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Manuel Soares

Quase quarenta anos a cuidar da praia do Tamariz dão a Manuel Soares um saber de experiência feito, quando se trata de conhecer as praias da Costa do Sol e aquela em particular, bem como os usos e modas que tiveram nas últimas décadas.

Manuel Soares chegou ao Estoril vindo de Viseu com 12 anos. Estávamos em 1964 e o miúdo beirão que nunca vira o mar preparava-se para frequentar o Colégio D. Luis Sigea, propriedade dos patrões da família, sem imaginar que a sua vida seria passada com os olhos no areal e na praia de eleição da Costa do Estoril (antes Costa do Sol).
Aqui tirou o curso de datilografia, casou com uma conterrânea e colega de trabalho, constituiu família, nunca teve férias de verão, e aqui vive agora, reformado e “babado” com o neto-bebé.

Em 1972, jovem trabalhador-estudante, Manuel Soares iniciou o seu percurso profissional ao serviço da sociedade Estoril Sol, que supervisionava a zona balnear.
A praia do Tamariz era então frequentada pela fina-flor da sociedade, nacional e estrangeira. Cerca de dois quilómetros de areal e milhares de pessoas sob os toldos faziam da zona um centro cosmopolita e de complexa gestão logística.
“Em termos de toldos, conforme os dias, havia 1100/1200 toldos, umas 350 barracas, desde o pontão do Tamariz até à Estação do Monte Estoril. Julho e agosto eram os meses de maior afluência, havia milhares de pessoas a frequentar a praia todos os dias. O quadro de pessoal da Estoril-Sol tinha, nessa altura, cerca de 90 pessoas efetivas e, no verão, fazíamos contratos de época a mais de cem pessoas”.

Os bares e os balneários – que faziam parte da praia -, os abrigos de praia, a segurança, a limpeza, eram trabalho para essas dezenas de funcionários e contratados à época.
Manuel Soares geria esse pessoal. Panos dos toldos, barracas, cadeirinhas de madeira eram recolhidos e guardados ao fim do dia e montados de novo pela manhã. “O transporte do material era feito ao ombro; os contratados dormiam na caserna dos banheiros e iam a casa em dia de folga”. Snack-bares, esplanadas, balneários, a piscina do Tamariz, uma outra piscina flutuante montada no mar, durante o verão, serviço de bar e espreguiçadeiras recriavam no local uma cidade estival erguida em cada dia.
Havia ainda embarcações para aluguer – sky, charutos, cocos, gondolas, mais tarde gaivotas.

A oferta à época era já sofisticada: os balneários tinham duche de água fria, mas havia também cabines privadas com duche quente, “ao ponto de haver quem chegasse de fato e gravata, objetos pessoais e muito numerário, guardados no balneário; no final do dia, novamente bem vestidos, dirigiam-se ao Casino para continuar o seu lazer”. No verão de 1994 o Tamariz foi mesmo cenário para manhãs de sábado televisivas, com transmissão em direto.

Manuel Soares reconhece que, face ao presente, “as pessoas que frequentavam a praia do Tamariz, há 30, 40 anos, eram diferentes, em termos de comportamentos – não tanto relativamente às de hoje…, mas houve uma época em que foi preciso fazer uma “limpeza”.
Na década de 90 até 2000 houve, de facto, uma ocorrência de indesejáveis que teve de ”ser corrida” pelo comportamento incorreto que tinham. Hoje, as autoridades e as forças policiais têm ajudado, e os próprios marezinhas dão uma ajuda, com telemóveis, … e avisam antes de começar a haver conflitos”.
Com o passar dos anos, os tradicionais toldos deram lugar aos chapéus de colmo, de grande sucesso, os banheiros com cédula marítima cederam lugar aos nadadores salvadores
jovens e desportistas.

Anos depois, a Estoril-Sol faz uma aposta na diversão noturna de beira-mar, porque além do Casino e alguns bares, pouca animação ali havia. Abrem-se então bares/discotecas para dar alguma animação à noite ao Tamariz. Com essa diversidade noturna, “se de dia havia um mar de água e de areia, à noite havia um mar de gente também - as Docas, em Lisboa, ainda não existiam. Era “assustador” tal quantidade de gente e, por vezes, havia distúrbios. Depois, com o aparecimento das docas em Lisboa a frequência começou a diminuir,
mas com a qualidade que estes bares têm e com o policiamento para evitar problemas, mantém-se de facto um bom ambiente. Agora, naturalmente, a crise é para todos e nota-se em todo lado,… e também aqui”.
Com anos de vivência do Estoril, Manuel Soares sabe que esta “é sempre uma zona que, com sol e calor, enche-se de gente!”
Aposentado e avô de um miúdo de três anos, prepara-se finalmente para usufruir da praia: “Agora, é o meu neto que me obriga a ir passear até ao Tamariz” diz, sorridente mas não nostálgico.

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