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Capela de São Sebastião

A Capela de S. Sebastião, incluída na propriedade do Museu-Biblioteca Condes de Castro Guimarães é, segundo consta, originária de c. de 1594.
De tradicional forma retangular, esta pequena capela possui um considerável espólio azulejar, de que os exemplos mais antigos datam do século XVII. Desta época é de destacar o revestimento integral da abóboda de berço da capela-mor.
Já no século XX foram aplicados nas paredes da nave, quatro painéis representativos da vida de S. Sebastião. Apenas três são genuínos do século XVIII, (O Santo perante o Imperador Romano, O Santo na prisão, O Santo a ser atado numa árvore) tendo o quarto (Martírio de São Sebastião) sido reconstituído pelo pintor Leopoldo Battistini.
No alpendre frontal encontram-se azulejos diversos, aparentemente sem obedecer a uma ordem ou estilo, que dão um aspeto pitoresco à fachada da capela. Na parede, um painel policromo de finais do século XVII, remete para a cerimónia da Eucarístia.
Laura Carriço
Não há na Câmara Municipal de Cascais quem não a conheça. Nasceu em Serpa, a 23 de dezembro de 1960, mas quando tinha nove meses os pais rumaram à Malveira da Serra, em busca de um futuro melhor, e foi numa orgulhosa “malveirona” que a Laura se tornou.
Na Escola da Malveira da Serra completou com brio a 6ª classe. Porém, aos 12 anos a sua coragem foi posta à prova ao enfrentar um problema de saúde familiar: “A maior tristeza que senti foi no período em que a minha mãe não me reconhecia”. A mãe recuperou, mas Laura não retornou à escola.
Durante 10 anos ficou a trabalhar numa mercearia que o pai tomou de trespasse.Casou aos 18 anos com um rapaz com quem namorava desde os 15: “Se me perguntassem hoje se era com ele que eu voltaria a casar, diria sempre que sim”. Os dois filhos são o orgulho da sua vida. André licenciou-se em Engenharia Eletrotécnica e o Daniel é jogador de futebol no Sporting e na seleção nacional. Foi difícil ver o filho mais novo sair de casa aos 14 anos para a Academia do Sporting. Mas não se arrepende, “foi tudo por amor”.
Laura tem sido sempre uma cidadã ativa e socialmente empenhada. Ajudar os outros podia ser o seu lema, tanto na vida como na profissão. Quando o filho Daniel entrou para a Escola Primária abalançou-se a criar uma Associação de Pais, da qual foi presidente. Atualmente anda ocupada a formar uma nova associação de defesa da capela da terra e guarda para si
o sonho de “unir o povo de Janes e Malveira, através da conservação da capela”. Laura Carriço não gosta de divisões e rivalidades: “Não há nada que um bom diálogo não consiga resolver. Temos sempre que dar o benefício da dúvida, aceitar as opiniões… nunca tenho a mania que sei mais do que os outros”.
Com uma veia artística “herdada da mãe”, desde a juventude que começou a participar em atividades culturais. Marchas populares, revistas, comédias e nos corsos de Carnaval. “Representar e estar em palco é uma forma de libertar tudo o que me está na alma, não tem explicação possível, foi uma das fases mais felizes da minha vida!”. Porém, a dedicação à família falou mais alto e desistiu de tudo quando o filho Daniel foi para a Academia do Sporting Mas quem sabe se um dia o bichinho das artes não volta a despertar? A situação profissional instável na empresa Stander Elétrica levou-a a candidatar-se a um emprego na CMC. Em 1985 tornou-se ajudante de jardineiro, na Quinta de Vale de Cavalos. Era um trabalho muito duro. Dois anos depois, apesar de manter a mesma categoria profissional, conseguiu transferência para o gabinete de apoio à Presidência e vereação.
Foi então que regressou à escola para concluir o Curso Geral Noturno. Integrou o Gabinete de Relações Públicas em 1993, passando formalmente à carreira administrativa. Laura viu-se então envolvida na organização de eventos e cerimónias oficiais. “Recordo-me em especial da receção a Mikhail Gorbachev e da homenagem da Câmara aos pais do rei de Espanha”.
Hoje presta apoio de secretariado à chefia. Adora o seu trabalho e não nega nenhuma tarefa. Só sairia das Relações Públicas para “a área social, da proteção de menores”.
A valorização pessoal e a aspiração de um dia chegar à universidade levou-a, em 2009, ao programa Novas Oportunidades para concluir o 12º ano. Se pudesse, gostava de ajudar mais quem precisa, pois é no voluntariado que encontra a grande satisfação da sua vida.
(Perfil do Munícipe in C - Boletim Municipal, nº4, Novembro 2011)
Comandante João Loureiro
Sempre sonhou equipar-se de vermelho, não para jogar no Benfica, mas sim para vestir a farda de bombeiro que usa desde 1979. “Todas as crianças sonham com fardas, bombeiros, polícias… São coisas que gostam de fazer ou tentam ser. Podia ter ido para futebolista, mas deu-me para vir para os bombeiros.”
Assim se inicia a nossa conversa com João Loureiro, comandante dos Bombeiros de Cascais. Com 13 anos pediu à mãe para ser bombeiro. Influenciado por amigos e pelo gosto de ver os veículos, dirigiu-se ao quartel – que ainda era no largo da Câmara - e trouxe o papel que dava autorização para poder ingressar na corporação. “A minha mãe teria de dar autorização porque eu era menor. Não colocou obstáculos mas, semprecom preocupação de mãe, naturalmente queria saber o que é que os filhos estão a fazer, onde é que
andavam… Esta é uma vida em que há sempre um risco: sabemos que saímos mas não sabemos se voltamos”.
Já com uma década a liderar o destino de 86 homens dos Bombeiros de Cascais, o comandante recorda-se bem do dia em que a direção lhe dirigiu o convite. “Nunca mais me esqueço, pois a nossa primeira reunião foi num dos dias mais marcantes para a humanidade: 11 de setembro de 2001, o dia do atentado às Torres Gémeas em Nova Iorque”.
Com 46 anos, João Loureiro já perdeu a conta aos incêndios em cujo combate esteve envolvido mas foram, “com certeza, umas centenas largas. Alguns mais marcantes, outros menos. Já tive medo, receios… apanhei alguns fogos históricos, como no Chiado nos anos 80, na Serra de Sintra em 1981 e 1986 e o falecimento de alguns elementos durante os incêndios - não desta casa mas de outras, pois infelizmente acontecem acidentes”.
Casado e com três filhos, em momentos de perigo é na família que pensa: “passa-nos tudo pela cabeça, a nossa caixinha pensa em tudo o que se fez na vida, desde a nossa infância, mulher, filhos, sempre em prol dos outros, vida por vida. Salvamos os outros pondo em risco a nossa própria vida”, sublinha. Não é pelo dinheiro que veste a pele de bombeiro, mas sim pelas pessoas e pela vontade de salvar vidas: “Ganha-se muito!... experiências, amizades, alegrias, arrelias. Chegamos ao fim do dia e sabemos que cumprimos com a missão na qual nos inscrevemos para servir uma causa, e não para ganhar coisas em proveito próprio. Somos voluntários, para entrarmos e para sair mas, depois de cá estarmos, temos obrigação de cumprir o compromisso feito com a instituição e com a sociedade”. (Perfil do Munícipe in C - Boletim Municipal, nº 3, Outubro 2011)
João Miguel Henriques
Sobre as suas origens diz-se “nascido e criado na Madorna”, quando era ainda uma localidade pequena. Gostava de brincar na rua, ir para a praia, percorrer com amigos “aquele espaço, que era um campo aberto”, recorda João Miguel Henriques, nascido em Lisboa, há 35 anos. O atual coordenador do Arquivo Histórico Municipal (AHM) fez a escola primária na
Parede e diz que teve sempre bons professores. “Gostei especialmente dos de história e de português, de ler e de escrever”. Foi a partir do 10º ano que passou a interessar-se pela investigação histórica e que fez o primeiro estudo sobre a vila - “A História de Cascais durante a Monarquia”.
Entrou com apenas 17 anos para a universidade de Lisboa, onde se licenciou em História. É também mestre e Doutor em História Contemporânea, com a tese “Da Riviera Portuguesa à Costa do Sol”, a ser publicada em novembro. João Miguel conhece bem a história do concelho, onde nasceu e trabalha. Foi para o Arquivo Histórico em 1999, para proceder à reformulação e classificação dos documentos. “Trabalhei com uma equipa muito boa e aprendi bastante. Fizemos a reconversão da classificação da documentação de conservação permanente do Arquivo. Tudo era diferente! Já havia um trabalho de classificação mas tínhamos que ir um pouco mais além”. A documentação, face à que existe hoje, era “5%”.
Em 2005 torna-se coordenador do AHM, e elogia o espírito de equipa: “Trabalho com colegas que respeito, que têm gosto no que fazem, disponíveis para a pesquisa e, sobretudo, sabem o que é prestar um serviço público”, explica. “O que temos feito é providenciar o maior grau de descrição dos documentos que se conservam aqui”. Recolher, tratar, tornar
acessível e difundir a documentação com interesse para o estudo do passado de Cascais. Cerca de 90% da documentação pertence ao “fundo Câmara Municipal”. Em 2006 foi criado o PRADIM - Programa de Recuperação de Arquivos e Documentação de Interesse Municipal, que permitiu começar a receber-se também arquivos particulares: “Aos poucos alargámos a nossa missão da preservação da memória da instituição para uma preservação da memória do concelho”.
Atualmente, existe o equivalente a 2,5 km de documentação, da qual falta classificar cerca de 20% – trabalho que estará concluído até à abertura da Casa Sommer, para onde será transferido o AHM (o concurso público da empreitada já foi publicado em Diário da República). Para João Miguel Henriques a maior conquista do serviço que dirige foi a disponibilização dos conteúdos no Arquivo Histórico Digital que já conta com 50 mil registos. “Somos muito acedidos através da internet. Quem nos contacta não surge com perguntas vagas, já faz referência à cota do documento - significa que noEntre os diversos estudos realizados no âmbito da atividade do Arquivo Histórico relembra, com especial orgulho, o livro “Cascais em 1755 – do Terramoto à Reconstrução” – obra que, pela primeira vez na história das edições municipais, foi requisitada pela Biblioteca Nacional para permuta internacional, mas também os catálogos das exposições “História da Vela em Cascais”, em 2007, e “O Estoril e as Origens do Turismo em Portugal”, patente no Espaço Memória dos Exílios até março do próximo anos consultaram remotamente”.
(Perfil do Colaborador in C - Boletim Municipal, nº3, Outubro 2011)
Museu Condes de Castro Guimarães - Espaços e Coleções












Coleções
Pintura portuguesa e estrangeira (flamenga, italiana, espanhola e francesa) | século XVI ao século XX
Escultura portuguesa e europeia | século XVIII ao século XX
Mobiliário português e estrangeiro (francês, inglês, espanhol e italiano) | século XVI ao século XIX
Mobiliário indo-português e duas peças lacadas chinesas | século XVIII e XIX
Ourivesaria portuguesa do século XVII ao século XIX (algumas com punções brasileiras) e baixelas francesas | século XIX
Porcelana Oriental: China e Japão | séculos XVIII e XIX
Azulejaria portuguesa e hispano-mourisca | séculos XVI ao XIX
Espaços
Sala dos Trevos
A denominação desta sala advém dos trevos pintados que decoram o tecto desta sala, em representação do símbolo da Irlanda, país de origem dos antepassados de Jorge O'Neil, primeiro proprietário da Torre de São Sebastião. Em exposição encontram-se os retratos dos doadores do palácio e da rainha D. Amélia, pintados por Victor Mateus Corcos. Sobressai ainda um conjunto variado de peças de mobiliário português e francês de feição neoclássica, de finais do século XVIII e início do século XIX, com peças parcial ou totalmente revestidas de dourado.
Sala de Música
Sala decorada com revestimento azulejar de diferentes padrões do século XVII, com paredes forradas de damasco de cor vermelha. No teto, profusamente decorado, distinguem-se os brasões de armas dos antepassados do Conde Manuel de Castro Guimarães.
Nesta sala, autêntica galeria de retratos, podem observar-se obras de diversos autores nacionais e estrangeiros dos séculos XVII e XVIII e um conjunto de cadeiras e canapé portugueses de inspiração francesa.
Destaque ainda para um órgão com sistema tubular pneumático, que reúne um total de 1170 tubos, fabricado em Braga, em 1912, por Augusto Joaquim Claro, mandado instalar pelo Conde de Castro Guimarães especialmente para este espaço. Aqui tiveram lugar agradáveis saraus musicais promovidos pelos Condes, constituindo um verdadeiro "cartão-de-visita" do palácio.
Sala Neo-gótica
Assim designada por apresentar um tecto abobadado com nervuras, formando arcos neo-góticos com elementos “manuelinos” e do imaginário medieval, nesta sala sobressaem também os grandes janelões rasgados para a ampla varanda no exterior, decorada por painéis de azulejo policromos.
Para além de dois jarrões de porcelana chinesa com os brasões dos Sobral, encontram-se expostos diversos móveis de produção nacional do século XVII, fabricados com madeiras escuras, sobretudo pau-santo, onde brilham aplicações de latão dourado. Foi neste espaço que funcionou durante décadas a primeira Biblioteca Pública de Cascais.
Biblioteca
Constituída pelo acervo bibliográfico legado pelo Conde de Castro Guimarães, esta coleção reúne essencialmente obras de História Universal, História de Portugal, Música, Marinharia e Romance, nesta divisão destaca-se a obra mais emblemática e valiosa do acervo do Museu: o manuscrito iluminado Crónica de D. Afonso Henriques, de Duarte Galvão, datado de 1505, no qual é de salientar a primeira representação conhecida da cidade de Lisboa, da autoria de António d’Ollanda. O catálogo desta biblioteca pode ser consultado online ou mediante requisição prévia.
Sala de Jantar
Nesta sala, que inicialmente foi um grande terraço, sobressai uma fonte revestida de azulejo de feição arabizante, tendo-se conservado um enorme janelão de acesso à varanda com um alpendre minhoto. Atualmente para além de se exporem porcelanas da China armoriadas e baixelas de prata, apresenta-se uma “mesa de aparato” integrada no “serviço à francesa”, no qual se expõe uma das duas baixelas em prata do Museu, constituída por um conjunto numeroso de diferentes pratos individuais e de serviço, um faqueiro, castiçais, suportes, um serviço de copos de cristal e uma terrina da China de porcelana de encomenda.
Sala Dr. José de Figueiredo
Para além do retrato de José de Figueiredo, realizado por António Carneiro, e de dois retratos da autoria do pintor italiano Domenico Pellegrini (1759-1840), é de notar um conjunto de peças de ourivesaria ligadas à "cerimónia do chá”, de pendor neo-clássico e mobiliário português do século XIX.
Sobressai, ainda, pela sua qualidade e raridade, uma caixa de chá lacada, fabricada na China no XVIII com incrustações de madrepérola.
Sala dos Contadores
Tal como o nome indica, neste espaço é possível apreciar quatro contadores e uma mesa/bufete inseridas nas produções da arte indo-portuguesa. Sendo igualmente dedicado ao esplendor do Barroco, sobressai um conjunto de peças de ourivesaria de artífices portugueses, com punções brasileiras. Para além de um significativo núcleo de pintura flamenga do século XVIII, realce para um biombo lacado chinês do século XVIII exuberantemente decorado com motivos vegetalistas e paisagens com construções.
Galeria
Na galeria, percorrida por janelas de gelosias, apresenta-se actualmente um conjunto significativo de pinturas e esculturas dos séculos XIX e XX. Com particular incidência em criações artísticas do Romantismo ao Tardo-naturalismo, de que o acervo do museu reúne um importante conjunto de obras. Estão representados, entre outros, Miguel Ângelo Lupi, Giacomo Grosso, Columbano Bordalo Pinheiro, João Vaz, Sousa Pinto, Carlos Reis, Roque Gameiro e Carlos Bonvalot.
Torreão / Sala de Armas
Espaço dedicado à apresentação da coleção de armaria do Museu e onde se destaca o teto ricamente decorado com os brasões de armas dos ascendentes de Jorge O'Neil.
Patrick Monteiro de Barros
Vela, hipismo, congressos e golfe: é neste tipo de realizações que Portugal deve apostar para ter um sector do turismo estratégico do ponto de vista económico.
Ter conseguido a America’s Cup World Series traduz confiança na nossa capacidade em organizar grandes eventos. Além disso, Cascais é um dos melhores campos de regatas do mundo!
O Sr. é um cidadão do mundo, faz negócios em todo o lado, viaja... Porque é que batalhou tanto para trazer a America’s Cup para Cascais?
Porque é a minha terra! Vim para cá com meses. Fiz todos os meus estudos em Portugal, comecei a andar à vela em Cascais, este [Clube Naval de Cascais] é o meu clube desde miúdo. Sempre tive a vontade de fazer alguma coisa pela minha terra, pelo meu país, pelo meu clube.
Que diligências teve de fazer para trazer a prova para Cascais, depois de ter falhado a primeira tentativa?
A primeira tentativa falhou em condições que deixaram um sabor bastante amargo. Os suíços que iam tomar a decisão tinham-nos dado garantias verbais de que iríamos ser escolhidos, depois de uns ajustes à nossa proposta. Não havia nada escrito mas sou daqueles para quem uma palavra vale tanto como um acordo escrito. Depois viemos
a saber que a decisão de irem para Valência já estava tomada, por razões económicas que até se entendem. A equipa suíça teria patrocínios muito mais importantes e o proprietário
também tinha hipóteses de fazer algumas operações para a sua empresa. Chegámos à conclusão que nos tinham usado para fazer subir a parada, pois a decisão já estava tomada! Isso criou uma situação de conflito entre o Russell Coutts, que tinha ganho a Copa e o dito suíço... Conflito que acabou em tribunal, etc., e a razão fundamental foi que o Coutts queria vir para Portugal e foi marginalizado na decisão. Para além do Russell ser um grande amigo meu – inclusive ganhei um campeonato do mundo a leme de um barco em que ele era o meu táctico – a America’s Cup World Series em Cascais foi talvez uma maneira de repor as coisas no seu lugar. Estamos agradecidos ao Russel por nos dar esta oportunidade.
Foi por ter falhado a candidatura há uns anos que, desta vez, foi tudo mantido em segredo?
Não tínhamos um orçamento muito grande, portanto não sabíamos se conseguiríamos trazer a prova. E depois do desaire anterior, o presidente da Câmara de então, António Capucho, e o actual presidente, Carlos Carreiras acharam que era melhor negociarmos sem fazer grandes alardes.
Para si, isto foi mais uma vitória pessoal ou um acto de justiça?
Foi um acto de confiança. Cascais é um dos melhores campos de regata do mundo! Em 50 ou 60 anos organizámos dezenas de campeonatos. Tivemos campeonatos do mundo da ISAF - International Sailing Federation, que também consegui e tudo correu bem, tendo sido considerada como uma das melhores provas realizadas. É a prova de que temos uma das
melhores pistas de regata do mundo para vela – haverá umas cinco ou seis. E apesar de sermos um país pequeno e pobre temos tido uma tradição de organizar bons eventos.
Há 40 anos organizei o Campeonato do Mundo de Finns: 178 barcos!
Cascais, pelas condições naturais, permite que uma regata seja visível da costa e isso faz com que cative imensa gente que habitualmente não vê vela... Isto pesou na decisão de trazer para cá a prova?
Pesou. No novo formato que o Russell Coutts e o Larry Ellison quiseram dar à America’s Cup - tornar a vela muito mais um espectáculo de massa - foi também por essa razão que foram para os catamarãs. Com um barco grande como havia na última America’s Cup, com pelo menos seis metros e meio de calado, essa limitação faz com que os barcos tenham de estar mais longe. E há poucos portos ou marinas no mundo que tenham sete metros de calado. Outro aspecto tem a ver com a televisão: o grande problema é que a vela não é o futebol, um desporto que é ao cronómetro, à hora certa. A vela depende do vento! Se há vento há regatas, se não há vento não há regatas. Houve uma Copa América na Nova Zelândia em que estiveram doze dias sem regatas porque, ou havia vento a mais ou vento a menos, e isso ia arruinando a ESPN [estação de televisão]: tinha horas de satélite que não utilizou e quando foi preciso já não tinha satélite. Um catamarã com cinco nós de vento já anda, faz uma boa regata. Um barco clássico com cinco nós de vento é uma morte lenta. E como o catamarã não tem problemas de calado, as regatas são muito mais próximas de terra.
Tenciona acompanhar outras etapas da AC?
Sim, em Inglaterra e em São Diego. Temos também a opção de realizar mais [America’s Cup World Series] para o ano. Está em aberto mas há problemas de datas: temos uma faixa que vai de meados de Junho até meados de Agosto. Se vierem super-iates têm de ficar fundeados e na marina de Cascais não cabem. Isso limita-nos. Por outro lado, este ano era a primeira prova e tivemos de agarrá-la, apesar de em Agosto muita gente estar de férias. A primeira semana de Julho de 2012 seria ideal.
Começou a velejar em Cascais. Que memória tem desses tempos?
Comecei a velejar muito cedo. Tinha um tio, que era almirante e tinha um iate. Comecei a velejar com ele, aí aos 5, 6 anos. Eu adorava o mar, já tinha uma espécie de paixão pelo mar. Era de tal maneira apaixonado que a minha mãe tinha-me decorado o quarto como se fosse a cabine de um barco, com beliche e tudo. Depois fui para a Mocidade Portuguesa, cuja secção de vela em Algés foi uma das melhores escolas, onde se fizeram os grandes campeões portugueses. Havia uma escala para progredir e para chegar aos melhores barcos era preciso fazer muita regata.
Lembra-se das primeiras sensações que teve?
A primeira foi quando ganhei o campeonato de Portugal Juniores, tinha treze anos. Era um Moss, um barco mais pequeno que um Laser. Como eu não tinha tido boas notas
não me deram dinheiro para alugar uma camionete e levar o barco para Setúbal. Então meti-me no Moss e fui por aí [aponta o mar] para Setúbal.. Saí daqui às seis da manhã, passei uma nortada desfeita,… completamente louco, sem colete, sem nada. Quando cheguei lá, ao fim da tarde, tinha o meu tio à espera. Disse-me assim: “o menino faltou ao respeito ao mar”. Depois ganhei o campeonato. O meu tio não tinha filhos, levou-me para a Terra Nova pois era responsável por dar assistência à frota do bacalhau. Fomos num navio, Gil Eanes, que acostou aos bancos. Quando nos íamos embora, o meu tio disse: “Agora o menino vai ficar aqui com esta gente a aprender o que é respeitar o mar”. E foi duro, muito duro, mas aprendi...
Depois, a primeira vez que andei de Style tinha 15 anos. Era daqueles miúdos que andava sempre no clube [Clube Naval de Cascais].
O que fica para Cascais depois da passagem da America’s Cup?
Somos um país pobre, não temos recursos naturais, temos uma história, uma cultura, o país é lindo embora nalguns casos tenham feito grandes esforços para o estragarem.
E somos um povo amável. Para mim, um dos nossos maiores potenciais económicos é o turismo. O tempo do inglês que se metia no avião e ia para o Algarve passar 15 dias com sol e praia, “very cheap, very good”, já lá vai. Os nossos custos aumentaram e precisamos de ser competitivos num outro mercado. A primeira aposta deve ser o turismo, que cria empregos, mas temos de ir para um turismo de qualidade média/superior para ter retorno maior. Para atrair esse tipo de turistas precisamos de eventos culturais, congressos
– as Conferências do Estoril são um sucesso extraordinário – de um concurso hípico, e de ter vela. O ISAF Sailing World Championships [2007, Campeonato do Mundo de Vela Olímpica], por exemplo, traz mil barcos, 2500 pessoas:
durante três semanas, enchem-se restaurantes, há vida. Os eventos de vela, hipismo, congressos, golfe são um chamariz...
Existe essa estratégia?
Tenho sido muito crítico... Sendo uma actividade muito importante devia haver um ministério do Turismo! Historicamente os ministros da Economia têm a tutela do
turismo, o que lhes dá os convites, etc. Depois temos tido pessoas que vão para o turismo e do assunto não sabem nada! Ora, o turismo é uma das actividades económicas mais
sofisticadas, é preciso saber. O governo do Engº Sócrates teve como Secretário de Estado do Turismo um senhor que é filho de um hoteleiro da Madeira, Bernardo Trindade, pelo menos sabe o que é um hotel. Mas foi o primeiro! Mas temos como presidente do Turismo de Portugal - um dos centenas de institutos que têm levado este País à falência! - um aparatich político, que era chefe de gabinete do PM. O que é que esse senhor sabe de turismo?! Nunca viajou, não sabe, não tem mundo.
Nessa aposta no Turismo, em que é que Cascais pode melhorar?
Cascais tem condições excelentes, mas precisa de se poder apoiar numa estratégia global. A promoção de um país é um investimento de uma ou duas centenas de milhões
de euros - veja-se a promoção que a Croácia ou a Malásia mantêm nas televisões internacionais. É também preciso criar um prémio de golfe monetariamente razoável, mas não vamos ser o PGA. O Concurso Hípico de Cascais estava muito bem organizado, esteve na Eurosport em prime time, mas requer continuidade, termos isso durante dez anos. Na vela, Cascais
tem das melhores pistas de vela do mundo e também condições climatéricas que nos permitem andar àvela praticamente todo o ano.
(Entrevista, in C - Boletim Municipal, nº1, Agosto 2011)
PRADIM - Programa de Recuperação de Arquivos e Documentos de Interesse Municipal

































Parede Futebol Clube (2015)
Clube Desportivo do Arneiro (2016)
Clube Desportivo e Recreativo Os Vinhais (2016) - A disponibilizar brevemente
Sociedade Musical de Cascais (2016)
Junta de Freguesia de Alcabideche (2016)
Ricardo Costa Ferraz (2016)
Associação dos Antigos Alunos do Colégio João de Deus (2017)
Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Cascais (digital – 2014)
Bailarina Noémia Ferraz (2015)
Casa de Louriçal (digital – 2014)
Clube de Caçadores de Cascais (2016)
Clube de Futebol de Sassoeiros (2016)
Encenador Rogério de Jesus (2016)
Grupo Desportivo do Zambujeiro (2016)
Grupo Dramático Sportivo de Cascais (2015)
Grupo de Instrução Musical e Desportivo da Abóboda (2015)
Junta da União de Freguesias de Carcavelos e Parede (2016)
União Recreativa da Charneca (2017)Casa Sommer












Esta moradia de planta quadrangular foi mandada construir por Henrique Sommer, em finais do século XIX, constituindo o mais importante e erudito exemplo de residência privada neoclássica da vila, como o atestam, nos alçados exteriores, os frontões lisos e curvos e as pilastras caneladas, cartelas, molduras e tríglifos. O seu estilo é igualmente marcado pela fachada principal, antecedida por pórtico retangular, assente sobre pilares nos ângulos, que enquadra a entrada e forma a varanda nobre do segundo andar, protegida por balaustrada.
A Casa Sommer foi alvo de uma profunda intervenção de reabilitação, com projeto da arquiteta Paula Santos, que abrangeu também as antigas cocheiras e incluiu um novo corpo subterrâneo que liga os dois edifícios. Esta obra permitiu a reinstalação do Arquivo Histórico Municipal de Cascais enquanto Centro de História Local num espaço dotado das condições necessárias para a recolha, organização, preservação e difusão da preciosa documentação à sua guarda, fundamental para a reconstituição da história do município, de 1387 a 2016, datas extremas das fontes que disponibiliza para consulta, atualmente organizadas em 100 Fundos e Coleções.
Na Casa Sommer funciona, também, a Livraria Municipal de Cascais, onde é possível adquirir as publicações editadas ou apoiadas pela autarquia, com especial destaque nas áreas do património arqueológico, arquitetónico, histórico e cultural.
Horário: 2.ª a 6.ª feira (9h00-17h00).
Exposições: 2.ª a 6.ª feira (9h00-17h00), Sábados, domingos e feriados (10h00-13h00 | 14h00-18h00).
Encerra nos dias 1 de janeiro, domingo de páscoa, 1 de maio e 25 de dezembro.
Cascais apela à participação de todos os munícipes no Diagnóstico Social Local
Neste âmbito, o CLAS apela aos munícipes para que respondam ao inquérito também disponível através do sítio da internet da Rede Social de Cascais.
Caso não tenha acesso à Internet, pode aceder ao questionário nos seguintes locais: Bibliotecas Municipais, Lojas Geração C e Espaço Mais Perto.
Ao responder ao inquérito os cidadãos comunicam a sua perceção sobre os problemas sociais do concelho de Cascais, informação valiosa para a elaboração de um diagnóstico mais qualitativo.
Com o intuito de ouvir o maior número possível de pessoas foram preparados dois questionários: um dirigido à população e outro a eleitos das assembleias municipal e de freguesia, que estará online até final de fevereiro de 2012.
Participe no diagnóstico - a sua opinião é importante na definição da política social local.
Sobre o Conselho Local de Ação Social (CLAS) | Constituído por cerca de 80 entidades públicas e privadas que formalmente aderiram à Rede Social de Cascais. Funciona em plenário, através de um sistema de representação do conjunto dos seus membros e é presidido pelo Presidente da Câmara Municipal de Cascais. Tem como competências, entre outras, promover iniciativas que visem uma melhor consciência dos problemas sociais.
Alberto Alves
Empresário de sucesso, casado, dois filhos e dois netos, o Sr. Alberto - como é conhecido na vizinhança - começou a trabalhar numa carvoaria em Lisboa com apenas 12 anos, deixando para trás a sua terra natal, Bragadas, em Trás-os-Montes. Depois de trabalhar em vários restaurantes e cafés, imigrou para Cascais em 1978, fazendo do Alto dos Gaios, no Estoril, a sua morada permanente e do largo de Alcabideche o local de trabalho.
Aí fundou o afamado restaurante Traquitanas, já agraciado com a Medalha de Mérito Empresarial do município de Cascais, em 2001.
Desse tempo guarda a lembrança de ter vencido um concurso de gastronomia promovido pelo Turismo de Portugal e pela Publituris. “Nunca fui cozinheiro mas sempre tive o gosto de inventar novos pratos e experimentar novos sabores”, confessa.
“Inventei um prato que ganhou o primeiro prémio e que foi destaque em jornais internacionais, a caldeirada de lagosta com galinha” refere orgulhoso mestre Alberto, como era conhecido nesses tempos. Trabalhava então, em média, 14 a 16 horas por dia, graças ao que fez “uma casa da qual muito se orgulha e que por motivos de saúde teve que abandonar”. Diz que foi ele que introduziu nas ementas da restauração do concelho pratos como polvo à lagareiro, pataniscas com arroz de pimentos, arroz de polvo com filetes de polvo ou coelho bêbado só frito em álcool…
Sem papas na língua, diz que como cliente, se vai a um restaurante e vê um empregado magro, “é porque não tem gosto em comer… fico logo de pé atrás”.
Fiel à premissa “dar o melhor aos seus clientes” continua hoje a trabalhar noutro projecto que realiza eventos e é uma referência no concelho de Cascais: a Quinta dos Mações, em Manique.
A ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DO ALTO DOS GAIOS (AMAG),
com 200 associados, é um dos projectos que hoje lhe ocupa grande parte dos dias, seja em reuniões com os moradores, seja a delinear uma estratégia para a sua localidade. Fundada em 2007, a AMAG surgiu com o intuito de concorrer ao Programa Municipal CEVAR (Conservação de Espaços Verdes em Áreas Reduzidas). Dessa forma, reabilitou um terreno
que não tinha uso, para o transformar num Bosque com 29 mil metros quadrados. A futura sede, a realização de eventos desportivos, reuniões temáticas, festas populares, piqueniques, jogos para crianças e jardinagem no Bosque dos Gaios, são alguns dos projectos em marcha.
Outra ideia já concretizada com sucesso foi a implementação das hortas comunitárias, que contribuem para a cooperação entre vizinhos. Meloas, melancias, tomates e courgettes são os produtos hortícolas mais cultivados e que solidificam a união e espírito de partilha entre todos os associados.
(Perfil do Munícipe, in C - Boletim Municipal, nº1, Agosto 2011)
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