada hoje em dia?
Eu adaptei naturalmente aquilo que existe no Estoril ao que que nos é mostrado na política económica e financeira. Nós não fazemos nenhuma prova cujo resultado seja a priori negativo; daí não faremos nenhuma prova com um resultado vermelho. Faremos apenas provas que além de serem positivas do ponto de vista económico-financeiro, tragam, deem alguma coisa a Portugal. O Moto GP (6 de maio) é o exemplo de uma prova que tem imenso valor, para o nome, a projeção, para a aceitação de Portugal e sobretudo para esta região de turismo. Refiro-me a Cascais, a este concelho e também a uma grande Cascais - que passa por Oeiras e vai até Lisboa. Felizmente que o nosso governo está a endireitar algumas coisas que ficaram ligeiramente tortas de anos anteriores: era uma barbaridade considerar que Lisboa, Cascais, Sintra, Estoril deveriam ter – como tinham – a sede turística em Santarém! Com as novas diretrizes tomadas chegou-se à conclusão de que temos de usar o que temos de melhor em Portugal e no concelho de Cascais: o sol, o mar, praia, golfe, ténis, cavalos, corridas de automóveis, corridas de motos, um casino, tudo! E, sobretudo, temos uma ambição muito grande de fazer com que o concelho de Cascais seja uma Florida na Europa. Temos tudo para isso. Vamos portanto desenvolver a parte da Educação, do Turismo sénior e estamos a ir na boa direção.


É capaz de escolher entre as várias funções que desempenhou profissionalmente, a sua preferida?
Passei 27 anos ligado a uma empresa para a qual entrei por amor, por convicção, como cliente, que foi a AMG – entrar com 46 funcionários e sair com um ativo de mil e 200 funcionários é bom, significa que se fez alguma coisa. Tive a sorte de ter colaboradores excelentes! Ter sido responsável pelo departamento de competição foi bom. A competição obriga a uma regra muito importante que se chama pontualidade: o carro tem de ficar pronto à hora que a corrida começa. Depois, tem de ser tudo limpo: os carros, as pessoas. O meu tempo na AMG, em que passei de cliente para funcionário, para dirigente, para vicepresidente, e o desenvolvimento dessa empresa até passarmos a fazer parte do grupo Daimler,
mais tarde Daimler Chrysler, foi muito gratificante, talvez o melhor tempo da minha vida profissional.


Hoje o seu ritmo de trabalho é mais relaxado? Viaja menos…
Hum, não... Bem, eu voava 700 horas por ano, tinha meses de voar 90 horas e hoje voo bastante menos. Mantenho um portefolio de contactos importantes, não só para o Circuito do Estoril, não só para Cascais, mas também para o meu próprio País. Quarenta anos a viver fora do país, com uma vivência de um nível bastante elevado, tanto profissional como socialmente, trazem uma network de contactos bastante importante. Por exemplo, ainda na sexta-feira da semana passada fui de propósito ao Algarve para passar o dia com a equipa da Mercedes, almoçar na pista com os mecânicos e antigos colegas, e continuo a fazer isso. E é assim que se cultivam as amizades.


EM CASCAIS... O local mais bonito?
Uff…Ai,ai,ai… O Guincho e a praia de Carcavelos. As duas praias têm muito a ver uma com a outra. Moro praticamente na praia de Carcavelos e é uma praia que quando está na baixa-mar é das coisas mais lindas que existem, sob o por de sol. O Guincho pelo seu âmbito natural: as ondas são diferentes, o sol é diferente, a areia e diferente, as pessoas são diferentes…


Restaurante?
O melhor restaurante é o da minha sogra, quando ela cozinha em casa. Cozinha extraordinariamente bem, como qualquer brasileira de Minas Gerais, cozinha muito bem tudo, desde o arroz e feijão até ao doce. Ela e a minha mulher. O melhor restaurante é onde se come melhor e Cascais tem muitos, não queria destacar nenhum.


Equipamento cultural?
Casa das Histórias Paula Rego, por tudo! Pelo significado, pelo museu em si, pelo bonito e diferente que é…

Praia de eleição?
Carcavelos. Boa para passear, tem sempre lugar. Como é a maior em termos de extensão, só em Julho, Agosto é que pode estar cheia…


Passeio? Ou é de estar em casa?
Sou bastante caseiro, exatamente porque passo tanto tempo fora que, quando tenho oportunidade de estar em casa, prefiro.


Evento?
O meu, logicamente, é o MotoGP, porque é o evento desportivo mais o importante, que mais gente atrai. Nessa prova devemos ter uns 20 a 25 mil forasteiros, das quais umas 15 mil pessoas vêm de Espanha. É um evento com uma projeção nacional e internacional muito grande até porque faz parte de um campeonato do mundo. E agora com um miúdo muito bom, Miguel Oliveira, que por acaso é da Costa da Caparica: é um miúdo extraordinário e este ano
deverá dar já as primeiras cartas em Moto3. É bom termos um participante português lá na frente.

Um desejo para o concelho?
Duas coisas. Gostaria de ver desenvolvido o projeto social da minha mulher, a Associação de Psicologia e Teatro de Cascais. Na parte desportiva, a continuação daquilo que temos, com os cavalos, um grande torneio de golfe, um grande torneio de ténis, um grande prémio extraordinário… e gostava de ver o Estoril na primeira divisão.

Cascais Digital

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