Vinte anos passados sobre a morte de Fernando Lopes-Graça a sua obra e a sua mensagem de paz, liberdade e inconformismo face às injustiças do mundo continuam mais vivas do que nunca. Cascais evocou o maestro e compositor com uma romagem ao cemitério, lançamento de um livro/CD “Canções do 25 de abril” e um concerto coral de homenagem pelo Coro Lopes-Graça da Academia de Amadores de Música e o Coro de Câmara de Cascais no Centro Cultural de Cascais, domingo, 30 de novembro.
O auditório do Centro Cultural de Cascais foi pequeno para acolher os admiradores, músicos e personalidades que acompanharam o percurso artístico e pessoal de Fernando Lopes-Graça que fizeram questão de estar presentes na cerimónia em que se evocaram 20 anos sobre a morte do maestro.
Salientando a coincidência entre a data em que faleceu Fernando Lopes-Graça (em 27.11.1994) e a classificação, 20 anos depois, do Cante Alentejano pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade, Carlos Carreiras, Presidente da Câmara de Cascais fez questão de evocar o “privilégio de Cascais ter tido o maestro, compositor e escritor durante 50 anos: 30 anos de presença física e agora mais 20 anos de presenta imaterial através do seu espólio doado na sua totalidade ao Museu da Música Portuguesa-Casa Verdades de Faria, no Monte Estoril”.
Marcada pela atuação dos coros Lopes-Graça da Academia de Amadores de Música, dirigido pelo maestro José Robert, e de Câmara de Cascais, sob direção de Marias Repas, que interpretaram diversos temas da obra coral do maestro e compositor bem como várias canções emblemáticas de Lopes-Graça como o Canto da Paz e Acordai, a cerimónia serviu também para apresentar o livro/CD “Canções do 25 de Abril”, reedição do vinil esgotado desde 1999, que integra 13 canções heroicas na voz de Celeste Amorim.
Verdadeiro conjunto de “canções de resistência e da revolução com grande interesse histórico uma vez que são premonitórias da viragem política que mais tarde se verificou”, como destacou Filipe Dinis, profundo conhecedor da obra do maestro na apresentação do mesmo, o CD foi gravado pela voz da soprano solista que ao longo de 44 anos integrou o Coro da Academia de Amadores de Música e que faleceu em março de 2009. Celeste Amorim é acompanhada ao piano por Madalena Sá Pessoa, pianista e professora de piano da Academia que esteve também presente na cerimónia.