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Duarte Nobre Guedes

Foi gestor e empresário, e piloto de ralis. Numa dessas competições foi dado como desaparecido durante semanas e viveu então, algures em África uma experiência de autoconhecimento que o marcaria para sempre. Duarte Nobre Guedes, 61 anos, está prestes a completar uma década à frente do Turismo do Estoril – de cujo crescimento sustentado é um dos principais arquitetos. Pelo seu trabalho e conhecimento do mundo é naturalmente um “embaixador da nossa terra”. Reside aqui há mais de 40 anos e garante que as pessoas de Cascais são “diferentes” e que isso se nota em qualquer lugar ou contexto.

Nasceu em Lisboa mas por volta dos 18 anos mudou-se definitivamente para Cascais, por vontade própria. Adotou para sempre a terra que já o cativava, quatro meses por ano, em férias de verão vividas intensamente junto ao mar.


Qual é a leitura que faz de Cascais/Estoril como destino turístico desde que está à frente do Turismo do Estoril?


A primeira coisa que tivemos de fazer foi um diagnóstico, desenvolvido em várias vertentes, e constatámos variadíssimas lacu-nas. Identificámos três principais: uma degradação do produto, uma desorientação/indefinição em ter-mos de política de marketing, e finalmente a gestão, em si, do destino turístico. Atacar nessas frentes fez parte de um plano estratégico, com a Câmara Municipal de Cascais, em que foram definidas as linhas em que devíamos desenvolver. Desde as ruas, jardins, praias, parque natural, hotéis desqualificados, enfim, o produto - na sua generalidade - estava muito degradado. Na parte do marketing sentimos que não havia um posicionamento correto para a Costa do Estoril. Finalmente, a gestão era um pouco antiquada.


Começaram então a trabalhar


Trabalhámos essas três – produto, marketing e gestão - com a CMC, e havia task forces, para melhorar o produto. Como resultado, penso que hoje o concelho de Cascais, a Costa do Estoril, tem um produto completamente diferente. Todos os hotéis foram requalificados ou subiram mesmo de classificação, bem como todos os outros produtos turísticos. Em termos de marketing está perfeitamente definido o que é este destino.


E o posicionamento da Costa do Estoril é uma grande diversidade de oferta, de excelente qualidade, com um enquadramento natural e monumental único, com um clima muito ameno, uma situação geográfica privilegiada junto da costa (com Lisboa muito próxima, e é muito importante essa referência). E, assim, chegamos a um slogan: "um lugar com mil sensações!". É essa diversidade concentrada que faz a diferenciação da Costa do Estoril.


Com esse posicionamento começámos a trabalhar em várias vertentes, desde a promoção pura e dura – publicidade, participação em feiras - até aos eventos, e tem dado resultados. Eventos como veículos privilegiados de promoção, sejam eventos adaptados ao perfil da região, com visibilidade a nível global, que tenha a mediatização e com rentabilidade em termos de participação.


Eventos não são só os desportivos, mas também os culturais…


Eventos desportivos, culturais, de música, todos - sempre adaptados ao perfil da região. Finalmente, no último vetor - gestão do destino - consideramos que deve haver uma maior participação do sector privado, todos os players devem estar sentados à mesa. E a ideia é haver uma marca-umbrella geral mas depois, por produto turístico, ir-se constituindo com os privados associações de direito privado, como temos no turismo de negócios o Convention Bureau, ou o Golf Bureau e, eles próprios, fazerem a sua promoção. Haverá mais associações a serem criadas à medida que os produtos vão sendo maduros, vão ganhando massa crítica.


Caminhar-se no sentido das parcerias?


Muito! No que toca ao produto este é um projeto que não tem fim, está sempre em melhoria. No turismo, cada vez mais, a motivação é o produto em si. Por isso é que existem, por exemplo, feiras especializadas em golfe, comunicação especializada em golfe, etc. As associações são mais conhecedoras do produto e nós tratamos mais do enquadramento geral. Está em curso, quer no turismo de natureza e no turismo náutico, começarem a constituir-se associações…


Uma das vertentes mais explorada é o turismo de negócios. Faz falta à região um parque de exposições como o da FIL, em Lisboa?


O turismo de negócios representa hoje 45% das receitas e é, de facto, de longe, o produto mais importante. Há dez anos - quando se constituiu esta equipa - o turismo de negócios representava 15% e o lazer, com tudo o que comporta, representava 70%. Houve portanto uma evolução e ainda bem! Em termos de equipamentos, penso que têm de estar de acordo com a dimensão da região. Temos cerca de 3200 quartos vendáveis e os equipamentos, centro de congressos, etc., têm de estar mais ou menos equilibrados. Normalmente existe um rácio de dez por cento [entre o número de camas e o número de lugares necessários de um auditório].
 


A oferta da região em eventos consegue projetar a marca no estrangeiro como se pretende?

Penso que sim. Fazemos sempre um inquérito ao turista e temos noção de que cerca de um terço das pessoas que nos visitam ouviram falar da Costa do Estoril através dos eventos. É um instrumento de promoção muito importante. E toca o público que pretendemos.


Qual é o perfil desse público?

Estamos a falar de uma região que tem cerca de 80% dos hotéis de 4 e 5 estrelas, que tem um enquadramento natural fantástico…


Portanto, turismo de negócios?


Com certeza! O nosso público não é híper-luxo- super-caro, mas tem o valor de qualidade - value for Money - que é o mais importante, algum poder aquisitivo.
 
Em termos de equipamentos culturais, a oferta já projeta o destino?


Penso que sim. Dentro dos eventos desportivos temos o golfe, a vela ... Dentro dos culturais, temos as conferências do Estoril, o cinema, etc. Uns eventos trazem mais espetadores que outros ou têm mais mediatização internacional. O importante é que haja a comunicação . Os melhores promotores são os participantes. Temos uma percentagem extremamente forte de fidelização dessas pessoas. As pessoas ficam agradavelmente surpreendidas, são bem recebidas e voltam. Para mim, a melhor promoção que existe é o passa-palavra. Por isso os eventos são o veículo de comunicação privilegiada: os que vêm aqui tornam-se eles próprios promotores. Claro que para isso é preciso não defraudar - não vender gato por lebre.


Com o seu conhecimento dos estrangeiros, de outros mercados, do próprio destino, é também um embaixador desta terra…

E com muito orgulho. Andei em várias provas, Dakar, etc., e as pessoas sempre me associaram ao piloto de Cascais. Quer se queira, quer não, para o bem e para o mal, as pessoas de Cascais são diferentes. A presença de alguém de Cascais nota-se. Em mim também se notou, sou conhecido como tal e tenho muito prazer nisso. É carisma. Não são pessoas com preconceitos, snobes ou elitistas - não tem nada a ver com isso.


Nessas experiências desportivas falava da sua terra?

Sim, sempre. O glamour, o ambiente que se vive em Cascais, na minha pessoa também estava presente. Amigos meus vêm cá, visitam, gostam disto e voltam. Hoje em dia faz parte da minha profissão, mas estou sempre a promover o destino.


O fato de já não haver Formula Um não diminui a oferta?

Em relação há dez anos temos mais ou menos o mesmo número de camas. Contrariamente a Lisboa e ao Algarve, que aumentou a oferta cerca de 25% a 40% mas tem a mesma receita. Nós aumentámos a receita 63% com o mesmo número de camas! Houve uma enorme requalificação do produto. Para requalificar é preciso investir, e para investir é preciso que haja dinheiro e para isso é preciso vender caro. Quando se vai atrás de preços baratos - esse é o problema e não é essa a nossa política - a médio prazo degrada a qualidade dos equipamentos e degrada a qualidade do destino. Aqui não se passa isso: o preço médio de venda de quartos aumentou 40%.


A região está assim melhor preparada para resistir à crise...

Acho que sim, o turismo teve a crise em 2008-2009 e nós, em 2011, apresentámos números superiores a 2007. Recuperámos em termos de hóspedes, e com preços mais altos. Isso reflete que estamos bem posicionados, temos um bom produto, trabalha-se bem, as pessoas gostam de cá voltar.


Preocupa-se com a sustentabilidade. A esse nível também a oferta está a melhorar?

Quando falamos em sustentabili-dade falamos em três valências: económica, social e ambiental. O concelho de Cascais tem a preocupação de trabalhar nesse sentido. Em termos económicos, quando em dez anos se aumentaram as receitas turísticas em 65 ou 70%, acho que estamos a trabalhar bem. Na parte ambiental existe essa preocupação vincada muito forte da parte da CMC e de nós próprios, determinante também em termos turísticos. O turista hoje também quer ver como um destino se comporta em termos de sustentabilidade e os próprios munícipes têm de estar satisfeitos. No concelho de Cascais trabalha-se muito a esse nível. Fomos o primeiro centro de congressos na Europa a ser certificado. A sustentabilidade é fundamental e faz a diferença.


Nas férias gosta de fazer turismo de aventura por conta própria… É verdade?


A ida aos ralis - Dakar, Egito, Dubai, Tunísia, etc.- durante dez anos, marcou-me muito, porque dá para ver a vida de outra maneira. Houve um acontecimento determinante quando andava nos ralis. Foi ter ficado perdido durante vários dias, sozinho, etc., num lugar de eleição especial que é um deserto. Esse acontecimento, em 1990, marcou-me para sempre. Decorrente desse episódio, de vez em quando, sinto a necessidade de estar só, comigo, em contemplação da vida… E daí a aventura, sim. Fiz os caminhos de Santiago, são mil quilómetros de BTT. Todos os anos faço uma viagem desse género. Na altura desse episódio tinha uma atividade profissional muito intensa e foi uma travagem às quatro rodas… A família assustou-se um bocado, mais do que eu. E quando a minha mulher me foi buscar ao aeroporto ela própria disse que eu estava uma pessoa diferente, pela cara, pelo sorriso… Nunca entrei em pânico, mas tive muita sede, muita fome, deu para isso tudo. Medo? A determinada altura estive muito assustado mas consegui ultrapassar. Foi muitíssimo posi-
tivo, de negativo não ficou rigorosamente nada.


 Qual é o local mais bonito?


Todos os dias, por volta das seis e meia da manhã faço jogging, da Guia ao Guincho. Esse nascer do sol toca-me muito. Deito-me cedo e levanto-me cedo. Nunca gostei muito da noite e sempre gostei muito da manhã e considero que é um privilégio poder assistir ao nascer do sol nesse ambiente em que se vê o Cabo da Roca, o Guincho, o mar, etc. Para mim, são os instantes de isolamento de que preciso todos os dias.


Um restaurante?
 


Só vou a restaurantes de qualidade – não é que sejam caros mas onde sei que se come bem, mas não queria estar a referir nomes. Para mim, a gastronomia portuguesa é superior a qualquer outra, mas tem sido pouco explorada internacionalmente. Eu próprio promovo a gastronomia cá, porque uma pessoa não vai a um destino turístico onde se coma mal.


Equipamentos culturais?

Há vários. Num segmento gosto muito do Centro de Congressos. Gosto muito da Cidadela, um encanto aquele espaço, um lugar superior. Em termos de arquitetura gosto imenso do (museu) Paula Rego. O hipódromo é fantástico. O Farol de Santa Marta, a Casa de Santa Maria, o M. C. Castro Guimarães… gosto muito de toda aquela zona. O espaço que se criou com o Marechal Carmona com o hipódromo é fantástico. O Farol de Santa Marta, a Casa de Santa Maria, o M. C. Castro Guimarães… gosto muito de toda aquela zona.


E a praia de eleição? O Guincho?

O Guincho, mas não sou muito de praia… Gosto de sítios menos concorridos e de grandes horizontes..


Eventos?

Sou mais adepto de desporto que de cultura. Gosto muito de golfe, desporto que pratico. Acho que no hipismo o CSI é fantástico. A vela é excecional. O Moto GP e os eventos que há no autódromo também são extraordinários; e o ténis à sua dimensão… Os eventos desportivos mexem muito comigo. Depois, na parte cultural, os festivais de música… Estou muito expectante em relação ao [remake do concerto dos] Genesis.


Um desejo que tenha para o concelho, para este destino?

Que se mantenha, não só em termos turísticos, uma terra onde exista a tal sustentabilidade: na economia, seja agradável; o ambiente seja respeitado; socialmente seja solidária – uma terra que não se degrade, o que faz com que este seja um sítio muito especial para se viver. As pessoas devem pensar nisso, falarem e promoverem este sítio. Eu, claramente, do fundo do coração, sinto-me um privilegiado por viver em Cascais.

Cascais Digital

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