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Auditório da Casa das Histórias Paula Rego exibe “O Barão” com a presença do realizador Edgar Pêra

Inspirado no conto homónimo de Branquinho da Fonseca, na próxima sexta-feira, 31 de janeiro, pelas 21h30, e com entrada gratuita, no auditório da Casa das Histórias Paula Rego será exibido o filme “O Barão”, numa sessão que contará com a presença do realizador Edgar Pêra.

 

Exibido pela primeira vez em 2011, mas raras vezes apresentado no circuito comercial, o filme explora a oscilação entre o real e o fantástico, propondo ao espetador um ambiente ilusório não isento de ironia. O argumento é de Luísa Costa Gomes e Edgar Pêra e a direção de fotografia de Luís Branquinho, neto do escritor Branquinho da Fonseca que foi Conservador do Museu Condes de Castro Guimarães e também mentor do Serviço de Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian. Em sua homenagem, a Câmara Municipal de Cascais criou, em 1995, o Prémio Branquinho da Fonseca de Conto Fantástico.
 
Do elenco do filme fazem parte Nuno Melo, Marcos Barbosa, Leonor Keil, Marina Albuquerque, Paula Só, Vítor Correia, Miguel Sermão, Jorge Prendas.
 
SOBRE O REALIZADOR EDGAR PÊRA
Edgar Pêra nasceu em Lisboa em 1960. Estreia-se como cineasta no Fantasporto, com a sua primeira curta-metragem “Reproduta Interdita” em 1990. Numa entrevista o realizador contou que quando tinha 16 anos chegou a ver três a quatro filmes por dia. Ia em grupos grandes para o Palácio Foz, em massa ver o que ninguém tinha visto. “Queria ter uma banda ou ser autor de banda desenhada, mas não sabia tocar nem desenhar”. Opta por Psicologia, mas acaba por desistir do curso e vai para a Escola de Cinema do Conservatório Nacional, especializando-se na área de montagem. Entre outros filmes Edgar Pêra realizou A Cidade de Cassiano (1991); O Mundo Desbotado (1995); 25 de Abril Aventura Demokrátika (2000); A Janela (Maryalva Mix) (2001); Rio Turvo (2007); One Way or Another (Reflexions of a Psykokiller) (2012)
 
Em 2013, o cineasta publica o livro "Hollywood. Estórias de Glamour e Miséria no Império do Cinema". 
 

Gala do Desporto 2014 | Casino Estoril | 23 de fevereiro

Estão já a ser validadas as candidaturas apresentadas para a 14ª edição da Gala do Desporto de Cascais que terá lugar no Casino Estoril no próximo dia 23 de fevereiro.

 

Momento de homenagem a atletas e equipas que levaram mais longe o nome de Cascais, representando entidades desportivas do concelho de Cascais, Federações Desportivas e Seleções Nacionais, e obtendo resultados de mérito na época desportiva 2012|2013. 
 
É esta a forma que Cascais tem de se elevar às pessoas, reconhecendo aqueles que, nas mais variadas modalidades se distinguiram nos quadros competitivos do Desporto Federado, Escolar e Universitário.
 

Maria Odete Morgado

Com uma carreira de quase seis décadas dedicada ao ensino, Maria Odete Morgado continua, todos os dias, a cumprir, em Carcavelos, a sua missão de educadora. Alguns dos seus antigos alunos têm já hoje cerca de 50 anos mas continuam a tratá-la por “Menina Odete”, porque foi assim que a receberam, quando a viram entrar como professora na ala masculina da 3ª classe da antiga Escola nº 1 de Carcavelos.

Com uma carreira de quase seis décadas dedicada ao ensino, Maria Odete Morgado continua, todos os dias, a cumprir, em Carcavelos, a sua missão de educadora. Alguns dos seus antigos alunos têm já hoje cerca de 50 anos mas continuam a tratá-la por “Menina Odete”, porque foi assim que a receberam, quando a viram entrar como professora na ala masculina da 3ª classe da antiga Escola nº 1 de Carcavelos. Na sua estreia como docente deparar-se-ia com uma turma de 25 alunos, cuja média de idades rondava os 13 anos e que ainda mal sabiam ler. Tinha, então, 19 anos e estava a terminar o Magistério Primário quando foi substituir a professora titular que se ausentara por doença, mas ainda hoje se recorda do nome de todos, sentindo-se feliz por ter conseguido cativá-los e fazer com que passassem a ser mais assíduos. Foi este o começo de uma relação especial que estabeleceu com várias gerações de alunos da freguesia que, para além da professora, puderam contar, desde então, com uma grande amiga.

Embora esta fosse a sua primeira experiência profissional, Maria Odete começou cedo – com apenas 13 anos – a envolver-se em assuntos de educação, ao decidir viver com a madrinha, D. Francisca Lindoso, no Instituto da Sagrada Família, na Parede. A instituição acolhia crianças e jovens carenciados, apesar de não ser esse o seu caso, pois a família estava por perto e podia visitá-la sempre que queria. Na verdade, nascida em Lamego, no ano de 1937, onde o seu pai tinha uma sapataria, «negócio que até não corria mal», mudar-se-ia, três anos depois, com os pais e cinco irmãos para Lisboa e depois para a Parede, onde veio a frequentar a instrução primária. O pai entendia que na capital os filhos poderiam usufruir de uma melhor educação. A fundadora e também diretora do Instituto da Sagrada Família, D. Francisca Lindoso, apreciava muito as brincadeiras cheias de criatividade da afilhada, que já naquela altura contagiava com a sua energia todos aqueles que ali estavam por circunstâncias de vida menos felizes. Não era por ser afilhada da diretora que gozava de mais privilégios na instituição.

Tal como as outras internas também tinha obrigações, que cumpria sem qualquer sinal de contrariedade. Desta forma, todas as manhãs ajudava a educadora no jardim-de-infância, servindo-lhe de grande inspiração para a sua atividade os serões em família que a incentivaram a gostar de música, dança e teatro. Da parte da tarde, estudava no Colégio da Bafureira. Em criança dizia que queria ser médica, mas depois da experiência vivida no Instituto Sagrada Família percebeu que a sua vocação era ser professora, optando, assim, pelo Magistério Primário. Continuou, no entanto, a viver na instituição de onde apenas saiu para casar aos 20 anos. Durante alguns anos lecionou em Carcavelos, chegando a abrir um colégio com uma amiga, projeto que há muito sonhava concretizar. Deu aulas em colégios privados, como o St. Julian’s School, passando pelo Ensino Especial na Associação Cristã da Mocidade e pela Famser – Associação de Famílias Voluntárias Anti-Droga.

O seu marido, delegado de propaganda médica, seria colocado em Moçambique quando Maria Odete tinha 38 anos de idade e 19 anos de experiência como docente. Já com quatro filhos, foi coordenadora do ensino primário no Colégio Marista, regressando à metrópole seis anos depois, com mais um membro na família: o quinto filho e o único que não nasceu na freguesia de Carcavelos… A sua carreira profissional prosseguiu, entretanto, na Delegação Escolar, em Cascais. Abriu, mais tarde, o infantário “O Berço e depois o colégio e  O Cavalinho, em Sassoeiros, atualmente dirigido pelo filho mais novo. Na vida também passou por momentos menos felizes, que soube ultrapassar por meio da intensa atividade que sempre a ligou a Carcavelos. É, assim, a mentora do prestigiado Coral Infantil de Carcavelos e a promotora do Festival da Canção infantil Clave de Prata. Presidente da Direção da Sociedade Recreativa Musical de Carcavelos desde há 15 anos, no âmbito do qual fundou o TIC – Teatro Infantil de Carcavelos, de que é encenadora, tem-se destacado igualmente como autora da maioria das peças que o grupo representa. Fã da História de Portugal, dispõe de um repertório de peças de teatro desde a fundação da nacionalidade às invasões francesas.

O pai adorava História, sabendo-lhe transmitir essa paixão. Por isso, ainda hoje a família faz questão que seja a “Menina Odete” a motivar os alunos do 1º ciclo do Colégio O Cavalinho a gostarem desta disciplina. Apesar de aposentada, Maria Odete Morgado continua cada vez mais ativa em prol da freguesia. Não consegue abrandar o ritmo porque sente um amor incondicional por Carcavelos, tanto mais que confessa: «O que tenho feito é dedicar-me às pessoas, ao ensino é à freguesia. Sinto que têm uma certa estima por mim e eu por elas».
Assim fala quem ama o que faz!


 


Agenda Cascais nº66 | janeiro e fevereiro de 2014

Cidadela de Cascais acolhe Art District | Primeira galeria de Raw Art do país nasce em Cascais

Trazer a arte para o contexto quotidiano e usar espaços de transição ou superfícies comerciais para a promover é o objetivo do Cidadela Art District que vai nascer em breve, na Cidadela de Cascais. A inauguração está prevista para dia 8 de março, altura em que o público passa a poder visitar não só seis novas galerias de arte, mas também seis estúdios abertos nos vão estar a trabalhar artistas como Bruno Pereira, Duarte Amaral Neto, Paulo Arraiano, Paulo Brighenti, Pedro Matos e Susana Anágua.

 

Sob a direção de arte de Sandro Resende, o Cidadela Art Distric será uma mostra de arte permanente em pleno coração da Vila de Cascais, constituindo uma razão acrescida para visitar a Cidadela de Cascais, onde além das exposições simultâneas nas galerias – Raw Art, Viarco, Cinco, Magnética Magazine, Branco Editora & Biblioteca, Allarts – e estúdios, vão decorrer três concertos por ano e ainda várias intervenções artísticas noutras unidades do grupo hoteleiro. Assim, a partir de março será possível encontrar os artistas plásticos a trabalhar nos seis estúdios abertos instalados nos antigos edifícios militares, ou em qualquer outro local da Pousada como refere Sandro Resende: “pontualmente os artistas vão intervir em outros espaços para além dos Open Studios. Vão acontecer várias coisas dentro e fora do hotel”, explica. 
 
Ana Sofia Bettencourt, vereadora na Câmara Municipal de Cascais, não tem dúvidas quanto ao valor deste projeto ao qual a Câmara se associou desde o primeiro momento: “esta vinda de artistas vai dar uma vida enorme ao centro de Cascais, porque chama a criatividade, chama olhares diferentes. Isso é importantíssimo para Cascais!“ Opinião partilhada por Paulo Arraiano, artista plástico nascido em Cascais envolvido no projeto, para quem “o Art District vai trazer muita energia ao espaço dentro e fora da Cidadela. Todo este projeto tem a dinâmica de galeria aberta, de trabalho conjunto e isso é super importante para todos nós como artistas e para a comunidade”.
 
Aliando o turismo à cultura, o Cidadela Art District faz da Pousada Pestana Cidadela o primeiro hotel da Europa a apresentar um projeto desta natureza. Luís Araújo, administrador da pousada distinguida com vários prémios nacionais e internacionais, acredita que esta será mais uma parceria de sucesso, motivando, de resto, a mudança do nome para Cidadela Historic Hotel & Art District: “a arte é uma área que nos é desconhecida. Somos empresários, sabemos muito de turismo e de hotéis, por isso fomos buscar o Sandro Resende e alguns dos artistas mais conhecidos de Portugal que juntamente com outros menos conhecidos do público nos podem ajudar a criar uma dinâmica vencedora”.
 
Entre as seis novas galerias que abrem ao público no âmbito do Cidadela Art District está a Raw Art, primeira galeria de arte bruta do país. Uma arte diferente, nascida das mãos de artistas cujo percurso é marcado pela doença, deficiência ou pertença a grupos de algum modo marginalizados pela sociedade. A estreia vai ser assegurada pelos trabalhos de Jorge Tarouca, um artista com doença mental cujos trabalhos Sandro Resende descobriu no âmbito de um outro projeto e que agora passam a estar disponíveis para serem apreciadas pelo público em geral.
 

Museu de Artilharia de Costa vai nascer na Parede

Património edificado e exemplar único no país, o Forte da Bataria de Artilharia de Costa da Parede vai transformar-se em breve no Museu Militar de Artilharia de Costa, rodeado por um jardim e parque temático para usufruto da população. Representando um investimento municipal de um milhão de euros, espera-se que os frutos da parceria entre a Câmara Municipal de Cascais e o Exército Português comecem a ser visíveis ainda este ano.

 

 
Parque temático e jardim enquadram projeto
 
O acordo de princípios para um Protocolo de Colaboração entre a Câmara Municipal de Cascais e o Exército Português decorreu, dia 28 de janeiro, na sala subterrânea do forte que se encontra desativado desde 1999 e que vai, em breve, cumprir outras funções com a instalação do Museu Militar de Artilharia de Costa, polo museológico dedicado à Artilharia de Costa e à Fortificação Marítima na História de Portugal. Na prática, na infraestrutura militar implantada nos Prédios Militares números 5, 37 e 39 de Cascais, afetos ao Exército e que fazem parte do domínio público militar, será criado um polo cultural de forte atração turística. 
 
Enquanto o Museu de Artilharia de Costa se vai desenvolver nas antigas instalações do forte, a nível subterrâneo, à superfície, numa áreas de cinco hectares, vai criar-se “um espaço visitável, confortável e seguro”, como referiu Inês Basto, arquiteta responsável pelo projeto, juntamente com Rita Herédia. Aberto à visitação do público, o espaço em que se optará por recuperar o existente e valorizar as peças de artilharia, oferecerá percursos para visitas mais ou menos longas e equipamentos para recreio e lazer, como uma cafetaria panorâmica e um anfiteatro, incluindo um circuito de recreio que evocará o antigo circuito de treino militar. Em torno dos muros que hoje isolam o quartel será criado um passeio para um acesso mais fácil e seguro. 
 
Aproveitando ao máximo as pré-existências e procurando evocar a história do local, “o projeto representará um investimento de cerca de um milhão de euros”, adiantou Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais. “Este é claramente uma das melhores vistas de Cascais sobre a entrada do Tejo e vai ser um polo muito importante para preservarmos as nossas memórias, pelo que temos todos os ingredientes para um caso de sucesso”, referiu ainda o autarca, aproveitando a oportunidade para lançar o repto a uma nova parceria com vista à recuperação da Bataria de S. Gonçalo.
 
Presente na cerimónia, Berta Cabral, Secretária de Estado da Defesa, não só aceitou o desafio, como confirmou a disponibilidade do Estado para estabelecer novas parcerias com os municípios de todo o país, “em defesa da nossa cultura, história e identidade”. Por seu lado, Pina Monteiro, general, Chefe do Estado-Maior do Exército, considerou ser este “um momento histórico” e “um exemplo da proximidade entre o exército e a comunidade civil”. Reiterando que com a criação deste museu os cidadãos irão recordar a história militar que aqui se viveu”, Pina Monteiro, destacou que no âmbito deste projeto “vai ser possível estudar e aprofundar a história da artilharia de costa em Portugal”. 
 
Essa é, aliás, uma das premissas do acordo de princípios agora assinado que, além da constituição do museu e do jardim e parque temático, antecipa o desenvolvimento de projetos de investigação sobre a defesa de costa e fortificação marítima a assegurar pelo Exército, em associação com a Biblioteca do Exército, o Arquivo Histórico Militar e o Gabinete de Estudos Arqueológicos da Engenharia Militar.
 
Aspetos como a listagem completa dos espólios a ceder pelo Exército e pelo Município de Cascais para o funcionamento do Museu Militar da Artilharia de Costa, ou qual a posição do Município de Cascais no que respeita ao aumento do acervo aquisição de objetos e coleções estão também em cima da mesa de negociações entre o município de Cascais e o Exército Português, as quais deverão estar concluídas no mais curto espaço de tempo.
 
 

Cascais acolhe Feira Internacional de Arte Contemporânea | Apresentação dia 29 de janeiro

Com o apoio da Câmara Municipal de Cascais, concelho que aposta fortemente na área da cultura e da criação artística, realiza-se entre os dias 10 e 13 de julho de 2014, no Centro de Congressos do Estoril, a Est Art Fair, Feira Internacional de Arte Contemporânea de Cascais. A apresentação do evento acontece nesta quarta-feira, dia 29 de janeiro, às 12h00, no Hotel Ritz em Lisboa.
Destinada a impulsionar o mercado da arte em Portugal, a Est Art pretende também estimular a promoção internacional de artistas nacionais já consagrados ou em início de carreira e ainda estreitar relações nesta área junto de países com os quais Portugal tem vindo a desenvolver relações económicas, empresariais e culturais, bem como com galerias e artistas oriundos desses países. 
 
Composta por vários eventos a realizar ao longo do ano no concelho de Cascais, a Est Art, irá culminar na Est Art Fair - Feira Internacional de Arte Contemporânea, marcada para o Centro de Congressos do Estoril, entre os dias 10 e 13 de julho de 2014 e que contará com a participação de mais de 50 galerias. 
 
A Est Art Fair - Feira Internacional de Arte Contemporânea será assim o ponto alto de um projeto que se diferencia pelo formato e conceito inovadores na apresentação da arte contemporânea em Portugal, através de projetos expositivos próprios, seminários, workshops e visitas guiadas para especialistas, colecionadores e para uma nova geração de consumidores e apreciadores de arte.
 
Reconhecendo que a presença de artistas, galerias e colecionadores de países como Angola, Brasil, China, Espanha, Moçambique e Rússia será importante na construção deste mercado, a organização da Est Art Fair vai apostar fortemente na promoção externa do evento, especialmente para atrair a participação de galerias e artistas estrangeiros, fundamentais para a criação de um mercado de arte consistente e sustentável. 
 
Sobre a importância do Est Art | Segundo o relatório The European Fine Art Foundation – “Art Market Report 2013”, o mercado global da arte valeu, em 2012, cerca de 43 mil milhões de euros, com um volume de transações na ordem dos 35 mil milhões. Para além do retorno financeiro, os artistas emergentes e mesmo os já conceituados, não dispensam galerias, instituições, colecionadores, curadores e críticos de arte, cujo universo integra feiras, mercados e eventos de exposição, onde ocorrem apreciações, opiniões e, particularmente o contato com novos públicos. O projeto Est Art surge assim em Portugal para proporcionar estes momentos e espaços diferenciados, com elevados padrões internacionais, com enfoque em obras e artistas de renome ou acabados de chegar ao mercado da arte. 
 

Associação Desportiva Cultural e Recreativa Murtalense celebrou 90 anos

Celebrar 90 anos não é para todos. Que o digam os associados da Associação Desportiva, Cultural e Recreativa Murtalense que se juntaram no passado domingo para evocar quase um século de história com muitas vicissitudes.

 Marcado por um almoço comemorativo no salão de festas da associação, o aniversário reuniu inúmeros sócios, amigos e convidados que em ambiente de festa mas também nostálgico assinalaram os 90 anos da Associação Murtalense.


Uma associação que nasceu em 1924 e que ao longo dos anos passou por vários desafios. Assim o recorda Jorge Fontes, tesoureiro e sócio desde os 12 anos de idade, para quem este foi um dia importante: “Foi um domingo de festa em que quisemos assinalar estes 90 anos. Em 2001 este edifício estava fechado, com atividade encerrada e foi preciso muito trabalho para recuperar tudo. Mas hoje em dia está aberto e é isso que interessa!“


Longe dos dias menos produtivos, a Associação dedica-se a várias atividades desportivas como Pilates, Esgrima, Kickboxing e Karaté. Pratica-se também Futebol, modalidade  que se tornou possível com o aparecimento do campo de futebol no Jardim Murtalense. Além disso, a associação promove aulas de música, contribuindo para o desenvolvimento cultural da comunidade.


Para o futuro são vários os projetos ambicionados. Entre eles está o aumento da sede, a criação de um relvado sintético no campo e a enorme vontade de trazer à ribalta os anos dourados do Murtalense, onde não faltavam bailes, festas de Carnaval e a celebração dos Santos Populares.


Mesmo num contexto onde está bem presente a dificuldade em responder ao apelo de todas as instituições do concelho, a Câmara Municipal de Cascais está, como refere Frederico de Almeida, vereador do desporto, educação e ação social “a analisar em conjunto os projetos desta Associação. Vamos, com certeza, encontrar as melhores soluções para que a associação continue o seu caminho, pelo menos, por mais 90 anos.”


Sobre a Associação Desportiva, Cultural e Recreativa Murtalense | A 24 de janeiro de 1924 nascia no Murtal o Grupo Musical e Desportivo Murtalense com o objetivo de desenvolver atividades de beneficência, aulas de música, e promover espetáculos e festas. Mas nos anos 50, surge no Murtal um outro grupo com a mesma atividade, o Grupo Desportivo Murtalense. Em 2009, depois de vários esforços para uma fusão, os dois grupos unem-se e formam assim a Associação Desportiva, Cultural e Recreativa.  A associação que outrora originava momentos extraordinários através de diversas atividades e eventos regionais e nacionais como é exemplo as provas de ciclismo que faziam o deleite dos murtalenses, foi também marcada pela medalha de mérito municipal em 1959. Em 2000, o Murtalense viria a fechar portas devido a uma gestão, da direção da altura, menos rigorosa. Destemidos e com vontade de erguer o espaço que fora a sua segunda casa durante a juventude, um grupo de amigos juntou-se para não deixar morrer a associação, mantendo-a em atividade até aos dias de hoje.




 

Luís Carlos Alves

Nasceu em Angola, Gabela, a terra do café e do nevoeiro. Em 1969 viajou pela primeira vez para Portugal com apenas cinco anos. Como nos contou, esta não foi uma viagem de férias planeadas para vir conhecer a terra dos seus pais e avós. A infância vivida e descontraída aos sabores de África, foi interrompida por uma viagem forçada pelos ventos da descolonização que, em 1974, obrigou milhares de portugueses a trilhar um caminho de não retorno em direção à “metrópole” e a uma vida nova feita do nada.

As suas recordações de Angola são escassas, mas Luís Carlos lembra-se bem do momento da partida, do colo da mãe, da sensação de que alguma coisa não estava a correr bem, do som das rajadas de metralhadora, da angústia motivada pela espera de dias e noites passadas numa garagem onde também estavam muitos outros portugueses. Tal como a sua família, estas eram pessoas que engrossavam as listas de espera das escoltas até ao aeroporto, de onde todos partiriam em direção a Portugal. Hoje, 39 anos após ter pisado solo pátrio e depois de alguns amigos lhe mostrarem fotografias atuais da casa onde viveu em Angola, destruída, Luís Carlos não sente vontade de voltar. A nostalgia do regresso não lhe toca tão profundamente como àqueles que regressaram já mais velhos e com um baú cheio de memórias de um tempo feliz. E se a despedida de Angola foi dura, os primeiros anos em Portugal não foram menos difíceis. A família viu-se forçada a começar do zero e os primeiros anos de Luís Carlos em Portugal são passados na terra da mãe e dos avós maternos, em Casal Sancho, Viseu. Como era preciso garantir a subsistência da família, o pai tenta de tudo e arranja trabalho na distante Lisboa. Durante algum tempo, e até que a situação laboral do pai permitisse reunir de novo toda a família, Luís Carlos continuou com a mãe e a irmã, em Viseu, onde iniciou os estudos primários.

Mais tarde, já em Lisboa, prosseguiu os estudos e no liceu começou a interessar-se por informática. Computadores e motores eram já na altura as paixões de Luís Carlos. A adoração por carros e motas é tal que se pudesse, para além de Informático, “seria piloto de Fórmula 1”. Decidido, Luís Carlos ainda não tinha 18 anos quando jurou que tinha que tirar a carta de condução de automóveis. A maioridade, contudo, tinha-lhe guardado uma das maiores provas da sua vida. Problemas de saúde levam-no, por diversas vezes, à mesa de operações, a que se seguiram dois anos de fisioterapia intensa no Centro de Medicina e Reabilitação de Alcoitão que lhe devolveram a mobilidade possível. Ao lembrar esta passagem da sua vida, sente- -se a gratidão nas palavras de Luís Carlos. Gratidão imensa por todos aqueles que, em Alcoitão, o ajudaram a inverter um caminho que não raras vezes se pensou ser irreversível. Já com 23 anos de casa, são poucos os que na Câmara de Cascais não conhecem o Luís Carlos. E o percurso na autarquia começa aos 20 anos, quando na sua primeira experiência profissional, Luís Carlos consegue uma colocação como administrativo nas Oficinas Municipais. Desse tempo recorda o Chefe, engenheiro Daniel Barriga, que lhe dizia que “a felicidade depende muito da forma como encaramos a vida. Se nos acomodarmos, a vida nunca nos sorrirá.” Ensinamento que Luís Carlos nunca esqueceu porque nunca deixou de lutar pelos seus sonhos.


Já a trabalhar consegue, em simultâneo, licenciar-se em Informática de Gestão. Já “doutor”, e à espera de definição da sua situação na autarquia, concorre a um lugar na banca. Obteve a melhor classificação no processo mas na fase de entrevista negam-lhe abertamente a possibilidade de trabalhar no grupo por causa do seu problema de mobilidade. Nesse momento, pela primeira vez, Luís Carlos sentiu na pele que existem preconceitos que podem sobrepor-se à competência das pessoas. “Felizmente, hoje, a nossa sociedade encara estas situações com mentalidade mais aberta e de forma mais justa”, afirma. Mas por cada janela que se fecha há uma porta que se abre. Pouco depois surge a oportunidade de ir trabalhar para o Gabinete de Informática da Câmara Municipal de Cascais. Na época, Luís Carlos era o único elemento com uma licenciatura na área. “Ser informático é quase como ser médico, porque para se estar atualizado tem que se continuar a estudar pela vida fora.” Das palavras aos atos, algum tempo depois Luís Carlos voltou aos bancos da universidade para fazer uma pós-graduação em Sistemas de Informação porque, como explica, “o progresso na área informática não deixa de nos surpreender todos os dias, rola a uma velocidade vertiginosa.” A necessidade de se atualizar é, por isso, constante.

Tirando as histórias infantis que faz questão de ler todos os dias às duas filhas, as suas leituras resumem- se, atualmente, a manuais de informática. No seu dia de trabalho não há rotinas. Todos os dias apresentam-se como desafios aos quais ele e toda a equipa têm de dar respostas rápidas e eficazes. Ao Gabinete de Informática da Autarquia cabe fazer a manutenção de todo o parque informático, o que se traduz em muitas questões para dar resposta todos os dias. “Já passei algumas noites sem dormir à procura de soluções para tentar resolver problemas informáticos, mas não me arrependo porque na minha área aprendemos coisas novas todos os dias. Esses problemas tornam-nos todos os dias mais capazes. A nossa autarquia a nível informático não fica atrás do que de melhor se faz em Portugal nesta área. Devemos estar muito perto de atingir o rácio de um computador por utilizador”, acrescenta com satisfação. Sempre que pode, Luís vai até ao autódromo do Estoril sentir o som, o cheiro e a adrenalina dos motores. Mesmo que chova copiosamente e que seja o único espetador na bancada. Afinal de contas, não é preciso ser piloto para ganhar uma corrida, nem para vencer as difíceis voltas que a vida dá.


 


C - Boletim Municipal | 21 de março de 2013

Lourdes Chuva

Mesmo em conversas informais, fora do seu posto de trabalho, Lourdes fala num tom de voz muito suave. Tão suave que apenas o seu interlocutor consegue escutar. É quase como se de um truque de magia se tratasse e nos conseguisse transportar, através da sua voz, para os ambientes de biblioteca. Lá, o sítio onde os silêncios são de ouro. Lá, onde não temos a liberdade de fazer parte das histórias dos livros lidos pelas pessoas à nossa volta.

Não é verdade que se costuma dizer que na vida há sempre uma explicação para tudo? Ora bem, também para Lourdes Chuva há uma explicação. Esta colaboradora contou-nos que vive, desde a infância, entre livros e bibliotecas. “Eu ainda nem sequer sabia ler mas passava o tempo na Biblioteca Condes de Castro Guimarães. Habituei-me muito àquele espaço”. No total soma 42 anos de trabalho em bibliotecas. Atrevemo-nos por isso a dizer, que o seu tom de voz ganhou forma quando aos doze anos começou a colaborar com a secção infantil da Biblioteca do Museu Condes de Castro Guimarães. Lourdes nasceu no Monte Estoril, em 1958 e foi viver para o Parque Marechal Carmona, quando tinha apenas um ano de idade. O pai, o senhor Tavares, já ali trabalhava como jardineiro, e aceitou a casa de função do posto de trabalho onde ficaram alojados. Tinha sete pequenas divisões, e Lourdes adorava brincar naquela que era uma espécie de sótão, de onde conseguia ver todo o parque e o ambiente à volta do mesmo, sem nunca se deixar avistar. Para uma criança da sua idade era quase como estivesse a viver uma aventura das histórias de encantar. Quando ouviam o sino do portão conseguiam ver da janela quem estava para chegar. A chave enorme do portão de entrada para a casa tornava tudo ainda mais especial e os amigos achavam o máximo. “Ninguém tinha uma chave tão grande”, afirma. Embora Lourdes tivesse mais dois irmãos, as diferenças de idade bastante acentuadas entre eles levaram a que as brincadeiras da filha mais nova do casal Tavares fossem passadas na companhia dos filhos de outros dois funcionários que também ali viviam: a filha de Gabriel, o guarda-noturno do parque, mas principalmente, dos três filhos de Oliveira, o antigo mordomo dos Condes de Castro Guimarães. Jogavam às escondidas, simulavam acampamentos e corriam o parque de bicicleta. Mesmo quando chegava a hora de encerrar o jardim ao público, as brincadeiras continuavam. Mas Lourdes também chegou a conviver com outras crianças que não viviam no parque; apareciam nas férias de verão e acabavam por ir parar à biblioteca do museu. Ainda se lembra da emoção que sentiu no dia em que a convidaram para ir à piscina da Parada, onde hoje é o Museu do Mar. Mesmo quando os amigos não estavam por perto, Lourdes nunca se sentia sozinha. Dirigia-se à biblioteca e ficava horas na companhia dos funcionários. Os ateliês de pintura, gravura e cerâmica que o museu começou a promover para crianças a partir de 1964, levaram-na a passar ainda mais tempo naquele espaço, com Graça Pessoa de Amorim, a técnica que todos tratavam, carinhosamente, por “Gracinha”.


As atividades do museu começavam, entretanto, a atrair atenções, e o público infantil passou a afluir em maior número. Berta Jonet, uma mãe que costumava ir com os filhos ao Museu-biblioteca, e que mais tarde, veio a ser a responsável pela biblioteca infantil, propõe, à então conservadora do Museu, Maria Alice Beaumont, que se separasse a área infantil da dos adultos. Era preciso arranjar um espaço adequado à sua idade, mais iluminado, com estantes onde os livros estivessem ao alcance das crianças e onde com a natural espontaneidade que as caracteriza, pudessem comunicar sem interferir com a leitura ou o estudo dos adultos. Foi a partir daí que os livros infantis e juvenis passaram a ter um espaço próprio numa sala contígua à biblioteca dos adultos. “Com um fundo bibliográfico de uma centena de livros davam-se assim os primeiros passos para a constituição da futura Biblioteca Infanto-Juvenil do Parque Marechal Carmona”. As escolas passaram também a frequentar o novo espaço e a afluência do público infantil não parava de crescer, tornando-se necessário aumentar o fundo bibliográfico do mesmo. Em 1971, por intermédio de Branquinho da Fonseca, que já tinha exercido o cargo de conservador do Museu Condes de Castro Guimarães, mas que na época era o diretor do serviço de bibliotecas da Gulbenkian, foi pedido o apoio da Fundação e aquele espaço tornava-se assim na Biblioteca Fixa nº 168 da Fundação Calouste Gulbenkian. Nessa altura percebeu-se que também seria necessário contar com o apoio de mais uma pessoa. Gracinha já tinha percebido o grande entusiasmo de Lourdes em ajudar na preparação das atividades, e por isso, quando esta concluiu a 6ª Classe, e a mãe não permitiu que prosseguisse os estudos em Oeiras, propuseram-lhe que passasse a ser colaboradora da biblioteca. Com a devida autorização dos pais, Lourdes aceita o convite com a maior alegria. Cumpria um horário de duas horas e meia, e ganhava 250 escudos por mês, o equivalente hoje a 1,25 euros. Tinha apenas 12 anos na altura. A Fundação Calouste Gulbenkian ficou responsável pela gestão do acervo. “Passou a fornecer livros regularmente, e com fartura. Para além dos livros, recebíamos formação profissional”, explica Lourdes. O espaço onde hoje está instalada a Biblioteca Municipal de Cascais-Infantil e Juvenil, era na altura, a garagem da carrinha da Biblioteca Itinerante. Mudaram-se para ali em 1975, porque se entendeu juntar a vertente biblioteca aos ateliês, passando-se a designar as novas instalações por Centro Juvenil. “Em Cascais ainda não havia outras bibliotecas, e este espaço exclusivamente dedicado ao público infanto-juvenil era único no país. Um sucesso!”


Como afirma, parece que mesmo hoje, continua a manter o estatuto de biblioteca inteiramente dedicada à população infanto-juvenil, única a nível nacional. A partir de 2003, a gestão do espaço passou a ser da responsabilidade exclusiva da Câmara Municipal de Cascais. Quando atingiu a maioridade, Lourdes continuou a apostar na sua formação. Voltou aos bancos da escola e concluiu o 12º ano. Fez diversas formações relacionadas com a sua área profissional, e como nos disse “Todos os dias aprendo coisas novas, conheço pessoas diferentes e encontro muitos amigos que outrora frequentaram a biblioteca infantil, e que agora trazem cá os seus filhos”. Com um grande sorriso, conta que alguns desses pais, tal como ela, ainda eram uns meninos quando os conheceu, e lembra- se bem que às vezes tinha dificuldade em “metê-los na ordem”!


Os pais de Lourdes viveram e trabalharam durante mais de 30 anos no Parque Marechal Carmona. Lourdes já ali não mora, mas continua a trabalhar na Biblioteca Infantil-Juvenil do Parque. A filha mais velha de Lourdes, contudo, ainda ali viveu e brincou até aos cinco anos. Tudo somado, podemos dizer que nas páginas da vida de Lourdes, três gerações da sua família tiveram o privilégio de morar num parque à beira-mar plantado. Um daqueles parques que a maioria das crianças só conhece das histórias ilustradas sobre o Jardim do Paraíso. Lourdes disse-nos que nunca pensou em mudar de funções. Adora o que faz.


 


C - Boletim Municipal | abril de 2013

Genoveva Dias Arcadinho Lúcio

Genoveva vive na outra margem do Tejo, em Almada, e todos os dias, antes das 7h00, entra nos Paços do Concelho e começa a ronda para se certificar se ainda é necessário proceder a algumas tarefas antes que a maioria dos colaboradores inicie mais uma jornada de trabalho. Nunca tinha trabalhado fora de casa, mas contrariando as estatísticas que dizem que a partir de uma certa idade, dificilmente se consegue arranjar trabalho, Genoveva ingressa pela primeira vez no mercado de trabalho com 57 anos de idade.

O médico e os amigos incentivaram-na a arranjar uma ocupação para espantar a solidão que, com a morte do marido, teimava em lhe consumir os dias. E, desde então, Genoveva já conta com 21 anos de trabalho fora do lar. Primeiro, como empregada de limpeza no Hospital do Desterro, e atualmente, como encarregada de limpeza no edifício dos Paços de Concelho. Mas ao analisarmos o seu percurso de vida não são só as estatísticas que são uma exceção no seu caso, também a sua vitalidade não parece dar mostras de querer abrandar o ritmo de trabalho à medida que os anos vão passando por ela. No edifício dos Paços do Concelho não há quem ainda não tenha reparado em Genoveva que, apesar dos seus 80 anos, anda sempre apressada de um lado para o outro, envergando a sua bata amarela e com o pano do pó sempre à mão, numa azáfama à qual não dá folga porque ao sábado e ao domingo costuma ir ajudar o neto no restaurante. “Depois do encerramento do hospital podia ter optado pela reforma, tal como a minha filha me aconselhou, mas sinto-me melhor a trabalhar porque o faço por prazer e não por obrigação”, explica-nos D. Genoveva. Natural de Alcáçovas, Alentejo, Genoveva Dias Arcadinho Lúcio nasceu em 20 de fevereiro de 1933, numa época em a maior parte das mulheres não trabalhava fora do lar. As mais “prendadas” arranjavam um bom casamento e ficavam em casa a cuidar da família, a não ser que por ironia do destino ficassem à sua própria mercê. Era até considerado um privilégio casar com alguém que não aceitasse que a sua mulher ajudasse a ganhar o sustento para a família, mentalidade que era ainda mais vincada em aldeias e vilas por este país fora.

Quando tinha 11 anos, os pais separaram-se, e como Genoveva escolheu ficar com a mãe que estava de partida para Lisboa para trabalhar como doméstica, viveu na capital até aos 15 anos. Em Lisboa não continuou a estudar e quase não saía de casa. Passados três anos, a mãe achou que estava na hora de começar a pensar no enxoval, e como não tinha posses para a ajudar a organizar o mesmo, convence-a a regressar à terra natal. O pai não queria que Genoveva trabalhasse, apenas permitia que o ajudasse na venda/taberna de que era proprietário. Mas Genoveva queria ganhar o seu próprio dinheiro, e tanto pediu que o pai fez-lhe a vontade: aos 18 anos vai para o campo trabalhar, apanhar azeitona, bolota e carregar pedra. Manteve esta atividade até casar, aos 21 anos. O marido, militar de profissão, colocado na Marinha, embarca, passado um mês do casamento, numa viagem por Macau e Timor. Até que o marido regressasse, passados vinte meses, Genoveva continuou a viver em casa do pai, ocupando os seus dias com a lida de casa e os lavores de renda e malha, pois o marido também não permitia que trabalhasse fora de casa. Após o regresso do cônjuge, saem de Alcáçovas e estabelecem residência em Almada. Dada a profissão do marido, Genoveva continuava a passar longas temporadas sozinha, com a filha Mariana que entretanto nascera. O marido continuava em missão no Ultramar e quando a filha fez doze anos, em 1968, resolve levar a família para a Guiné. Regressaram todos em 1972.

Até 1992, data do falecimento do marido, Genoveva nunca tinha trabalhado fora de casa. Hoje, é uma cara indispensável no dia-a-dia de todos os que trabalham no edifício dos Paços do Concelho. Genoveva ainda continua a viver na outra margem do Rio, em Almada; a sair todos os dias de casa por volta das 04h50 e a entrar na Câmara antes das 07h00 da manhã. Na sua vida tem mostrado que sabe adaptar-se às marés, mesmo quando estas ameaçam a tranquilidade da sua viagem.

 

C - Boletim Municipal | 20 de junho de 2013
 

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