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José Caldeira

“O tempo é algo que não volta atrás…” e José Caldeira sabe que não voltará a sentir a adrenalina percorrer-lhe o corpo à mesma velocidade da sua mota, nem o desafio de nadar nas águas frias da Lagoa Azul.

Há 28 anos quando estava a trabalhar numa obra, a hora do almoço aproximava-se e José que já tinha terminado a pintura da chaminé, apercebesse que se esquecera dos pincéis e sobe novamente ao telhado do prédio. Desequilibra-se e cai de uma altura de 7, 5 metros. Entra em estado de coma e só volta a recuperar a consciência 14 dias depois. Recorda-se de querer tocar no seu rosto e de não conseguir movimentar o braço. Nos muitos dias que se seguiram continuava sem quaisquer sinais de movimento no corpo. As palavras soltavam-se da sua boca com muita dificuldade e a visão era a única forma de interagir com o que se passava à sua volta. O médico confronta- o com a irreversibilidade do seu estado. “O acidente provocou- lhe paralisia de todos os membros. Ficou tetraplégico”.

Aparentemente, as palavras do médico não lhe despertaram qualquer reação. Não chorou, não fez perguntas e continuava num silêncio interior profundo. O médico acrescenta: “A partir de agora vais ter que viver deitado numa cama”. Quando fica sozinho é que José começou a interiorizar o alcance das palavras que acabara de ouvir. Naquele dia começa com uma sensação de tremor nas pernas, mas eram apenas movimentos involuntários, como o médico lhe explicou mais tarde. Sempre que olhava para a família, os amigos e a namorada parecia que a dor se acentuava e que o seu estado também lhes provocava grande sofrimento. Um mês depois termina o namoro, e as visitas ao lar para onde foi viver, começam a ser cada vez mais espaçadas. Fechado no seu mundo, excetuando o terapeuta, José não queria estar com mais ninguém. Recusava-se a sair do quarto onde permanecia deitado a maior parte dos dias. Durante anos, a depressão comandou a sua vida. Entre as muitas tentativas para o ajudar, o terapeuta oferece-lhe uma “casinha em gesso” e desafia-o a pintá-la com a boca. Conseguiu pintá-la. No dia a seguir trouxe-lhe uma tela com o desenho de uns galgos. Nesta fase, os poucos momentos que dedicava à pintura eram geralmente alternados com os longos períodos em que os colegas nem o viam. Nesses dias eram apenas os trabalhos de pintura que decoravam as paredes da sala que evocavam a sua presença na instituição. Adriana, uma auxiliar de enfermagem que estava a trabalhar no lar há uma semana perguntou quem tinha pintado aqueles quadros. Responderam- lhe que tinha sido um ”menino”. Ficou convencida que seria um dos idosos do lar.

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