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Maio Mês do Coração
Eleito pela Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC) como o Mês do Coração, o mês de maio é a oportunidade que faltava para saber como está o seu coração.
Saiba onde e quando pode fazer rastreios e outras atividades aqui
Millennium Estoril Open 2022: Quase 35.000 espetadores assistiram aos jogos







O domingo ameno e cheio de sol augurava o sucesso da festa do ténis no Estoril. Bancadas cheias, bilhetes esgotados e um público que celebrava com alegria o regresso ao Estádio Millennium para ver o melhor do ténis mundial.
" Depois de dois anos de sofrimento e com muito prejuízo por causa da pandemia, regressámos e o público recompensou-nos este ano, veio em massa, animou as bancadas como eu nunca tinha visto, tivemos momentos extraordinários esta semana", afirmou João Zilhão, diretor do torneio, em jeito de balanço desta 7ª edição do torneio ATP 250 que contou com 34.500 espetadores nos nove dias do evento, e quase 3.400 assistiram à final este domingo.
E a festa aconteceu logo com a primeira final do dia, em que a vitória se vestiu com as cores nacionais. Nuno Borges e Francisco Cabral fizeram história ao protagonizarem a vitória da dupla portuguesa no quadro de pares. Os jovens tenistas portugueses chegaram ao Clube de Ténis do Estoril como convidados da organização e saem como campeões do Millennium Estoril Open, ao derrotarem o argentino Maximo Gonzalez e o sueco Andre Goransson na final deste domingo, por 6-2 e 6-3.
Já na muito aguardada final de singulares, foi o jovem argentino Sebastian Baez que levou a melhor, derrotando o já muito conhecido pelo público do Estoril Frances Tiafoe, por 6-3 e 6-2. Sebastian Baez chegou de forma discreta ao Clube de Ténis do Estoril, mas depressa expôs na terra batida portuguesa as credenciais que fazem dele um dos jovens mais promissores da atualidade e este domingo completou uma semana de sonho com a conquista da 7ª edição do Millennium Estoril Open
“Não parece, mas já foram sete”, referiu Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais, visivelmente satisfeito por um torneio não ter sido prejudicado pelo interregno dos dois anos de pandemia. “Foi tão difícil trazer o Estoril Open para Cascais, para casa, que seria muito mau se o perdêssemos”, acrescentou o autarca congratulando-se com o facto de o público ter “respondido de uma forma muito afetuosa e com uma presença maciça durante os dias do torneio”. Sendo que a 8ª edição em 2023 já está garantida no Clube de Ténis do Estoril. PL | AG | PR | CMC
Cascais é o primeiro município a abrir época balnear









Os primeiros a abrir e os últimos a fechar, assim é a época balnear no concelho de Cascais, a mais longa do país. Este sábado, até a metereologia ajudou, um perfeito dia de praia com temperaturas de verão e sem vento, para apresentar todo o dispositivo municipal que permite uamida a banhos em segurança para os cascalenses e para quem nos visita.
Mas, a preparação de uma praia segura para todos começa muito antes do dia da abertura oficial. Há toda uma rede de entidades envolvidas que atuam nas diversas dimensões como sejam a segurança, logística e ambiental para proporcionar ao banhistas uma experiência única.
"O nosso objetivo no arranque da época balnear é zero vítimas e isso implica um trabalho absolutamente excecional e de coordenação entre várias entidades. Desde a Policia Marítima, à Autoridade Marítima, passando pelas forças de segurança locais, a nossa Polícia Municipal, a PSP, a GNR, mas também a nível da vigilância dos 50 nadadores salvadores que vão estar a olhar por nós" referiu Joana Balsemão, vereadora da Câmara Municipal de Cascais.
Na dimensão ambiental, o destaque vai para as 11 praias do concelho que vão ver este ano hasteada a bandeira azul, sinal de que cumprem os exigentes 32 requisitos para poderem obter este símbolo reconhecido em toda a Europa. Saber mais aqui.
"Ter uma boa praia implica a monotorização da qualidade da água semanalmente" afirma Joana Balsemão, esclarecendo que este ano está também a fazer-se a monotorização da qualidade da água das ribeiras, assim como estão a decorrer várias ações de limpeza, tanto em terra como no mar.
A vereadora com o pelouro do Ambiente aponta, ainda, como fundamental o programa de requalificação das ribeiras com um grande impacto na nossa costa. "Uma ribeira sã é uma costa sã", salienta Joana Balsemão, apontando a verba de 40 milhões de euros envolvida neste programa que está a devolver as ribeiras e espaços adjacentes aos cidadãos.
Os concessionários são também parceiros fundamentais para uma praia segura. Este ano foram atribuidos mais de 100 licenciamentos a 35 concessionários de frentes de praia, venda ambulante e escolas de surf. Sem esquecer os jovens voluntários que esta época balnear vão ser 1100 a prestar apoio na prevenção e esclarecimento aos banhistas e cujo trabalho é sempre bastante notado e elogiado pelos que frequentam as praias do concelho.
Mas, como a praia é mesmo para todos sobem para cinco o número de praias acessíveis quer a cidadãos com mobilidade reduzida, quer a invisuais através da colocação de sinalética em braille. Às praias do Tamariz, Carcavelos e Conceição, juntam-se agora as praias da Moita e Poça que passam a dispor de acessos a todos os cidadãos seja qual for a sua condição fisica.
"Para além desta rede vísivel, há toda uma rede invísivel aos olhos dos cidadãos constituida por 23 entidades que colaboram entre si para tornar as praias do concelho o mais seguras possível", destacou, ainda, Joana Balsemão, referindo-se ao Dispositivo Municipal de Monitorização e Fiscalização.
Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais, ao intervir na cerimónia de abertura da época balnear, deixou ainda, um apelo a todos os cascalenses: "Temos condições para ter uma época balnear do ponto de vista de segurança e ambiental com melhor qualidade do que antes da pandemia. Cabe agora a cada um dos cidadãos usufruir destes espaços naturais sem os estragar e não se colocar em risco todo o trabalho que tem sido feito na requalificação das ribeiras. Porque não podemos ter boas praias sem boas ribeiras. E isso cabe a cada um de nós". Fica a mensagem para "todos sermos elementos ativos na defesa do nosso ambiente e da nossa segurança para podermos celebrar um verão saudável".
CMC | PL | LB | PR
Festival de Teatro Amador regressa ao TEC






Suspensas há dois anos por causa da pandemia, voltam as noites no Teatro Mirita Casimiro, em que vai ser possível assistir ao melhor do teatro amador desenvolvido nas coletividades do concelho de Cascais.
O Festival Teatro Entre Nós teve início em 2015 e dá visibilidade ao trabalho realizado pelos grupos de Teatro Amador que pertencem ao Movimento associativo Cultural e Recreativo do concelho.
" O festival é uma montra para os grupos cénicos das nossas coletividades que fazem um trabalho de grande qualidade, captando talento e formando pessoas”, afirma Joana Balsemão, vereadora da Câmara Municipal de Cascais.“Este é o sexto ano que a Câmara Municipal apoia o Festival com um investimento de mais de 100 mil euros”, acrescenta, ainda, a vereadora que tem o pelouro do associativismo.
O festival Teatro Entre Nós não podia ter começado da melhor forma com o espetáculo “A Bela e o Monstro”, pelo Grupo de Teatro da Sociedade Musical de Cascais.
Nos camarins, a caracterização e os últimos retoques nos figurinos, escondem o nervosismo habitual antes de ecoarem as pancadinhas de Molière. Não por serem atores e atrizes amadores, mas, pela responsabilidade de quererem fazer um espetáculo perfeito, vontade que subjaz a todos os amantes das artes performativas.
Patrícia Jaleica é a “Bela” que com o seu amor puro consegue libertar o Príncipe do feitiço que o transformou num temido Monstro. Já faz parte do grupo cénico da Sociedade Musical de Cascais há oito anos, mas desde os três anos de idade que faz parte desta coletividade, através do rancho folclórico.
Para Patrícia que voltou ao teatro após ter sido mãe, no recomeço da atividade do grupo que esteve parado dois anos durante a pandemia de covid-19, o mais gratificante é “o riso das crianças e a sinceridade da alegria com que nos vêm como fazendo parte de um mundo mágico”.
Faltam poucos instantes para Patrícia incarnar o papel de protagonista, a bondosa Bela que só com o seu amor quebra feitiços terríveis, mas, é com serenidade que nos garante: “Adoro teatro. Sinto que cresci no palco. É um sentimento difícil de definir”.
O Teatro tem uma grande tradição no concelho de Cascais, visível pelo elevado número de grupos cénicos apoiados pelo Município, são 15 ao todo, ligados ao associativismo recreativo. É em Cascais que se encontra a companhia de teatro profissional, em atividade, mais antiga da Europa. Precisamente o Teatro Experimental de Cascais que conta já 58 anos. Também a Escola Profissional de Teatro de Cascais é um reflexo da importância que as artes performativas têm num concelho, uma autêntica “fabrica” de talentosos atores e atrizes que muito têm dado da sua arte ao Teatro e ao Cinema nacionais e com alguns nomes a atingir o prestígio no competitivo palco internacional.
Susana Mata Ribeiro é a presidente da Sociedade Musical de Cascais e garante que este festival de teatro amador “é uma chamada de atenção para o teatro que se faz dentro dos grupos cénicos que conseguem, assim, uma maior visibilidade do seu trabalho, num grande palco e com novos públicos”, fomentando também o intercâmbio entre o grupos: “ uma forma de vermos o que cada um anda a fazer e que muitas vezes não é divulgado”, acrescenta Susana.
Apesar de muitos vaticinarem uma crise de público no Teatro, em Cascais o futuro da arte de representar parece bem sólida. Não só porque há cada vez mais alunos do concelho a frequentarem a Escola Profissional de Teatro, como o facto de os participantes nos diferentes grupos cénicos das coletividades serem na sua maioria crianças e jovens. E em alguns deles, é no seio da sua coletividade que desperta “o bichinho da representação” desde muito cedo, quando acompanham um familiar mais velho aos ensaios.
Só alguns conseguem ou sonham em tornar-se profissionais, mas, todos têm a ganhar pela participação nestes grupos de teatro amador. Seja pela disciplina, seja pela aprendizagem com os mais experientes a gerirem emoções, ou até pelo trabalho em equipa, faz destes grupos cénicos um importante contributo para a cidadania.
Nesta 6ª edição do Festival Teatro Entre Nós, são 10 noites, 10 espetáculos, até 22 de maio, sempre aos fins de semana e com entrada livre. Uma oportunidade imperdível para voltar a ver Teatro e apoiar os grupos de teatro do nosso concelho. Veja o programa aqui
PL | AG |CMC
Scholas Cidadania de Cascais




Seis dias intensos de trabalho, 170 jovens, acompanhados por 20 voluntários e professores que os ajudam a desconstruir problemas do dia-a-dia, e que num trabalho contínuo, descobrem soluções práticas e os apresentam ao executivo da Câmara Municipal no último dia de projeto. Esta é a Scholas Cidadania Cascais!
A Scholas Cidadania Cascais, é um programa educativo para a formação de estudantes entre os 15 e os 17 anos de diferentes estabelecimentos de ensino secundário da rede pública e privada do concelho de Cascais - Escola Básica e Secundária Frei Gonçalo de Azevedo, Escola Básica e Secundária Matilde Rosa Araújo, Salesianos de Manique, Escola Secundária IBN Mucana, Escola Secundária da Cidadela e jovens identificados pela divisão de Educação.
A partilha de pontos de vista, o aproximar-se dos problemas quotidianos da comunidade e, através de uma perspetiva construtiva e da sua própria investigação – e do uso de metodologias dinâmicas, de trabalho em grupo inspiradas no pensar e debater - apresentam de propostas e soluções. E destes dias identificaram dois grandes problemas – o sistema educativo e a falta de apoio na saúde mental.
“Nós somos o presente e o futuro”, foi uma das frases mais ouvidas durante estes dias e que uniram estes jovens de várias escolas do concelho de Cascais.
Sobre a Scholas | É uma fundação mundial sem fins lucrativos, apoiada pelo Papa Francisco que trabalha com escolas e comunidades educativas públicas e privadas, de todas as confissões religiosas e seculares para restaurar o pacto educacional. Como organização da sociedade civil, busca-se o comprometimento de todos os atores para implementar a cultura do encontro pela paz através da educação.
Mais informações
MS/LB/CB
Vai nascer um "Living Lab" no Junqueiro
A Praça do Junqueiro e a Rua Bartolomeu Dias, na Freguesia de Carcavelos-Parede vão dar um salto tecnológico. Há muitos anos uma zona central com diversos espaços de restauração muito procurados, este importante espaço da freguesia de Carcavelos Parede vai ser dotado de infraestruturas que disponibilizam muitas das vantagens de uma cidade inteligente.
Fruto de uma parceria entre a Câmara Municipal de Cascais, a Smartlamppost e a Vantage Towers, empresas de renome na sua área de atividade e experiência internacional, vai ser criado nesta zona um Living Lab/LL (Laboratório Vivo). No âmbito desta iniciativa vão ser desenvolvidos e testados novos serviços de rua, ou integrados serviços já existentes de forma totalmente inovadora.
Depois de testado, o modelo-padrão poderá ser replicado noutros locais. O objetivo é melhorar a qualidade de vida de cidadãos e comerciantes e reduzir custos de manutenção das várias infraestruturas aí existentes. Serão utilizadas as mais modernas tecnologias bem como as melhores práticas de mercado.
Os trabalhos irão iniciar-se nos próximos dias e deverão estar concluídos em junho deste ano. Não estão previstos constrangimentos à circulação.
O que vai mudar?
Irá ser implementada tecnologia de sensorização e equipamentos afins. Serão propostas soluções ao nível da mobilidade elétrica e da redução de mobiliário urbano como papeleiras inteligentes, integração de parquímetros, entre outras, com impacto direto na libertação de espaço nos passeios, o que representa uma melhoria não só para a circulação, especialmente para cidadãos com mobilidade reduzida ou carrinhos de bebé, mas também em termos estéticos, permitindo ainda maior eficiência no investimento e redução de custos de e manutenção.
O LL Cascais irá ser instalado na Praça do Junqueiro e Rua Bartolomeu Dias e irá permitir:
a. Criar um padrão nacional para infraestruturas IP multisserviços de modo a incentivar a adaptação do quadro regulatório nacional a esta nova realidade e a torná-la replicável a nível nacional e internacional.
b. Redesenhar o modelo de concessão de iluminação pública
c. Definir e testar procedimentos operacionais de instalação e configuração e manutenção
d. Testar novas soluções em ambiente real e aferir da sua adequabilidade técnica
f. Validar a aceitação por parte do Município e munícipes das soluções apresentadas
g. Testar a integração das soluções tecnológicas de diversas empresas nacionais e internacionais
h. Garantir a fiabilidade e necessidade real de todas as soluções.
i. Assumir o papel de infraestrutura base para o desenvolvimento das Smart Cities
j. O LL poderá igualmente fazer a ponte com o meio académico para potenciar o surgimento de novos produtos ou soluções, podendo ser o berço de start-ups.
Entendem, por isso, os responsáveis do projeto que o Living Lab Cascais (Junqueiro) é uma grande aposta pelo facto de “ser dinamizador do conhecimento nacional e da sustentabilidade do conceito Smart City, colocando Cascais na liderança e no centro da dinamização da mudança de paradigma dos serviços prestados ao nível da rua”.
CMC/FH/BG
Germano de Sousa: [em Coimbra] aprendi que a liberdade é o bem maior na vida"
Há quanto tempo vive em Cascais e porque escolheu este local para residir?
Como açoriano que sou, agradava-se viver junto ao mar… E Cascais é realmente uma terra linda que não há igual. De maneira que vim para cá em agosto de 1971 e resolvi ficar por aqui. Quando tenho saudades da penumbra dos penedos açorianos vou até Sintra que é mais parecida… (risos).
Aos 17 anos já sabia que queria ser médico. Porque é que optou pela Medicina?
Não sei. As coisas são como são. Tinha um tio na família que era médico, mas não foi por isso. Sempre tive uma vontade imensa de ajudar os outros e, aos 16, 17 anos, quando estava a acabar o liceu interroguei-me… eu gostava imenso de ciências biológicas e foi isso que eu escolhi. Ser médico. E se voltasse atrás escolhia o mesmo.
“SEMPRE TIVE UMA VONTADE IMENSA DE AJUDAR OS OUTROS.”
Deu o salto para o continente?
Não havia universidade nos Açores e vim para Coimbra que era para onde vinha quase toda a minha geração.
O 18 que teve em bioquímica já fazia antever o seu futuro ao nível das análises clínicas?
Era muito bom nessas áreas. Fui um bom aluno, nunca perdi ano nenhum e, ao mesmo tempo, os fenómenos biológicos e bioquímicos interessavam-me sempre muito…
A sua participação nos movimentos estudantis fez com que a PIDE, a Polícia de Estado, o impedisse de entrar para os hospitais públicos quando terminou o curso. Como lidou com essa contrariedade?
Eu fiz parte do CITAC – Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra, considerado de extrema-esquerda, onde fui ator e dirigente e isso também valeu para que ficasse mal visto aos olhos da PIDE. Coimbra era uma cidade nesse tempo, única. No começo dos anos 60 assistimos às revoltas estudantis. Nessa altura, eu vivia na República “Real Corsários da Ilhas” da qual fui representante, durante a crise de 1965, cujo epicentro acontece em Coimbra, e a PIDE puniu-me por isso. Nessa altura, pela primeira vez, começa a ser pago o estágio hospitalar a seguir ao curso e, quando vou para entrar, a PIDE proibiu-me. Proibiu-me também de aceitar o convite para assistente hospitalar e convidou-me para fazer turismo em África, pelo que fui de escantilhão para a guerra…
“[EM COIMBRA] APRENDI QUE A LIBERDADE É O BEM MAIOR NA VIDA.”
Esteve em Angola, na guerra já como médico e sobreviveu, mas a morte andou por perto. Essa vivência mudou a sua vida?
Fui colocado no Hospital no Luso, hoje Luena. Trabalhávamos de manhã à noite e era complicado, porque às vezes tínhamos de fazer autópsias às pessoas com quem estivéramos a conversar à noite… Lembro-me uma vez em que o comboio onde seguia para ir fazer visitas médicas foi baleado, mas as balas passaram por cima. De outra vez, foi um ataque muito forte e muito duro, morreram pessoas ao meu lado, as balas zuniram… mas escapei…não era o meu dia. Talvez tenha mudado um pouco a minha perspetiva de vida, é preciso é viver a vida, porque ela é tão fácil de acabar.
Em Coimbra teve tempo para estudar Medicina e “aprender a ser homem”, o que quer isso dizer?
Coimbra era um campus universitário. Os estudantes andavam sempre juntos, constituíamos grupos, discutíamos todos os assuntos independentemente da PIDE e isso deu-me uma abertura enorme. Tínhamos a ideia de solidariedade, apoio, cultura – eu fiz teatro, cantei no Orfeu de Coimbra, até cantei fado em Coimbra. Tudo isso me fez crescer imenso e aí aprendi que a liberdade é o bem maior na vida.
Assinalamos este ano 48 anos sobre o 25 de abril. Um marco, uma vez que passamos a viver mais tempo em democracia do que o tempo em que se viveu sob o jugo da ditadura. A pergunta, inevitável, é: onde estava quando se deu o 25 de Abril de 1974?
Estava na minha cama, em Cascais. Às cinco da manhã telefona-me o José Nisa, meu amigo, o que compôs o “E depois do Adeus”, a dizer-me “Eh pá, olha que há uma revolução…” e eu recordo-me de lhe responder “Estás a brincar, deixa-me mas é dormir…” Mas depois pensei que poderia ser verdade e telefonei-lhe… e era… A partir daí começou o alvoroço. Levantei-me, vesti-me e fui para o Hospital. Estava de banco e foi uma loucura total. As pessoas apareciam no hospital muito ansiosas… foi um dia complicado.
Como foi a viagem de Cascais até Lisboa nesse dia?
Foi complicada. Pararam-me [os militares] num ponto de controlo, mas identifiquei-me e deixaram-me passar.
Nos meses que se seguem tem uma intervenção muito ativa aqui em Cascais…
Fui convidado pelo Partido Socialista para fazer parte da Comissão Administrativa que geriu os destinos de Cascais até às primeiras eleições livres.
Eram reuniões difíceis?
Sim, às vezes.
Havia cadeiras pelo ar?
Pouco faltava.
Era uma democracia mais participada?
Sim, muito mais. Repare que entrámos logo a seguir em pleno PREC – Processo Revolucionário em Curso, em que a esquerda queria tomar posições que, às vezes, não eram compatíveis com aquilo que nós entendíamos serem os processos democráticos e isso é que gerava um péssimo entendimento entre nós todos. Foi um período muito complicado dentro da Câmara de Cascais.
Ajudou a apaziguar ânimos?
Creio que sim. Com a minha maneira de calma ser lá e porque compreendia perfeitamente muitas das reivindicações e o facto de me dar muito bem com a gente mais à esquerda… Tudo isso permitiu que, passadas aquelas tempestades mais “em copo de água” do que outra coisa, apesar de tudo, lá conseguimos acalmar e levar a coisa até às primeiras eleições livres que houve aqui no concelho.
Chegou a ser eleito vereador…
Sim, mas por pouco tempo. Pedi logo para ser substituído. Queria ser médico antes de mais (risos).
Teve outro papel de relevo no curso da história da democracia em Portugal…
Há duas datas que são fundamentais na construção da democracia. O 25 de Abril, antes de mais. Para mim a grande data. Simplesmente depois, a evolução do PREC levou a que se temesse uma tentativa de golpe que levasse ao estabelecimento der uma “democracia popular” e isso assustou-nos muito a todos. O Partido Socialista e o Partido Social Democrata organizaram-se para que isso não viesse a acontecer e preparámo-nos todos para o pior.
Há uma clara divisão acima do Tejo e Lisboa e o sul. Lisboa divide-se e sente-se que alguma coisa está prestes a acontecer. Acompanhei o Dr. Mário Soares na Fonte Luminosa (em Lisboa) que viria a ser o começo do que veio a ser o 25 de novembro de 1975. Na Fonte Luminosa toda a gente se juntou até perder de vista e deu para perceber que as pessoas não queriam o PREC e não queriam uma democracia dita “popular”.
Era voltar à ditadura…
Para quem como eu viveu e odiou a ditadura salazarista, cair numa ditadura de sinal contrário era inaceitável. Daí termo-nos organizado com o PS em colaboração com o PDS e o grupo dos nove (toda uma série de oficiais e sargentos milicianos que tinham vindo da guerra). Isso criou um clima que veio a dar num apoio áquilo que foi o 25 de novembro e tenho que tirar o chapéu ao então Tenente-Coronel, hoje General, Ramalho Eanes e ao falecido Major Jaime Neves, que foram essenciais para conter a tentativa dos grupos de extrema-esquerda… o PCP à última hora retirou-se e conseguiu-se impor a democracia.
Foi o travão para termos a democracia que temos hoje…
Teria sido muito mais difícil termos o que temos hoje sem o 25 de novembro.
Disse recentemente que sem o sistema convencionado de exames complementares de diagnóstico, o SNS criado por António Arnaut em 1978 nunca teria passado do papel. Quer explicar?
Nessa altura, eu já fazia parte das estruturas da Ordem dos Médicos e lembro-me de ter perguntado “então como é que vamos dar toda essa saúde a toda a gente?” Havia pouca oferta para tanta gente. E sugeri na altura que, tal como a Ordem já estava a defender, o ideal seria recorrer às chamadas convenções, ou seja, que as pequenas estruturas fossem contratadas a preços socialmente justos no entender do Ministério da Saúde, para que os doentes pudessem recorrer a estas estruturas de modo a terem o apoio de que necessitavam.
Demorou algum tempo…
Cerca de dois anos… As coisas levam sempre tempo… Quase todos os meus colegas aderiram o que permitiu oferecer um leque de serviços que não haveria se isso não tivesse sido feito. A pouco e pouco as coisas foram-se constituindo. Creio que as convenções ainda hoje são extremamente importantes. Os convencionados são parte integrante do SNS e resolvem problemas que o SNS não consegue resolver. Antes da Covid-19, 22.000 pessoas, por dia, faziam análises nos laboratórios convencionados do país.
Disse recentemente que lhe resta “o consolo de saber que o custo médio dos exames laboratoriais feitos nos laboratórios do Estado é cerca de 20% mais caro do que o preço médio que pagam aos convencionados. Não devia ser o oposto?
Nós conseguimos fazer as coisas porque concentramos a preços razoavelmente baratos. Já demos hipótese ao Estado de estabelecer “plafonds” para os exames e de fazer recair a percentagem que ultrapasse o valor esperado sobre o prestador. Li que se prevê no PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) dotar os centros de saúde de meios complementares de diagnóstico. Não percebo, porque se há coisa de que está coberto o país inteiro é de laboratórios de análises e de radiologia. Isso irá levar a gastos. Mesmo que o PRR venha a pagar os equipamentos, vai haver gastos muito superiores do que haveria de outra maneira. “Manda quem pode… obedece quem deve” (risos ao citar Salazar por ironia).
Hoje é dono de um dos maiores grupos de análises clínicas a nível nacional e conseguiu resistir à venda do seu laboratório ao estrangeiro… foram anos difíceis. Valeu a pena?
Os médicos são muito mal pagos nos hospitais públicos. Aos 38 anos era diretor hospitalar e o ordenado não dava para a família toda, pelo que resolvi trabalhar com um laboratório. Em 2003, era eu já Bastonário da ordem dos Médicos, quiseram comprar o meu laboratório, que já era razoável. Chamei os meus filhos, que também são patologistas clínicos e que trabalham comigo e perguntei-lhes se queriam vender. Eles disseram que não, que isso é a nossa vida… E foi o que fiz. Apertei o cinto e aguentei-me. Resolvi dar luta e, realmente, consegui defender o que era meu e transformar-me talvez num dos principais laboratórios portugueses, com capital exclusivamente português.
Esse espírito guerreiro é também o que o leva a dizer sim ao pedido do presidente Carlos Carreiras para criar o Centro de Rastreio e Diagnóstico à Covid-19 em Cascais, o qual seria um exemplo para todo o país?
De um momento para o outro a gente ouve falar num vírus que era lá para a China, “no fim do mundo”, como dizia Eça de Queiroz. De repente percebemos que nos ia entrar pela porta dentro, pelo que resolvemos preparar-nos. Fui dos primeiros a criar estruturas, quer a nível de diagnóstico, quer de rastreio… Quando o senhor presidente da Câmara nos contactou para darmos apoio não tivemos qualquer dúvida. E acho que correu bem.
Como conseguiu navegar na escassez de reagentes entre outros materiais?
Cheguei a pagar 90 euros só pelo reagente para uma unidade de teste ao SarsCov2. Houve encomendas pagas a desaparecer na alfândega… Era o salve-se quem puder em toda a Europa… Mais uma vez foram os laboratórios convencionados que aguentaram cerca de 50% dos testes laboratoriais feitos neste país. Foi um esforço enorme. Trabalhar 24 sobre 24 horas… houve dias em que tive 15 mil testes por dia…
A gestão de Cascais ajudou?
Foi muito importante. Foi fundamental.
Costuma dizer: “Gosto, amo a minha profissão”. Disse recentemente numa entrevista ao Expresso que “não foi para Bastonário para armar ao pingarelho, mas para deixar o mundo melhor”. Tem conseguido até agora?
Podia dizer-se que “o fulano quer galões”, mas não. Quem como eu gosta da minha profissão sentia que a imagem dos médicos estava a degradar-se. Em 1998/99 havia notícias desagradáveis todos os dias sobre os médicos. E decidi candidatar-me para ver se conseguia por ordem na casa. E acho que consegui.
Privou com dois grandes músicos de intervenção Adriano Correia de Oliveira, seu grande amigo, e Zeca Afonso. Como foram esses tempos?
Rapazes saudosos das ilhas como éramos, cantávamos o folclore das nossas ilhas na nossa República na Universidade, a “Real República Corsários das Ilhas”. Tivemos um grupo de cantares açorianos com a toada de Coimbra com algum sucesso (ainda gravámos dois discos) e, quer o Adriano Correia de Oliveira, que era da República ao lado “A raios te parta”, quer o Zeca Afonso, que ia estudar para a minha República juntamente com o seu amigo (o Victor Lobão), aprenderam essas canções. E foi aí que os conheci e me tornei amigo deles. O Zeca vem depois a cantá-las como S. Macaio, Lira e outras.
Mostra grande interesse pela história tendo publicado recentemente a obra “História da Medicina durante a Expansão” e tem outra na forja. É o historiador que vive dentro do médico?
Gosto muito de história. Publiquei na Temas e Debates. Por enquanto não quero falar sobre o outro… Provavelmente daqui a seis sete meses haverá novidades.
Viver com tranquilidade, ensinar os outros a viver com tranquilidade… é a sua máxima. Sendo Cascais um dos concelhos do país com maior qualidade de vida, pode dizer-se que está no concelho certo?
Este é o concelho certo para viver. Eu tenho outro que é a ilha onde nasci, a Vila de Nordeste, em S. Miguel, que se calhar é até mais tranquilo, mas não há dúvida que Cascais é um excelente sítio para viver tranquilo.
Sítio favorito no concelho?
Vou pela Marginal adiante e fico ali junto ao mar a dividir o olhar entre o mar e a serra.
Livro favorito?
Sou um leitor inveterado. Se me perguntar qual o meu romance favorito, digo “Os Maias”, de Eça de Queiroz. A capacidade de juntar a ironia e adjetivar, criar ambientes com quatro ou cinco adjetivos e dois ou três substantivos… É notável. O único problema do Eça de Queiroz foi ser português, porque se fosse francês ou inglês era um dos maiores escritores universais.
Na gastronomia, qual o seu prato favorito?
Indiscutivelmente gosto de uma boa feijoada.
Desporto?
Não é a minha praia.
Valor inestimável?
Liberdade. Seria a última coisa que eu seria capaz de deixar de lado. Depois há o amor pela família, que passei aos meus filhos, mas a liberdade é essencial.
Cascais, abril de 2022
CMC/FH/GB/CB | Entrevista inserida no C - Tudo Sobre as Pessoas 132. Ler edição completa
Júnior Chef'22 | Inscrições em curso
Até 14 de maio, os jovens de 14 a 18 anos residentes ou estudantes no concelho de Cascais têm oportunidade para mostrar o seu talento na cozinha.
As candidaturas à edição 2022 do Cascais Júnior Chef - Prémio Maria de Lourdes Modesto estão em curso. Para participar basta enviar um vídeo a confecionar uma receita e preencher o formulário da iniciativa. Todas as informações aqui: Cascais Junior Chef
Como foi a final 2021?
Rotary Club Parede-Carcavelos comemora 25 anos e distingue presidente da Câmara de Cascais
Com o lema “Servir para transformar Vidas” o Rotary Club Parede-Carcavelos comemorou esta quinta-feira, 28 de abril, o seu 25º aniversário. Os festejos contaram com um jantar festivo precedido de uma homenagem a seis profissionais e personalidades que se destacaram nos Anos Rotários de 2019-20, 2020-21 e 2021-2022.
Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais foi um dos homenageados, com a distinção “Reconhecimento Profissional do ano rotário de 2021/2022.
“Coube-me a mim enquanto presidente de Câmara lidar com três grandes crises”, salientou Carlos Carreiras, referindo-se à crise económica e social durante o período da Troika, à crise sanitária provocada pela pandemia de Covid-19, e agora, à crise provocada pela guerra da Ucrânia.
“O trabalho sob minha liderança e gestão feito em Cascais relativamente ao combate a estas crises foi agora reconhecido pelos rotários que me deixa muito honrado e que agradeço” acrescentou o autarca, destacando, contudo, o trabalho das equipas do universo municipal que “tiveram um empenho absolutamente extraordinário durante a pandemia de covid-19 e agora com a guerra da Ucrânia”.
Carlos Carreiras faz, assim, questão de partilhar este reconhecimento "com muitos colegas da Câmara Municipal de Cascais e das empresas municipais porque sem eles não teríamos atingido o que conseguimos e ter feito o possível e mais um bocadinho”.
Para além de Carlos Carreiras, foram, ainda, distinguidas pelo Rotary Clube Parede-Carcavelos, as seguintes personalidades:
- Reconhecimento de Mérito Profissional no ano rotário de 2019/2020 – Conceição Fernando (pelo seu trabalho no Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos)
- Reconhecimento Profissional 2019/2020 – Dr. Ricardo Batista Leite (pelo seu trabalho no combate à pandemia de Covid-19)
- Reconhecimento Mérito Profissional do Ano Rotário 2020/2021 – Prof. Aranda da Silva ( pelo seu trabalho destacado na área das Ciências Farmacêuticas)
- Reconhecimento Profissional do Ano rotário 2020/2021 – João Moura (em prol do associativismo no concelho);
- Reconhecimento Mérito Profissional do ano rotário 2021/2022 – Glória Reino (em prol da comunidade educativa no concelho);
O Rotary Club tem por missão servir o próximo, difundir a integridade e promover a boa vontade, paz e compreensão mundial por meio da consolidação de boas relações entre líderes profissionais, empresariais e comunitários.
A rede Rotary Club Internacional já conta com 110 anos de atividade. Através de projetos sustentáveis em diversas áreas, como alfabetização, paz, saúde e recursos hídricos, procura sempre criar um mundo melhor.
CMC/PL
Prémio Inovação atribuído a Carlos Carreiras
O Observador decidiu, por unanimidade, atribuir o prémio Inovação ao presidente da Câmara Municipal de Cascais “por ter desbravado o caminho dos autocarros a hidrogénio” e pela sua intervenção, como autarca, “nas soluções de mobilidade mais sustentável” para os munícipes. O prémio foi hoje, 28 de abril, entregue no Clube Monsanto Secret Spot, em Lisboa.
Em resposta aos mais céticos que não acreditavam na aposta no hidrogénio enquanto combustível, Carlos Carreiras lembrou na cerimónia que “Cascais tem vindo fazer apostas ganhadoras e esta (a do hidrogénio enquanto combustível) é, claramente, uma delas. Já temos dois autocarros e temos encomendados mais oito. O hidrogénio é muito rentável, porque aquilo que nós poupamos nos combustíveis fósseis dá para comprar mais um autocarro.”
O autarca acrescentou ainda: “Afirmámo-nos como um território laboratório, o que nos permite captar a custos mais baixos talento, competência, conhecimento.”
A mobilidade tem sido uma das prioridades da autarquia, designadamente com a introdução de uma frota de 44 linhas municipais que cobrem todos os pontos do concelho, mais horários e mais quilómetros percorridos.
Esta transformação na mobilidade do concelho visa também as questões ambientais, quer pela energia utilizada, quer pelo incentivo a toda a população, do uso de transporte público, em detrimento do individual, até pelo facto de dentro do concelho esse transporte ser gratuito.
Algumas razões para a distinção:
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